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O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) lançou o Observatório de Pessoal, um portal de pesquisa de acesso público sobre os dados de pessoal do governo federal. Lançada na última semana, a plataforma reúne dados estatísticos e informações sobre tabelas de remuneração dos servidores.

Entre os dados, estão comparações sobre as presenças masculina e feminina em cargos de alta e média lideranças e o perfil dos ocupantes quanto à idade, estado civil e escolaridade. O Observatório de Pessoal também apresenta um recorte sobre pessoas com deficiência e de mulheres negras e indígenas na liderança pública.

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De acordo com a ministra Esther Dweck, na primeira versão do relatório de pessoal, foi constatada uma redução do número de mulheres em cargos efetivos do governo, que passou de 46%, em fevereiro de 2019, para 45% em fevereiro de 2023.

“O período de ausência de concursos gerais e continuidade dos concursos em áreas predominantemente masculinas, como militares e segurança pública, foi um dos fatores que fizeram o percentual geral de mulheres no serviço público ficar estagnado”, explicou a ministra durante evento de lançamento da plataforma.

“E quando olhamos sobre as mulheres no papel de lideranças, nem na média, nem na alta liderança, é proporcional à quantidade de servidoras na administração pública federal e mais abaixo ainda da média feminina da população brasileira”, acrescentou.   

De acordo com o recorte apresentado sobre o estado civil dos ocupantes em cargos de liderança, o relatório do Observatório de Pessoal mostrou que, estatisticamente, a chance de homens com filhos menores de idade exercerem cargos de média e alta gestão é 3,2 vezes maior do que entre mulheres nas mesmas condições.

“Isso reflete a dificuldade das mulheres em aceitar o cargo ou de serem chamadas a assumir cargos de gestão, porque o trabalho de cuidados geralmente fica com a mulher, e ela não consegue, ou não pode, aumentar sua responsabilidade. Mas é importante que a mulher seja chamada e a decisão de assumir, ou não, a liderança seja um fator pessoal, e não de incapacidade técnica”, afirmou a ministra.

Ainda segundo Esther Dweck, a ideia do observatório e do relatório sobre pessoal, por meio do recorte de gênero, raça e etnia, é consolidar uma política de transparência ativa e disponibilizar os dados de forma simples.

Como forma de ampliar a presença de pessoas negras em cargos de liderança, incluindo paridade entre homens e mulheres, o governo federal vai implementar um programa que reserva até 30% de vagas em cargos de comissão e funções de confiança na estrutura do Poder Executivo, incluindo administração direta, autarquias e fundações. O decreto foi assinado há pouco mais de 10 dias pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva [https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2023-03/decreto-institui-cotas-raciais-em-30-dos-cargos-de-confianca].

 

A vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão, participa nesta quinta-feira (16), a partir das 14h,  na sede da OAB-PE, da primeira edição do "Quero Você Eleita" realizada no Estado. Promovido pela startup de mesmo nome e correalizado pela Ordem, o foco do encontro é o fortalecimento dos mandatos femininos por todo o país.

Na edição realizada em Pernambuco, o "Quero Você Eleita" irá reeditar a campanha "Seja Semente da Paz na Política. "Durante todo esse mês, estamos participando de palestras e encontros com o objetivo de compartilhar as nossas histórias dentro da política e incentivar mais e mais mulheres a se interessarem sobre o assunto", afirma Isabella.

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Quero Você Eleita

Fundada em 2020, a startup tem o propósito de fortalecer a representatividade feminina na política. Desde o início, o "Quero Você Eleita" já contribuiu com a campanha de mais de 200 mulheres espalhadas por todo o país.

Em 2022, ano em que a Justiça Eleitoral completou 90 anos, O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) intensificou ações para tornar o sistema eleitoral mais democrático, ampliando a participação de diversos grupos, incluindo cada vez mais pessoas no processo eleitoral e aumentando a diversidade do eleitorado e das candidaturas.

Em fevereiro, o Tribunal criou o Núcleo de Inclusão e Diversidade. A função do grupo é fortalecer a atuação da Corte em temas relacionados ao aumento da participação política de públicos variados, com foco nas mulheres, nos negros, na população LGBTQIA+ e nos povos originários.

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Durante o ano, a Corte Eleitoral promoveu eventos que abordam a inclusão e a diversidade no processo eleitoral. Em junho, aconteceu o encontro “Inclusão e Diversidade: um panorama da Justiça Eleitoral”, quando representantes dos Tribunais Regionais Eleitorais de todo o país compartilharam experiências de ações adotadas para tornar o processo eleitoral mais diverso e inclusivo.

A Escola Judiciária Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (EJE/TSE), que capacita magistrados, servidores da Justiça Eleitoral, membros do Ministério Público Eleitoral, advogados e cidadãos acerca do Direito Eleitoral e da democracia, também realizou ações que promoveram inclusão e diversidade, como o Laboratório para a Garantia de Direitos Políticos (LabGDP) e os eventos do projeto “Diálogos Democráticos”, que, na mais recente edição, abordou a importância das mulheres na política e o papel delas para o aprimoramento da democracia.

População LGBTQIA+

Em junho, os perfis do TSE nas redes sociais promoveram ações em apoio ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. A iniciativa fez parte de uma campanha conjunta com Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Tribunal Superior do Trabalho (TST) mostrando as decisões históricas do Poder Judiciário, nos últimos anos, em favor da garantia e proteção dos direitos dessa comunidade.

Desde 2018, o Tribunal garantiu direito ao uso do nome social por pessoas que se identificam com o gênero diferente do qual nasceram e também por travestis e transexuais. No pleito geral daquele ano, quase 7.945 mil pessoas optaram pelo nome social ao se registrarem ou atualizarem seus dados na Justiça Eleitoral. Nas eleições de 2020, 10.450 pessoas utilizaram o nome social no título. Este ano, foram 37.646, o que equivale a um aumento de 373,83%.  Em julho deste ano, a Presidência do Tribunal recebeu re

presentantes da Associação Mais LGBT. Na ocasião, eles apresentaram uma série de sugestões para aprimorar a inserção de candidaturas LGBTQIA+ na política.   

Povos indígenas 

A Constituição Federal assegura aos povos indígenas a participação plena no processo eleitoral. Cabe à JE garantir a essa população que exerça a cidadania por meio do voto e participação ativa nas eleições. Por isso, a JE já previa regras em normativos anteriores que tratam de direitos desses povos, como na Resolução TSE nº 23.659/2021. 

No dia 12 de abril, o TSE publicou a Portaria nº 367, que instituiu a Comissão de Promoção de Participação Indígena no Processo Eleitoral. O intuito é elaborar estudos e projetos para promover e ampliar a participação de pessoas indígenas no processo eleitoral. Coordenado pela assessora do Núcleo de Inclusão e Diversidade do TSE, Samara Pataxó, o colegiado visa também planejar ações que fortaleçam o exercício da capacidade eleitoral dos indígenas, respeitando os respectivos costumes, linguagens e organização social. 

Igualdade Racial 

A JE também realiza ações específicas em busca da igualdade racial no processo eleitoral. A Resolução 23.659/21 traz artigos que combatem a violência política contra pessoas negras e garante a dignidade e cidadania a candidatas e candidatos. Em março de 2022, por meio da Portaria nº 230/2022, o TSE criou a Comissão de Promoção de Igualdade Racial, sob coordenadoria do ministro Benedito Gonçalves. O grupo é responsável por elaborar estudos e projetos para ampliar a participação da população negra nas eleições.

Em abril, uma audiência pública foi realizada para colher dados, informações e propostas para o aperfeiçoamento das legislações que tratam do tema “Desigualdade Racial e Sistema Eleitoral”, para subsidiar o relatório elaborado pelos Grupos de Trabalho temáticos da Comissão do TSE de Promoção da Igualdade Racial. Em novembro, foi realizado o Encontro Democracia e Consciência Antirracista na Justiça Eleitoral, em comemoração ao Dia da Consciência Negra, ocasião em que foi repercutido o resultado do estudo. O evento discutiu o racismo estrutural, inclusão de pessoas pretas e pardas, mulheres e indígenas, e contou ainda com o lançamento da cartilha Expressões racistas: por que evitá-las.

Acessibilidade

Para as Eleições 2022, 1.271.381 (0,81% do total) de eleitoras e eleitores declararam ter algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida, entre mais de 156 milhões aptos a votar. O número é 35,2% maior que o registrado em 2018, quando 939.915 se apresentaram à Justiça Eleitoral como eleitores com deficiência. Naquele ano, pouco mais de 631 mil pessoas com deficiência participaram das eleições nos dois turnos. Em 2022, esse comparecimento aumentou mais de 30%.

Este ano, a acessibilidade foi otimizada com o aprimoramento dos softwares já existentes e instalação de novos recursos nas urnas eletrônicas que foram utilizadas no pleito. Todos os aparelhos, por exemplo, contaram com tradução na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Além disso, um vídeo feito por uma intérprete de Libras foi inserido na urna.

Para as pessoas com deficiência visual, as urnas eletrônicas contam com o sistema Braile. Também foram disponibilizados nas seções eleitorais fones de ouvido para que eleitores cegos ou com baixa visão recebessem sinais sonoros com a indicação do número escolhido e o retorno do nome da candidata ou do candidato em voz sintetizada. Foram realizadas ainda melhorias na qualidade geral do áudio, que falam também os nomes de suplentes e vices.

Participação feminina no processo eleitoral  Há tempos o TSE promove ações pela garantia dos direitos das mulheres, com diversas iniciativas no sentido de ampliar a presença delas nos espaços de poder e combater a violência política de gênero. Em fevereiro, a EJE/TSE realizou, em parceria com a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), o 1º Encontro Nacional de Magistradas Integrantes de Cortes Eleitorais, com destaque do tema violência política. Como resultado, foi entregue à Presidência da Corte estudo preliminar sobre o perfil das magistradas eleitorais no Brasil.

A Ouvidoria da Mulher do TSE foi lançada em 21 de março deste ano, em parceria com o Ministério Público Federal (MPF). O órgão foi criado para prevenir e combater casos de assédio, discriminação e demais formas de abuso sofridas por pessoas do gênero feminino, especialmente a violência política.

A Corte Eleitoral promoveu o Seminário #ParticipaMulher – Por uma Cidadania Plena. No mês seguinte, participou de evento promovido pelo Senado “Mais Mulheres na Política”. Ainda em maio, os ministros aprovaram, por unanimidade, a inclusão do artigo 2º da Emenda Constitucional nº 117/2022 na Resolução TSE nº 23.604/2019, garantindo, assim, que recursos destinados aos programas de promoção da participação das mulheres na política, não utilizados no pleito, sejam empregados para atender a essa finalidade nas eleições subsequentes.

Ocorreu, em junho, o encontro “Elas na Política”, realizado em parceria com o Instagram e a Girl Up Brasil (movimento global da Fundação da Organização das Nações Unidas - ONU), trazendo importantes reflexões sobre a participação das mulheres na política. No mês seguinte, por meio da Portaria nº 674/2022, criou um Grupo de Trabalho destinado a elaborar e a sugerir diretrizes para disciplinar ações voltadas ao tema durante as Eleições 2022.

Em agosto, a campanha Mais Mulheres na Política 2022 do TSE foi lançada em rede nacional. No mesmo mês, o TSE e a Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) celebraram acordo que estabelece diretrizes para atuação conjunta no enfrentamento da violência política de gênero. Ainda no mês, a Corte realizou a exposição Mulheres Eternas, abrangendo 38 obras que homenageiam o legado de mulheres brasileiras que se destacaram em diversas áreas e atuaram na defesa de políticas públicas por uma sociedade mais justa e igualitária.

Mulheres nas Eleições 2022

No dia 29 de setembro, dois dias antes do primeiro turno das Eleições 2022, durante o terceiro painel do ciclo de palestras do Programa de Convidados Internacionais, o debate tratou da participação das “Mulheres na política e nas eleições”.

A página TSE Mulheres já conta com dados estatísticos atualizados do pleito deste ano, bem como os anteriores, acerca da participação feminina. A página é gerida pela Comissão Gestora de Política de Gênero, a TSE Mulheres, criada em 2019. A Comissão atua no planejamento e no acompanhamento de ações para incentivar a participação feminina na política e, também, na vida institucional da Justiça Eleitoral.

Participação de jovens e idosos na política

Focando na participação dos jovens na política, no dia 16 de março, o perfil do TSE no Twitter promoveu o tuitaço #RolêDasEleições, ação integrante das atividades planejadas pela Justiça Eleitoral para a Semana do Jovem Eleitor, que aconteceu de 14 a 18 do mês. A iniciativa movimentou organizações e instituições parceiras e foram publicados cerca de 6,8 mil tuítes, que chegaram às telas de mais de 88 milhões de pessoas. Mais de 4,7 mil usuários do Twitter participaram da iniciativa.  Essas ações surtiram efeito.

De acordo com a página de estatísticas eleitorais do Tribunal, o comparecimento médio de jovens de 16 e 17 anos - voto facultativo - aumentou 52,3% entre 2018 e 2022. Mais de 2,1 milhões de eleitoras e eleitores nessa faixa etária estavam aptos a votar neste ano, e, em média, 1,7 milhão foram às urnas. Em 2018, essa parcela do eleitorado era de 1,4 milhão de jovens. Naquele mesmo ano, o comparecimento médio foi de 1,1 milhão.

Em junho, foi lançada a campanha “Todo voto importa”, com o apoio do TRE do Pará, que buscou despertar o compromisso cívico com o voto e a democracia entre o eleitorado maior de 70 anos, que não é mais obrigado por lei a votar. No mês seguinte, a EJE/TSE lançou o I Concurso Nacional de Redação da Justiça Eleitoral (2022-2023), com duas categorias de participantes, sendo a primeira para adolescentes entre 15 a 17 anos; e a segunda, para idosos, a partir de 60 anos. Ao todo, a seleção recebeu 1.035 inscrições de todas as unidades da Federação, com 566 artigos submetidos à avaliação da comissão organizadora.

*Do TSE

O Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), órgão vinculado à Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, divulgou nota técnica sobre o tema “Mulheres em posição de poder nos Parlamentos do Brasil: Câmara Federal, Assembleias Legislativas estaduais e do Distrito Federal”. 

A nota, elaborada pelas pesquisadoras associadas Ermelinda Ireno, da Universidade de Coimbra, e Eneida Desiree Salgado, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ressalta que, no Brasil, desde meados da década de 1990, muitas ações no Legislativo e no Judiciário foram sendo articuladas com vistas a potencializar a participação das mulheres na política formal. 

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Destacam-se as cotas em listas eleitorais iniciadas em 1995, a utilização dos 5% do Fundo Partidário para a formação e promoção da participação feminina na política e a destinação de 30% do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do tempo de propaganda no rádio e TV para candidaturas femininas. 

Essas iniciativas permitiram ao Brasil avançar em termos de participação feminina na política. No entanto, a nota destaca que “o ritmo e os resultados concretos destas ações ainda continuam distantes da realidade a que se pretende chegar, ou seja, a paridade entre homens e mulheres na política formal brasileira”. 

O estudo sinaliza ainda que as mulheres também enfrentam dificuldades para ocupar postos de destaque durante o exercício dos seus mandatos.  Mulheres na Câmara Na representação atual da Câmara dos Deputados, 85,19% das vagas é ocupada por homens e apenas 14,81%, por mulheres. Na Mesa Diretora, formada por 11 cargos, apenas três são ocupados por deputadas. Quanto à presidência das comissões permanentes, 92% destes cargos são exercidos por deputados, enquanto somente 8% estão com deputadas. 

O estudo conclui que é necessário constituir políticas afirmativas para aumentar a representatividade das mulheres no exercício do poder quando elas estão exercendo seus mandatos parlamentares. E, para tanto, cita iniciativas de sucesso em andamento, como a criação da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, que garantiu a participação de uma representante da bancada feminina no Colégio de Líderes.

  A Secretaria da Mulher é formada pela Coordenadoria Geral dos Direitos da Mulher, atualmente comandada pela deputada Celina Leão (PP-DF), e pela Procuradoria da Mulher, liderada pela deputada Tereza Nelma (PSD-AL). 

Confira a íntegra da nota 

*Da Agência Câmara de Notícias

Ao menos desde 2002, as eleições gerais não registram uma participação feminina tão expressiva, seja em números absolutos, com 9.239 candidatas, ou em proporção do total, com 33,81% das candidaturas aptas sendo de mulheres. 

Os dados, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), levam em consideração somente as candidaturas aptas, ou seja, aquelas que atenderam a todos os critérios legais e formais e foram deferidas pela Justiça Eleitoral. 

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Em 2018, por exemplo, quando já valia a imposição aos partidos de que ao menos 30% de candidaturas femininas, as mulheres representaram 31% (8.075) dos candidatos aptos a receber votos. Em 2014, essa proporção foi de 28,81% (6.331). 

Os números refletem até mesmo na corrida presidencial, em que há quatro mulheres na disputa pelo Planalto. Ao menos desde 2002 não há um número tão expressivo de mulheres disputando cargos eletivos.  Neste ano há também um recorde de candidatas que se declararam negras. São 1.706 que tiveram o registro deferidos, 18,47% de todas as candidaturas femininas. Em 2018 esse número era de 1.086, e de 647 em 2014. 

O mesmo ocorre com as que se declararam indígenas, que são 77 neste ano, acima dos 48 de 2018 e de apenas 25 em 2014.  No total, as Eleições 2022 têm 27.329 candidaturas aptas, que disputam cargos para presidente, governador, deputado federal e deputado estadual. 

O primeiro turno de votação está marcado para 2 de outubro. Eventual segundo turno para os cargos de presidente e governador ocorrerá em 30 de outubro.

As candidaturas femininas bateram recorde este ano, com 33,3% dos registros nas esferas federal, estadual e distrital. As mulheres representam 53% do eleitorado do país, o que corresponde a 82 milhões de votantes. Apesar disso, elas ocupam apenas 17,28% das cadeiras no Senado. Especialistas defendem o aperfeiçoamento da legislação para garantir a participação feminina na política.

Uma das primeiras medidas de impacto aprovadas pelo Congresso Nacional para incentivar a participação feminina na política foi a Lei 12.034, de 2009. Ela assegura o percentual mínimo de 30% e máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Além disso, destina pelo menos 30% dos recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, bem como do tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV.

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A mudança ocorreu com a alteração da Lei das Eleições (Lei 9.504, de 1997). Desde então, apesar do aumento do número de candidaturas femininas, houve pouca mudança na proporção de mulheres eleitas.

A Emenda Constitucional (EC) 111 também foi criada para aumentar a representatividade na política e pode impactar as eleições deste ano. O texto da norma determina a contagem em dobro dos votos dados a mulheres e pessoas negras no cálculo para a distribuição dos recursos dos fundos partidário e eleitoral. Ou seja, se uma deputada ou candidato negro for eleito com 100 mil votos, a contagem oficial irá totalizar 200 mil votos para o cálculo dos fundos.

A ministra Maria Claudia Bucchianeri Pinheiro, do TSE, participou na última quarta-feira (17) de um evento ligado à exposição Mulheres Eternas. A mostra reúne 38 obras em homenagem a brasileiras que atuaram na defesa de políticas públicas por uma sociedade mais justa e igualitária. A ministra salientou que, apesar de representarem 28% da população, as mulheres negras não ocupam sequer 5% das cadeiras dos parlamentos.

"As camadas de violência pelas quais passam as candidatas negras — violência política, violência física, assédio — é gravíssima. Sem falar na população LGBTQIA+. Nós precisamos lançar nosso olhar sobre as mulheres, sim. Mas com a consciência de que a mulher não é um universo monolítico e uniforme, e que os problemas não são idênticos", afirmou.

Maria Claudia Bucchianeri Pinheiro destacou ainda a necessidade de derrubar alguns lugares comuns. Entre eles, os de que “mulher não vota em mulher” e “mulher não gosta de política”. Sobre a paridade de gênero na política, a ministra disse que o Brasil está atrás de países muito menos desenvolvidos economicamente.

— Será que mulher não vota em mulher, ou será que essas candidaturas sequer se fazem chegar ao olho do eleitor? — frisou.

Um dos obstáculos para a ampliação da participação feminina na política tem sido a presença das “candidatas laranjas”. Para cumprir com a cota estabelecida pela lei, alguns partidos lançam candidaturas inverídicas, com supostas candidatas que, na prática, não se lançam à disputa de votos.

"Em alguns partidos, por questões culturais, não há candidatas mulheres eleitoralmente viáveis. Cabe, essencialmente, denunciar o fato e convencer o eleitor a punir os partidos políticos que têm esse tipo de comportamento", avalia Gilberto Guerzoni, consultor legislativo do Senado.

Durante a primeira sessão como presidente do TSE, na noite da última terça-feira (16), o ministro Alexandre de Moraes avisou que os partidos que usarem “candidatas laranjas” terão toda a chapa anulada.

"A Justiça Eleitoral não irá permitir “candidaturas laranjas”. As “candidaturas laranjas” serão declaradas irregulares, nulas, com a nulidade da chapa inteira. Ou seja, o prejuízo para o partido que incentivar candidaturas laranjas será muito grande", disse Moraes.

O seminário Mais Mulheres na Política, realizado em maio no Senado, reuniu lideranças femininas de todo o país. Entre elas, a coordenadora regional do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos (FNInMPP), Juliet Matos. Ela lembrou que as mulheres representam 46% das pessoas filiadas a partidos políticos. No entanto, o número não reflete uma maior representação das mulheres em posições relevantes nas instâncias partidárias.

"Nós temos poucas mulheres presidentes nacionais, temos poucas mulheres nos espaços importantes de decisão dos partidos políticos. Então, a gente fala da distribuição do fundo eleitoral. Poucas vezes vão ter mulheres que estão nas direções e que têm o poder de fato de fazer essa distribuição do fundo", apontou.

Durante o evento, as deputadas federais Celina Leão (PP-DF) e Tereza Nelma (PSD-AL) comentaram a importância do fundo eleitoral, para que as candidaturas femininas possam efetivamente resultar na eleição de mulheres. Nelma também deu destaque à necessidade de combater a violência política contra a mulher.

"É necessário difundirmos cada vez mais a Lei 14.192, de 2021, que estabelece normas para prevenir, reprimir e combater a violência política contra a mulher durante as eleições e no exercício de direitos políticos e de funções públicas. Da mesma forma, a Lei 14.197, de 2021, sobre crimes contra o Estado Democrático de Direito merece total nossa atenção, por seu caráter recente", reforçou a deputada.

A senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB) foi relatora do projeto de lei (PL 5.613/2020) que resultou na Lei 14.192, de 2021. Ela enfatizou que é fundamental assegurar condições para que as mulheres com vocação sigam a carreira política.

Para a senadora Soraya Thronicke (União-MS), é relevante a existência de figuras femininas para inspirar outras mulheres e representá-las verdadeiramente. Soraya também ressaltou a atuação das parlamentares desta legislatura, que fortaleceram sua representatividade por meio da Bancada Feminina. O grupo reúne senadoras de ideologias políticas diversas, mas que convergem na luta em defesa da mulher.

Dos 32 partidos políticos brasileiros, apenas seis são presididos por mulheres: PT, com a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR); PCdoB, com Luciana Santos (vice-governadora de Pernambuco); PRTB, com Aldinea Fidelix; Podemos, com a deputada federal Renata Abreu (SP); PMB, com Suêd Haidar; e Rede Sustentabilidade, com a ex-senadora Heloísa Helena.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres que ocupam posições de liderança política tendem a trabalhar em linhas partidárias por meio de bancadas femininas para defender questões de igualdade de gênero. Entre os temas abordados, estão o combate à violência doméstica, a licença parental, direitos das crianças, gestantes, à pensão, igualdade de gênero, além de reformas eleitorais.

Inúmeros projetos resultaram em leis de interesse das mulheres nos últimos anos. Confira alguns exemplos dessa legislação.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), coordenadora da Bancada Feminina, considerou o primeiro semestre produtivo. Ela destacou as qualidade da representação feminina na Casa.

— Apesar de ser pluripartidária, tem consciência de grupo e vota de forma unida em diversos momentos. Em ano eleitoral, vamos lutar por mais candidaturas de mulheres em todos os cargos eletivos, por participação massiva das mulheres nos dias das eleições, por uma vontade maior de empoderamento social e político — ressaltou.

O Senado aprovou 15 propostas em favor das mulheres no primeiro semestre de 2022. Entre os que seguiram para votação da Câmara, está o PL 2.325/2021, que afasta a possibilidade de a defesa do acusado usar teses da legítima defesa da honra, da defesa de valor moral ou da violenta emoção para atenuar crimes de feminicídio e de violência doméstica e familiar contra a mulher. A matéria foi aprovada em julho pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Também aguarda votação dos deputados a proposta que incentiva ações nacionais de atendimento aos homens, em especial na área da saúde mental, para prevenção da violência contra a mulher. O substitutivo foi apresentado pela senadora Leila Barros (PDT-DF) ao PL 4.147/2021, do senador Wellington Fagundes (PL-MT).

O PL 3.342/2020 estabelece a concessão de crédito de até R$ 20 mil para mulheres empreendedoras das áreas de beleza, estética, vestuário, comércio de artigos femininos e alimentação, afetadas pela pandemia de covid-19. Autora do projeto, a senadora Rose de Freitas (MDB-ES) argumentou que muitas medidas adotadas para socorrer os prejudicados pela pandemia não chegam a um grande número de mulheres. Ela afirmou que a proposição abre as portas para mudar esse quadro e melhorar a economia.

O Congresso promulgou em abril deste ano a Emenda Constitucional (EC) 117. Resultado da proposta de emenda à Constituição (PEC) 18/2021, o texto obriga os partidos políticos a destinar no mínimo 30% dos recursos públicos para a campanha eleitoral das candidaturas femininas.

A EC 97 vedou, a partir de 2020, a celebração de coligações nas eleições proporcionais para Câmara dos Deputados, Câmara Legislativa do Distrito Federal, assembleias legislativas e câmaras municipais. Com o fim das coligações, cada partido deve indicar individualmente pelo menos 30% de mulheres filiadas para a disputa.

Outras normas aprovadas nos últimos anos ampliam e reforçam a participação política das mulheres. Entre elas, a Lei 13.488, de 2017. A norma prevê campanhas institucionais do TSE para incentivar a participação feminina, dos jovens e da comunidade negra na política.

No Senado, a Resolução 5, de 2021, acrescentou ao Regimento Interno a liderança da Bancada Feminina, que passou a ter as mesmas prerrogativas asseguradas aos líderes de partido ou bloco parlamentar, inclusive quanto à preferência para o uso da palavra e o direito a voto.

No âmbito do TSE, a portaria 791 institui a Comissão Gestora de Políticas de Gênero do Tribunal Superior Eleitoral (TSE Mulheres). A função do órgão é atuar no planejamento e acompanhamento de ações para incentivar a participação feminina na política e na Justiça Eleitoral.

Segundo o levantamento da ONU divulgado de setembro de 2021, existem 27 países em que as mulheres representam menos de 10% dos parlamentares, incluindo quatro que não possuem sequer uma representante feminina (Iêmen, Vanuatu, Papua-Nova Guiné e Micronésia). Em média, a participação das mulheres nos parlamentos é de 25%. Em 1995, a representação tinha média de 11%. O Brasil está abaixo da média atual, com apenas 14,8% de representantes mulheres.

Nesse ritmo, ainda segundo a ONU, a paridade de gênero nos órgãos legislativos nacionais não será alcançada antes de 2063. O estudo mostra ainda que existem apenas 26 mulheres atuando como chefes de Estado ou de governo em 24 dos 193 países analisados. A igualdade de gênero nas posições mais altas do poder não será alcançada nos próximos 130 anos.

A embaixadora Gilda Motta Santos Neves, diretora do Departamento de Organismos Internacionais do Ministério das Relações Exteriores, deu ênfase à participação das mulheres em operações de paz. Segundo ela, “a participação das mulheres em negociações de acordos de paz aumenta muito a durabilidade desses acordos, assim como a participação das mulheres nos parlamentos”.

*Da Agência Senado

A maioria das mulheres encontra grande dificuldade em identificar a quem recorrer quando resolve denunciar a violência política de gênero, na avaliação da representante do Observatório Nacional da Mulher na Política Carla Rodrigues. 

Para ela, "não basta conceituar a violência política de gênero, é importante estabelecer fluxos claros e um acesso à Justiça de forma clara, para que a lei possa efetivamente ser aplicada”. Carla Rodrigues participou de seminário promovido pela Câmara dos Deputados para discutir a participação feminina na política, nessa segunda-feira (21). 

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Recentemente, o Congresso Nacional aprovou alterações na legislação (EC 111) para que os votos dados a mulheres e negros contem em dobro para o recebimento do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha nas eleições entre 2022 e 2030. 

O texto aprovado determina também a participação igualitária de homens e mulheres nos debates eleitorais que ocorrem durante as campanhas.  A representante do Ministério Público Eleitoral Raquel Branquinho sugeriu que os interessados em entrar com processos na Justiça Eleitoral procurem o procurador regional eleitoral de cada estado. “Porque esse procurador regional eleitoral tem, entre as suas atribuições, a obrigação de saber a tempo e modo qual o promotor eleitoral competente para tratar do tema”, explicou a procuradora. 

Apoio dos partidos

A representante do Fórum Mulheres de Partido Juliet Matos avaliou que não basta que as mulheres entrem na política, elas precisam de uma rede de apoio dentro dos partidos, que devem ser penalizados ao descumprirem qualquer determinação legal envolvendo ações afirmativas. 

Pela manhã, especialistas criticaram a Proposta de Emenda à Constituição 18/21, que revê anistia aos partidos que não tiverem cumprido a cota mínima de 30% de candidaturas femininas ou que não destinaram os valores correspondentes a essas candidaturas nas últimas eleições. 

Anistia a partidos que descumprem cotas prejudica candidaturas femininas, dizem especialistas O texto, aprovado pelo Senado, está sendo analisado por uma comissão especial da Câmara. O parecer da relatora, deputada Margarete Coelho (PP-PI), prevê punição para as legendas que não cumprirem a cota de 30% de candidaturas femininas, mas mantém a anistia para a não aplicação dos recursos nessas candidaturas (no mínimo 30%) e dos recursos para programas de incentivo às mulheres (5%). 

A deputada acredita que, com seu parecer, os danos da PEC para as mulheres serão reduzidos. Segundo Margarete, a bancada feminina avaliou que era melhor negociar ajustes no texto em vez de rejeitá-lo. 

Apoio jurídico

Também presente no seminário, a presidente do PCdoB, Luciana Santos, defendeu alterações eleitorais mais arrojadas como forma de garantir uma maior participação das mulheres na política. 

Já a representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Cristiane Damasceno afirmou que não basta garantir dinheiro para a campanha, tem de haver equipes jurídicas dentro dos partidos para garantir que os direitos das mulheres sejam cumpridos, conforme está previsto na legislação. 

*Da Agência Câmara de Notícias

Mais que nos outros dias, neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é importante ressaltar a ausência da representatividade feminina e preta em cargos de poder, como no legislativo e no Executivo, ainda que tenha tido um avanço da ocupação dessas cadeiras após o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL). Desta forma, a liderança na luta por moradia de Caranguejo Tabaiares, Sarah Marques, explicou que a mulher preta periférica teve que sair do protagonismo dentro da comunidade e ir para a rua.

"A gente precisou ir para a luta porque não tinha ninguém que nos representasse no legislativo e nem no Executivo, quando a Prefeitura se aliou ao poder imobiliário e quis tirar a nossa moradia. A comunidade de Caranguejo Tabaiares é localizada na Ilha do Retiro, Zona Oeste do Recife.

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Para Sarah, a representação de mulheres pretas e periféricas na política significa uma possível mudança de mundo. "Só sabe lutar por comida quem passa fome. Só sabe lutar por melhor distribuição de renda quem deixa os filhos com fome para ir à luta. Essa representatividade feminina é muito importante, porque nós vivemos a cidade de outro jeito, de outras formas, seja na segurança pública, na forma de andar na cidade, que é diferente da forma dos homens. As dores das mulheres negras sendo representadas no legislativo, executivo e judiciário transforma o mundo. Só nós sabemos a dor de uma cidade esquecida", salientou.

Mesmo sendo 52,5% do eleitorado, as mulheres negras têm apenas 15% das vagas no parlamento brasileiro nas eleições de 2018 e 2020. 

"Sempre estamos em duas cidades: uma pavimentada e organizada, e uma esquecida. Sejam cidades que tenham quilombolas, favelas, aldeias, que nessa parte somos as mulheres negras que chefiam as famílias com pouco dinheiro", disse. 

Marques declarou que não é de agora que as mulheres entenderam a importância e necessidade de entrar na política, "sempre tivemos nas discussões". "Mas a gente nunca era quem representava. Aqui no Brasil a última que ousou ser mais protagonista foi Marielle, e eles a mataram para calar outras vozes mas, na eleição seguinte, conseguimos eleger muito mais mulheres negras no parlamento. A gente tá ousando ser protagonista mesmo com toda ameaça. É importante que nossas meninas e meninos das comunidades vejam que as mulheres não protagonizam apenas seus lares, temos condições também de sermos protagonistas na política, nas discussões e na execução de política", ressaltou. 

Questionada se o partido político interfere na atuação política, Sarah foi direta: "as alianças dos partidos não são o que representam as mulheres negras, as faveladas". "Às vezes a formação do partido é de uma linha que não vai de encontro com as nossas pautas. Quando as mulheres têm condições de serem protagonistas da sua própria história, de bancar a sua vida de outras formas, ela consegue mexer na política sem ser apenas partidária. Mas é preciso ter mulheres dentro dos partidos, mulheres negras, que tenham firmeza, já que muitas siglas não seguem a nossa linha de defesa por sermos mulheres negras periféricas". 

Ela chamou atenção para o olhar não apenas para as mulheres intelectuais, mas para todas elas. "Os partidos precisam olhar para as mulheres negras e periféricas, não só as intelectuais, que estão nas universidades ou fizeram universidade, mas as que levantam cedo para varrer a sua casa, defender seu território. Na pandemia, por exemplo, mulheres negras fizeram a frente de combate à fome, à Covid-19, e muita gente só se alimentou na pandemia porque elas estavam de frente a essas discussões", pontuou. 

O protagonismo político das mulheres ganhou uma nova página nesta sexta-feira (1), quando foram empossadas 657 prefeitas no Brasil. O percentual de mulheres eleitas prefeitas chegou a 13% em 2020, uma marca ainda tímida, porém importante na luta das mulheres para galgar espaços de poder no meio que é predominantemente masculino. O número de 658 das cidades que elegeu uma mulher sofreu uma redução com a morte da prefeita eleita de Santo Antônio das Missões (RS), Izalda Maria Barros Boccacio, de 72 anos, que morreu em decorrência da Covid-19.

Entre as capitais, Palmas, no Tocantins, terá uma mulher no comando do executivo municipal por mais quatro anos, Cinthia Ribeiro (PSDB). A tucana foi a primeira mulher a ocupar a cadeira na cidade, após o prefeito Carlos Amastha abdicar do cargo, em 2018, para disputar o governo estadual. Mas esta foi a primeira vez que ela disputou as eleições como cabeça de chapa.

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Em seu discurso de posse, a prefeita afirmou que pretende estar mais próxima das pessoas, nos sindicatos e nas associações. “Eu já me apresentei como a prefeita de todos os palmenses e provei isso na prática, governando para todos. Agora quero lhes apresentar a Capital de todos os tocantinenses. A cidade que vai inspirar as demais para um novo modelo de desenvolvimento, assim como idealizou Siqueira Campos, que optou por construir uma capital à margem direita do Rio Tocantins, para que ela pudesse irradiar progresso para todo o Estado.”

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Ainda sobre as mudanças que pretende promover na sua atuação frente ao executivo, ela destacou  os desafios que a pandemia impõe. “Não será apenas um ano novo. Será um mundo novo. Uma cidade totalmente nova, remodelada por uma pandemia de proporções bíblicas, que ainda insiste em nos tirar do rumo e embaçar o nosso foco. Uma cidade nova, que vai nos exigir um novo modelo de gestão, diferente de tudo que já conhecíamos. Por isso, será primordial que estejamos prontos e atentos para ouvir este novo cidadão, que está emergindo desta crise comportamental, com novos hábitos, novas preocupações, novas demandas e novas prioridades”, frisou.

Cinthia também enfatizou o protagonismo político feminino na Câmara Municipal de Palmas, que conta com quatro vereadoras e elegeu pela primeira vez uma mulher como presidente a vereadora de primeiro mandato, Jonad Valcari (Podemos).

Em Pernambuco, outra tucana tomou posse de sua reeleição, Raquel Lyra, que se emocionou ao rememorar a trajetória política de sua família na prefeitura da Cidade. Diante de seu pai, o ex-governador de Pernambuco e ex-prefeito de Caruaru por dois mandatos, João Lyra, ela enfatizou que se sente feliz, honrada e motivada por ocupar o cargo. “Eu sou muito grata e honrada em poder liderar essa cidade por mais quatro anos, em poder ser instrumento de esperança para nossa gente. E vou honrar, mais uma vez, o nosso compromisso de chegar com mais qualidade de vida para os que mais precisam, com mais moradia, oportunidades, calçamento, saneamento, lazer, turismo", discursou na cerimônia.

Sobre os tempos de pandemia, ela falou do desafio de manter as crianças na escola. “Esse trabalho que tem começo, meio, mas não tem fim, será ainda mais desafiador. Em tempo de pandemia, temos que evitar que aumente o índice de evasão escolar. Estudos mostram que 28% dos jovens brasileiros, de 15 a 29 anos, pensam em deixar os estudos quando as escolas reabrirem, segundo pesquisa do Conselho Nacional de Juventude”.

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Em outro município pernambucano, Camaragibe, a médica Nadegi Queiroz tomou posse para administrar a cidade por quatro anos com a promessa de governar para os que mais precisam. ¨Hoje fui honrada com um mandato de prefeita da minha cidade; é um dia que eu nunca vou esquecer! Serei eternamente grata pela confiança depositada em mim pelos camaragibenses. Vamos - eu e Delio Júnior- governar para todos, com prioridade para os que mais precisam. A cidade terá uma prefeita comprometida, que trabalhará dia e noite para melhorar a vida do nosso povo! Contem comigo e vamos ao trabalho!”, escreveu em uma publicação no Instagram.

Já a cidade de Uberaba, em Minas Gerais, empossou pela primeira vez uma mulher no executivo municipal. Elisa Araújo (Solidariedade) lembrou que a eleição foi o acontecimento mais desafiador de sua vida.

“Encontrei em mim, uma mulher que nem eu sabia que existia. A força foi encontrada no dia a dia, no encontro com as pessoas que depositaram a esperança delas em mim. Agradeço, agora como prefeita, todo esse apoio”, destacou. A nova prefeita também se comprometeu a atuar com ética, transparência, diálogo e disse que colocará o “coração” nas ações que promoverá. “Somos servidores do povo”, cravou.

Desafios 

Apesar do simbolismo que carrega a posse das prefeitas eleitas este ano, o cientista político Pedro Soares avalia que a crise da pandemia está entre as problemáticas que as mulheres terão que encaram nesta gestão. No entanto, ele lembra também que o grande desafio para estas mulheres está no campo simbólico, enfrentar o “machismo” estrutural, uma vez que, elas estão ocupando um espaço que historicamente, majoritariamente é formado por homens. Neste sentido, o estudioso frisa que, apesar de terem sido eleitas para comandar o mais alto posto municipal, elas terão uma equipe composta, em sua maioria, por homens. Soares pontua que ter uma mulher no comando faz os homens se sentirem “intimidados” e “incomodados”. Ele explica que o “mandonismo”, advindo da primeira república se aplica ao sentimento masculino em relação às mulheres nos espaços de poder. “As mulheres agora ocupam esse espaço de mandona. Não estou me referindo a essa semelhança colonial, mas a esse aspecto de ser quem manda mesmo", pontua.

Essas vitórias são históricas, ainda que seja em número pequeno, “há cem anos a mulher não podia nem votar no Brasil e hoje você tem uma mulher sendo prefeita, sendo vereadora, uma mulher sendo vice-governadora. Então, aos poucos, dentro de núcleo que tem um significado, um conjunto de características coloniais muito fortes, que são os países América Latina e o Brasil se inclui nesse grupo, a conquista feminina foi muito difícil. Foi necessário, na verdade, um conjunto de narrativas históricas, de eventos históricos acontecendo pelo mundo, para que esses eventos pudessem influenciar nessas vitórias”.

Soares assevera que também há um significado extremamente feminista, “porque reflete na luta da mulher, mesmo que a mulher não se observe como feminista, reflete a luta e as conquistas dela, dentro de um perfil político, ou seja, é a mulher tentando sair de uma seara do significado do outro. Porque a política, dentro do círculo político, sempre observada como o outro, assim como o indígena, assim como o negro, como os integrantes da comunidade LGBTQI+. No entanto, é que a mulher de maneira, não quantitativa, mas de maneira simbólica, ela é considerada dentro do perfil político como minoria. Aí dentro desse critério, a gente faz uma leitura de que a partir do momento em que ela avança e a cada eleição a gente percebe que esse número aumenta, da participação de mulheres na política, a gente percebe que ela vai se desvencilhando desse quesito de ser entendida como o outro e isso tem um perfil de luta feminista e feminina”.

 

A bancada feminina da Câmara quer fortalecer as candidaturas femininas nas eleições municipais de 2020. No pleito do ano que vem, a cota de 30% de candidatas mulheres para as câmaras municipais deverá ser cumprida por cada partido. Antes, nas coligações, os partidos dividiam a cota, mas agora, pela primeira vez, cada legenda precisa montar a sua própria chapa com candidatas.

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A mudança foi introduzida pela reforma política aprovada em 2017 pelo Congresso, que vedou, a partir de 2020, a celebração de coligações nas eleições proporcionais. As deputadas avaliam que é preciso esclarecer bem os eleitores sobre a mudança.

Especialistas participaram de reunião da bancada feminina nesta semana e defenderam ações para aumentar a presença de mulheres na política.

A deputada Aline Gurgel (PRB-AP), que solicitou o debate, afirmou que a intenção é promover palestras nos estados e municípios para incentivar mulheres a participarem de espaços de poder.

"Onde estão as mulheres que querem sair vereadoras, onde estão as mulheres indígenas que um dia querem chegar nesses espaços de poder, onde há mulheres que querem ocupar, por exemplo, presidências de entidades, como a OAB, ou presidências de Tribunais de Justiça? Nós queremos alcançar essas mulheres".

Violência contra mulheres

A modelo Luiza Brunet, escolhida como 1ª embaixadora do projeto "Mãos EmPENHAdas", iniciativa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, declarou que a presença de mulheres na política é fundamental para melhor compreensão de casos de violência contra mulher.

"A maioria das mulheres já teve algum tipo de violência, não só física, como psicológica, moral. Então, elas vão conseguir compreender e fazer leis mais rígidas e que empoderem as mulheres”, defendeu.

A primeira secretária da Câmara, deputada Soraya Santos (PL-RJ), elogiou iniciativas que promovam a participação feminina nos espaços de decisão, seja na política ou nas empresas. "Quanto mais mulheres, por exemplo, aqui na Câmara dos Deputados, mais projetos de direitos humanos foram votados. Porque quando o assunto é filho, família, dignidade das mulheres na ascensão da carreira; na melhoria e humanização da área da saúde, as deputadas defendem com muita paixão”, revelou.

Partidos

A promotora de Justiça Gabriela Mansur cobrou apoio dos partidos políticos e a quebra de estereótipos. "Que os partidos não abandonem as mulheres após a candidatura. Que eles façam um projeto de apoio do início ao fim, porque essa mulher está lá para lutar pelo direito a ser eleita, mas ela não pode ser abandonada, nem do ponto de vista material, financeiro, tão pouco do ponto de vista de apoio, acolhimento e união".

*Da Agência Câmara Notícias

 

 

 

 

As candidaturas femininas nas eleições de outubro chegam a 30,7%, o equivalente a 8.435, do total de 27.485 pedidos de registros encaminhados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Centro-Oeste é a região com maior percentual 31,14%, depois o Sudeste (31,02%), Sul (30,84%), Nordeste (30,30%) e Norte (29,75%).

Pela legislação, 30% é o percentual mínimo de candidaturas do sexo feminino por partido. Em 2014, as mulheres representavam 8,1 mil, ou 31,1% das candidaturas. Apesar da baixa evolução, analistas políticos consideram positivo o percentual registrado e observam mudanças na forma como as eleitoras devem escolher seus candidatos.

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De acordo com os dados da Justiça Eleitoral, a maioria das candidatas se declara branca (51,7%) e parda (33,4%). A maior parte tem entre 45 e 49 anos e nível superior completo. A quantidade de casadas e solteiras é praticamente igual: 40%.

Pelos dados, 61,7% das candidaturas são para vagas de deputadas estaduais, enquanto 30% para federais. Há apenas duas candidatas à Presidência da República – Marina Silva (Rede) e Vera Lúcia (PSTU) - e 29 para governos dos estados.

Pouca mudança 

O cientista político Valdir Pucci disse à Agência Brasil que não houve mudança significativa no número de candidaturas em comparação com as últimas eleições gerais de 2014. 

Porém, Pucci acredita que desta vez a aposta dos partidos políticos é que o eleitorado feminino vai preferir votar em mulheres. Nas disputas a vagas para deputados federais, estaduais e distritais, houve a preocupação do cumprimento da cota mínima dos 30% de candidaturas femininas exigidas por lei.

“Já na eleição majoritária [de governadores, senadores e presidente da República] em que cada voto é importante e maioria do eleitorado é feminino, os partidos já perceberam que o eleitorado feminino tem uma força muito grande e que a mulher começa a se identificar com o seu gênero na hora de votar, por isso no caso dos presidenciáveis, grandes partidos têm mulheres na vaga de vice na chapa”, ressaltou.

Para o cientista político, as mulheres também podem simbolizar o sentimento de renovação na política. “A mulher não é identificada pelo eleitor como política tradicional, corrupta, ela é muito mais vista como sinal de renovação”, avaliou.

Causas

Para o cientista político da Universidade de Brasília Lúcio Rennó, as mulheres conquistam mais visibilidade pois estão organizadas e atuantes na defesa de várias causas, como o combate a relacionamentos abusivos e o feminicídio.

Rennó elogiou a obrigatoriedade do respeito à cota dos 30% do Fundo Eleitoral às campanhas de mulheres. Segundo ele, é um diferencial e uma conquista, pois mostra como a Justiça Eleitoral está atenta às mudanças nos anseios da sociedade.

Uma das maiores críticas à resolução que beneficia as mulheres, no entanto, é que a norma não definiu regras para a distribuição desta cota entre as candidatas. Este ano, o fundo distribuirá às siglas R$ 1,7 bilhão, permitindo que o partido concentre recursos em poucas candidaturas, deixando a maioria sem financiamento.

Pela resolução, caberá aos partidos estabelecer os critérios de distribuição do montante entre seus candidatos, levando em consideração a cota reservada às mulheres. O partido que não destinar o percentual definido para a campanha de uma mulher pode não ter as contas anuais aprovadas. A rejeição implica ainda na devolução do dinheiro declarado irregularmente, acrescido de multa de até 20%.

Sobre uma possível percepção de maior protagonismo das mulheres nessas eleições Pucci acredita que os candidatos entenderam que além de serem maioria entre os eleitores brasileiros, as mulheres reforçam o movimento por renovação na forma de fazer política. “A mulher não é identificada pelo eleitor como política tradicional, corrupta, ela é muito mais vista como sinal de renovação”, avaliou o especialista.

Para o cientista político da Universidade de Brasília, Lúcio Rennó,  as mulheres estão tendo mais visibilidade por estarem cada vez mais organizadas e atuantes na defesa de várias causas como, por exemplo, nas que combatem relacionamentos abusivos e o feminicídio.  Embora reconheça que a medida não deva ter uma influência grande nos resultados das urnas, o professor avalia que a resolução do TSE, de maio deste ano, que obrigou os partidos a repassar, pelo menos, 30% do Fundo Eleitoral às campanhas de mulheres é um grande diferencial e a uma grande conquista. Segundo ele, a regra mostra como a Justiça Eleitoral está atenta às mudanças nos anseios da sociedade.

Uma das maiores críticas à resolução que beneficia as mulheres no entanto, é que a norma não definiu regras para a distribuição desta cota entre as candidatas. Este ano, o fundo distribuirá às siglas R$ 1,7 bilhão. Dessa forma, um partido pode concentrar os recursos em poucas candidaturas, deixando a maioria sem financiamento.Pela resolução , caberá aos partidos estabelecer os critérios de distribuição do montante entre seus candidatos, levando em consideração a cota reservada às mulheres. O partido que não destinar o percentual definido para a campanha de uma mulher pode nçao ter as contas anuais aprovadas. A rejeição implica ainda nadevolução do dinheiro declarado irregularmente, acrescido de multa de até 20%.

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