Tópicos | Ron DeSantis

O governador da Flórida, Ron DeSantis, tentou restabelecer sua cambaleante candidatura à presidência dos Estados Unidos nesta terça-feira (18), em sua primeira grande entrevista para um veículo não conservador, um esforço ofuscado pelos litígios legais de Donald Trump, favorito nas primárias republicanas.

Minutos antes de DeSantis falar para a rede CNN, Trump anunciou que esperava ser indiciado pela terceira vez, agora como parte de uma investigação federal sobre seu papel nos esforços para reverter os resultados das eleições de 2020.

DeSantis, de 44 anos, planejava fazer barulho com o anúncio de uma política para erradicar o "wokeness" (caráter ultraprogressista) nas forças militares, mas, logo de início, foi perguntado sobre o ex-presidente e sua entrevista foi relegada à segunda metade do programa conforme os analistas se encarregavam das notícias sobre Trump.

"Espero que [Trump]não seja acusado. Não acredito que isto seja bom para o país. Mas, ao mesmo tempo, tenho que focar em olhar para frente e isso é o que vamos fazer", disse o governador.

DeSantis tem sido criticado por não ser suficientemente duro contra Trump, que lidera as pesquisas e ampliou a margem que os separa, que chegou a ser de 13 pontos em janeiro e agora é superior a 30.

Apesar de DeSantis ter lutado para se apresentar como uma alternativa ao ex-presidente, os analistas advertiram sobre sua falta de jeito ao lidar com o público nos atos de campanha, suas políticas de ultradireita e alguns passos em falso que foram dados em política externa.

Até agora, o governador da Flórida só havia dado entrevistas a meios identificados com a direita, por isso foi acusado de ter medo de enfrentar jornalistas fora do sua "zona de conforto".

Trump, de 77 anos, é réu em dois processos e enfrenta mais de 70 acusações penais, entre as quais estão fraude financeira pelo pagamento em sigilo pelo silêncio de uma atriz pornô e por se negar a entregar documentos secretos após deixar a Casa Branca.

Espera-se que os promotores do estado da Geórgia, no sul do país, decidam no mês que vem se o acusam pela tentativa de reverter os resultados desse estado nas eleições presidenciais de 2020.

Ron DeSantis não gosta de falar sobre o coronavírus. O governador da Flórida recentemente entrou em confronto com a imprensa e a oposição, que o questionavam sobre o recrudescimento da pandemia no estado, que pode ameaçar uma eventual disputa pela Casa Branca.

Desde o início, o republicano recusou-se a impor o uso de máscaras e promoveu uma rápida reabertura da economia, eliminando quase por completo as restrições desde setembro de 2020.

A estratégia de se apresentar como defensor da liberdade individual, diante das restrições promovidas pelas autoridades sanitárias dos Estados Unidos, deu certo.

Apesar do alto número de infecções por covid-19, a taxa de mortalidade na Flórida não foi pior do que a média do país, a economia disparou e o governador se tornou a nova estrela em ascensão de seu partido.

De acordo com uma pesquisa recente do republicano Tony Fabrizio, DeSantis é o segundo político com mais apoio para liderar o partido nas eleições presidenciais de 2024, atrás apenas do ex-presidente Donald Trump.

E embora negue pensar na presidência, a imprensa, analistas e vários adversários políticos não duvidam que ele buscará a indicação republicana em três anos. No entanto, a pandemia pode ofuscar o brilho do governador.

A Flórida é o segundo estado do país com o maior número de infecções por 100.000 habitantes, atrás da Louisiana, e desde o início de agosto bate recordes de hospitalizações diárias por covid-19.

"Sem dúvida, a atual onda de covid-19 pode prejudicar seu futuro político. DeSantis perdeu a vantagem que tinha há alguns meses, e isso se deve em grande parte à sua posição controversa sobre o coronavírus", disse J. Edwin Benton, professor de Ciência Política na University of South Florida.

Uma pesquisa da St Pete Polls classificou o republicano em segundo lugar na disputa para governador de 2022, com 43,8% dos votos, atrás do democrata Charlie Crist.

A pesquisa anterior da mesma empresa, em março, deu à DeSantis a vitória com 45,2%.

- Trump 2.0 -

Pressionado por críticas, o governador redobrou sua aposta. Em poucos dias, ameaçou retirar fundos a distritos escolares que exigem o uso de máscaras. Tentou, em vão, impedir que os navios de cruzeiro exigissem um certificado de vacinação de seus passageiros, acusou a imprensa de "gerar histeria" e tentou culpar o presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden.

O homem descrito pelo analista político Larry Sabato como "mais inteligente do que Trump e um pouco mais cuidadoso e calculista" não parece disposto a mudar de opinião. A forte semelhança entre seus comentários rudes e a mensagem de Trump não é acidental.

Nascido na Flórida, em uma família de classe trabalhadora, formado com honras em Yale e Harvard, ele conhece melhor do que ninguém a influência do ex-presidente entre os eleitores republicanos.

Em 2018, quando era um quase desconhecido deputado e poucos apostavam nele, conseguiu que o então presidente o apoiasse como candidato republicano a governador.

"DeSantis parece um Trump 2.0 porque está onde está onde está o Partido Republicano e quer ser o candidato do partido à presidência", explica Sabato.

"Mas ele não é um orador tão bom e não tem a mesma presença" do ex-presidente, acrescenta.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando