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O Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), órgão vinculado à Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, divulgou nota técnica sobre o tema “Mulheres em posição de poder nos Parlamentos do Brasil: Câmara Federal, Assembleias Legislativas estaduais e do Distrito Federal”. 

A nota, elaborada pelas pesquisadoras associadas Ermelinda Ireno, da Universidade de Coimbra, e Eneida Desiree Salgado, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ressalta que, no Brasil, desde meados da década de 1990, muitas ações no Legislativo e no Judiciário foram sendo articuladas com vistas a potencializar a participação das mulheres na política formal. 

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Destacam-se as cotas em listas eleitorais iniciadas em 1995, a utilização dos 5% do Fundo Partidário para a formação e promoção da participação feminina na política e a destinação de 30% do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do tempo de propaganda no rádio e TV para candidaturas femininas. 

Essas iniciativas permitiram ao Brasil avançar em termos de participação feminina na política. No entanto, a nota destaca que “o ritmo e os resultados concretos destas ações ainda continuam distantes da realidade a que se pretende chegar, ou seja, a paridade entre homens e mulheres na política formal brasileira”. 

O estudo sinaliza ainda que as mulheres também enfrentam dificuldades para ocupar postos de destaque durante o exercício dos seus mandatos.  Mulheres na Câmara Na representação atual da Câmara dos Deputados, 85,19% das vagas é ocupada por homens e apenas 14,81%, por mulheres. Na Mesa Diretora, formada por 11 cargos, apenas três são ocupados por deputadas. Quanto à presidência das comissões permanentes, 92% destes cargos são exercidos por deputados, enquanto somente 8% estão com deputadas. 

O estudo conclui que é necessário constituir políticas afirmativas para aumentar a representatividade das mulheres no exercício do poder quando elas estão exercendo seus mandatos parlamentares. E, para tanto, cita iniciativas de sucesso em andamento, como a criação da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, que garantiu a participação de uma representante da bancada feminina no Colégio de Líderes.

  A Secretaria da Mulher é formada pela Coordenadoria Geral dos Direitos da Mulher, atualmente comandada pela deputada Celina Leão (PP-DF), e pela Procuradoria da Mulher, liderada pela deputada Tereza Nelma (PSD-AL). 

Confira a íntegra da nota 

*Da Agência Câmara de Notícias

O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que considera haver uma "misoginia estrutural" que favorece a manutenção do modelo patriarcal na política eleitoral brasileira, a despeito dos esforços do órgão pelo contrário. Em entrevista ao programa Roda Viva nessa segunda-feira (7), o ministro afirmou que, apesar da definição de cotas de participação e dos estímulos ao financiamento das campanhas, a representação feminina ainda enfrenta dificuldades para avançar no País.

"Mesmo quando se destinam cotas de participação para que candidaturas femininas se apresentem, mesmo quando se impõe participação no fundo (eleitoral) para que a campanha seja financiada, a condição feminina acaba, a rigor, sendo manipulada perversamente para servir de instrumento à manutenção desse modelo patriarcal, hierarquizado e masculinizado que há na sociedade brasileira", afirmou o ministro.

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Nos últimos anos, iniciativas da Corte eleitoral e do Congresso têm caminhado na direção do estímulo à participação feminina. A legislação eleitoral prevê que os partidos têm de reservar 30% de suas vagas em eleições para mulheres. Uma proposta aprovada pelo Congresso em setembro do ano passado prevê um "bônus" financeiro para as legendas que mais conseguirem votos em candidatos negros e mulheres, o que, na prática, leva as siglas a destinarem mais recursos ao impulsionamento das campanhas femininas.

Eleições seguras

Na mesma entrevista, Fachin também disse ter confiança na lisura das Forças Armadas brasileiras, que, segundo ele, não coadunariam com uma tentativa de golpe no País. De acordo com o ministro, o Exército cumpre bem o papel de se pautar pela Constituição.

"As Forças Armadas não integram conjuntura política, não exercem poder moderador e não tutelam a democracia. São instituições nacionais e permanentes. Historicamente, são parceiras da Justiça Eleitoral nos rincões mais remotos do Brasil", afirmou.

O presidente do TSE relembrou a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, e disse que aquele episódio serve de lição para o que não deve ocorrer no Brasil. Para tanto, segundo ele, é fundamental que os candidatos respeitem as regras do jogo eleitoral. "Quem se inscreve para uma candidatura está se colocando à disposição do resultado legítimo que emergir das urnas", disse.

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