Aliança entre PT e PSB: especulação ou novidade eleitoral?

Presidentes estaduais das duas legendas Bruno Ribeiro (PT) e Sileno Guedes (PSB) negaram o realinhamento entre os partidos no momento. Sileno, entretanto, não descartou ter o PT no mesmo palanque do PSB em outubro

por Giselly Santos | sab, 20/01/2018 - 08:40
Compartilhar:

 

A rearrumação eleitoral dos partidos para a disputa deste ano em Pernambuco tem sido marcada por quebras de alianças, retomadas de outras e até mesmo alinhamentos inéditos. Mas um casamento antigo, entre PSB e PT, que foi dissolvido no estado desde 2013, quando Eduardo Campos anunciou na época que concorreria à Presidência da República, vem atraindo a atenção política. Nos bastidores, há quem diga que os dois partidos trabalham por um realinhamento mirando na disputa estadual em outubro. 

O PSB visando unir forças e tentar garantir a permanência no comando do governo com Paulo Câmara e o PT sob a ótica de ampliar as possibilidades de retomar o protagonismo no legislativo. Desde 2014, a legenda não ocupa nenhuma cadeira na bancada pernambucana da Câmara Federal, perdeu a disputa pelo Senado - o mandato de Humberto Costa encerra em dezembro, ficando sem representatividade -  e tem apenas duas vagas na Assembleia Legislativa (Alepe). 

Apesar das pretensões internas, a reabertura do diálogo entre pessebistas e petistas, entretanto, tem entraves como por exemplo: o destino do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que mesmo sendo ainda o maior puxador de votos do Nordeste, pode ter que cumprir 9 anos e 6 meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção na Lava Jato. O julgamento da sentença, em segunda instância, está marcado para a próxima quarta-feira (24), em Porto Alegre. Se for condenado isso pode pesar negativamente em um palanque estadual. 

“O PSB vai esperar o resultado do julgamento de Lula para intensificar ou não as articulações, mas a expectativa que temos é de aliança com o PT”, detalhou um deputado pessebista à nossa reportagem em reserva. “Tem resistência nos dois partidos, mas acredito que a reaproximação vai acontecer”, acrescentou. 

Direções dos partidos são ponderadas

As conversas de bastidores, entretanto, são negadas pelo presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro. Segundo ele, há um alinhamento nacional entre PT e PSB para combater o governo do presidente Michel Temer (MDB), mas em Pernambuco “não tem havido articulação entre PT e PSB desde a época de Eduardo”.  

“É especulação pura. Em Pernambuco temos por três vezes, desde junho do ano passado, reafirmado por unanimidade [em reuniões do diretório estadual] a decisão de apresentar uma candidatura própria e um projeto de que possa oferecer uma saída aos empasses do governo atual, que estabeleceu uma situação de retrocesso para o Estado”, disse em conversa com o LeiaJá.  “Estou reafirmando o que é óbvio: perdemos a eleição em 2014, mas somos oposição ao governo. Somos oposição ao governo, não está havendo conversas em Pernambuco”, acrescentou. 

Segundo o presidente, o PT tem três pré-candidatos a governador e entre março e abril “um deles ou outro” deve ser escolhido. “Marília [Arraes], Odacy Amorim e o militante José de Oliveira já se colocaram para a disputa. Esse debate vai ser feito de uma maneira democrática e madura, vamos escolher entre março e abril um deles ou algum outro”, disse. “Marília tem mais adesão pública e até dentro do próprio PT pela postura que tem adotado”, acrescentou.  

Para Bruno, o alinhamento nacional “é uma outra dimensão”. “O PSB mudou seu posicionamento em relação ao governo Temer, o PSB que participou no início do governo Temer e votou pelo impeachment, então é natural que os partidos e as forças que fazem oposição a Temer para lutar contra a reforma da previdência tem que conversar. O PT, PSB, PDT e PCdoB tem tido conversas nacionalmente. É uma questão ligada o plano nacional. É importante que a oposição ligada ao presidente esteja unida”, salientou. 

Já o presidente estadual o PSB, Sileno Guedes, disse que “se houver algum avanço de indicativo dessas alianças a nível nacional do PT não tem nenhum problema [dividir o palanque estadual com o PT]”. 

“O PSB tem conversado com o PT, PDT, PCdoB e diversas forças políticas que estão preocupados com o momento que o Brasil. Temos uma história de alianças com o PT independentemente dessa questão do presidente Lula [julgamento no TRF]. Neste momento não existe nenhum indicativo de aliança local, até porque é o momento dos partidos dialogarem. Hoje os movimentos que estamos fazendo não são para compor chapa”, salientou o dirigente pessebista. 

Também segundo conversas de bastidores, uma chapa já estaria sendo montada com os dois partidos unidos e tendo o PSB na majoritária com Paulo Câmara e o PT no Senado disputando com Humberto Costa a reeleição ou o ex-prefeito João Paulo. “Não tem nada disso. A única coisa que tem fechada nesta chapa é a presença do governador Paulo Câmara na disputa pelo governo”, garantiu. 

Sileno Guedes não descartou totalmente a possibilidade de ter o PT no mesmo palanque e lembrou que o PSB vai tentar atrair para Frente Popular todos os partidos que estejam no “campo da esquerda democrática”. Além disso, ele ponderou ainda que o eixo principal das articulações não será baseado, por exemplo, no tempo de televisão que Paulo Câmara terá disponível na campanha.  

| | | Link:
Compartilhar:

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando