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RPG é uma sigla na língua inglesa que significa Role Playing Game ou Jogo de Interpretação de Papéis. Sua premissa básica é a de que cada jogador escolhe ou desenvolve um personagem e o controla no cenário desse jogo. Deste princípio básica nascem os mais variados jogos e as mais incríveis aventuras, onde você pode escolher ser um guerreiro, um mago, um sacerdote, um vampiro, um ladrão, um lobisomem ou QUALQUER outra coisa.

Ao longo de décadas e de avanços tecnológicos, mudam as formas e as plataformas como jogamos, mas não a essência do jogo. Vejamos algumas dessas variações:

1) Jogos de Mesa

 

Para ajudar a manter todos os jogadores na mesma sintonia e para facilitar a aplicação das regras, muitos dos primeiros jogos de RPG chegados ao Brasil se espelhavam em seus primos mais antigos como Ludo, Xadrez e demais exemplos e utilizam tabuleiros para representar o ambiente e os personagens. O lado bom disso é a praticidade, mas também há a limitação de acordo com peças disponíveis e assim por diante. E é então que surgem jogos que dispensam os tabuleiros, dependendo apenas de um bom Narrador (ou Mestre de Jogo) para contextualizar todos os jogadores e das fichas dos personagens para registrar as características dos jogadores. Mas se todo o jogo está na mente dos jogadores, não há barreiras para que universo serviria de cenário e para que personagens poderiam ser utilizados.

Um cenário que ficou muito conhecido foi batizado de "World of Darkness" (o "Mundo das Trevas"), um cenário punk-gótico violento e sinistro habitado por todas as criaturas que povoam as histórias de terror onde os jogadores podem assumir o papel desses monstros e vivenciar o que os próprios livros chamavam de "jogos de terror pessoal. A ideia do jogo é permitir ao jogador a experiência do que aterroriza os monstros e também se colocar do lado oposto dos contos de fadas... Quais são os sofrimentos e os medos que afligem um lobisomem, um vampiro, uma bruxa... e o que você faria se fosse um desses seres? Como lidaria com a imortalidade? Como usaria a força de uma besta selvagem? Como controlaria as forças místicas que mantem a coesão do universo? Afinal, você não é um herói... mas poderia ser!

E há também os sistemas que permitem a construção de qualquer cenário e de qualquer tipo de personagens:

Seja um ser super poderoso saído das histórias em quadrinhos, seja um robô de um futuro distante, seja um nobre da idade média... não há nada que não possa ser feito.

2) Videogames

A ideia é simples: passar para o digital o que já se fazia nos jogos de mesa. A lógica do tabuleiro se aplica também, pois o que se perde em liberdade se ganha em estímulo visual. As histórias são lineares e não aceitam a derivação do fio condutor, pois se o jogador não desempenha as ações estabelecidas o jogo não avança. Grande parte do que significa a interpretação de papéis é justamente ter a liberdade de escolher o que fazer e como interagir, e nesses jogos cabe ao jogador apenas executar as tarefas pre-determinadas.

A limitação de opções é combatida com a criação de ramificações na história e expansão do cenário. Quanto mais possibilidades, mais o jogador tem poder de escolha e mais livre será a sua interpretação. Dessa forma surgem os MMORPGs ou Massive Multiplayer Online Role Playing Games ou Jogo de Interpretação de Papéis Online para Grandes quantidades de Jogadores. Nessa categoria de jogos, o cenário e os acontecimentos são controlados remotamente pelo servidor via internet e os vários personagens são controlados pelos vários jogadores conectados. Passa a ser possível aos jogadores interagirem uns com os outros, escolher entre enormes quantidades de missões e aventuras e chegarem perto do que seria uma liberdade de interpretação.

3) Live Actions

E por fim temos uma derivação inversa da que leva aos jogos de videogame, pois utiliza ainda menos tecnologia... evoluindo dos jogos de mesa, surgem os LARPGs: Live Action Role Playing Games ou Jogos de Interpretação de Papéis em Atuações Reais. Nessa categoria, os jogadores se caracterizam tal qual os personagens que eles desenvolveram, fantasiando-se com roupas, acessórios, maquiagem e o que mais puderem para "serem" os seus personagens. Dessa forma a experiência será mais profunda e imersiva. Tratando-se de jogos fortemente baseados em política e interação social, os live actions tem algumas regras, inclusive a proibição completa de violência para manter a integridade física dos participantes.

Infelizmente, como a temática de muitos desses jogos é sombria, a caracterização dos personagens é igualmente obscura, e frente ao grande público já foi considerada um sinônimo de cultos macabros e até ligado a crimes, com destaque para um caso de homicídio supostamente praticado por jogadores de RPG no Espírito Santo. Não sendo a intenção aqui de apurar casos, resta penas dizer que o RPG é um exercício da mente e uma ferramenta criativa. Assim como jogos de videogame, eles não são capazes de criar comportamentos violentos ou fazer de uma pessoa um assassino... mas é possível que um jogo como esse desperte impulsos e tendências que já existam nesse indivíduo.

E caso você esteja se perguntando, aquela imagem lá em cima é uma releitura artística dos personagens do desenho "Caverna do Dragão", que foi ao ar durante a década de 1980 (e se estendeu até os anos 2000). O desenho marcou para muitos jovens (inclusive EU) a descoberta do universo da fantasia... de elfos, duendes e fadas, dragões e unicórnios e da luta do bem contra o mal. A descoberta desses mundos é absolutamente indispensável para se jogar qualquer RPG, pois a imaginação será sempre a sua força motriz... afinal nenhum jogo de representação de papéis estaria completo se o jogador não puder se colocar no lugar do seu personagem.

Quando ele não está vendo trailers de Wasteland 2 ou The Witcher 3, alguns de seus jogos mais aguardados, o publicitário Felipe Pepe está trabalhando no CRPG Book, um livro cujo objetivo é contar a história dos RPGs de computador que vão da década de 70 até os tempos de hoje. O projeto vai resultar num e-book gratuito e conta com a ajuda de vários fãs do gênero, assim como desenvolvedores estabelecidos na área, como Chris Avellone e Warren Spector. Quem quiser ajudar, pode entrar em contato com Pepe através do e-mail: crpgbook@gmail.com

RPGs (role-playing games) são jogos que colocam o jogador na pele do protagonista e deixam com que ele construa seu personagem e história. Em português, a sigla significa jogos onde um papel é interpretado. A ideia de Felipe, que sempre foi fã do gênero, é fazer um passeio pela vasta biblioteca de títulos que inclui clássicos como The Elder Scrolls, Fallout e Final Fantasy."O CRPG Book Project é um livro 100% gratuito sobre a história dos RPGs de Computador (CRPG), desde os anos 70 até hoje. E ele está sendo todo escrito por fãs e desenvolvedores, que se ofereceram para escrever resenhas e artigos sobre seus jogos favoritos," conta o paulista de 27 anos.

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"Acho incrível dizer isso hoje, mas várias personalidades da indústria como Chris Avellone, Tim Cain, Warren Spector, Scorpia e Ian S. Frazier - além de vários outros modders, jornalistas e críticos - toparam participar do projeto," afirma. A ideia surgiu graças à outra paixão de Felipe, a música. "Além de games tenho como hobby a música; coleciono discos de vinil e tudo mais. E tenho vários livros como o '1001 discos para ouvir antes de morrer' e o excelente 'Rock Raro', do brasileiro Wagner Xavier. São livros divertidos, pra você ter sempre por perto, dar uma folheada, ver umas curiosidades e procurar algo novo pra ouvir. Um dia pensei 'seria muito legal um desses sobre RPGs'".

Felipe, cujos títulos favoritos incluem Fallout 2, Baldur's Gate 2 e System Shock II, testou a ideia num fórum sobre o assunto, onde organizou uma votação que elegeu os 70 melhores RPGs de todos. O resultado foi positivo, e agora, seis meses depois, o projeto já conta com mais de 100 colaboradores de todas as partes do mundo. O livro tem dois propósitos, um deles é quebrar um taboo relacionado a jogos antigos. "O propósito principal é simplesmente fazer um livro divertido de ler sobre a história dos RPGs, com alguns insights aqui e ali. Além de te mostrar um jogo legal, eu acho importante que o livro te ajude a entender como o jogo faz para ser legal."

"Mas há um segundo propósito," ele conta, "que é desmistificar um pouco a visão das pessoas sobre jogos mais antigos." Felipe diz achar bizarro como alguns jogos antigos são vistos como obtusos ou injogáveis, e que se eles saíssem hoje, seriam considerados indies de sucesso. "Se eu pegasse um jogo como Star Control II, lançado a mais de 20 anos atrás em disquete, e anunciasse ele como um jogo indie novo  ia ser um sucesso e ganhar inúmeros prêmios. É um jogo empolgante, divertido, enorme, extremamente fácil de jogar, mas desafiante ao mesmo tempo, e hoje é ignorado ou tratado como peça de museu, como se diversão tivesse data de validade." 

Se depender do brasileiro, a situação não vai continuar assim. "Falta informação sobre esses jogos na mídia, e até mesmo na internet como um todo. Eles não só são extremamente divertidos e baratos, mas te dão uma noção crítica também," conta, dizendo que muitos títulos modernos, como Skyrim ou Mass Effect 2, tem mecânicas baseadas nos lançamentos antigos. Ao relembrar dos clássicos que admira, Felipe se empolga. "Lands of Lore, de 1992, tem uma das mais belas artes em pixel da história, com uma animação excelente, e todas as falas são narradas - inclusive o ator Patrick Stewart faz a voz do rei. Era o equivalente da época a um Skyrim hoje."

Atualmente, o CRPG Book conta com 286 jogos, que incluem os aclamados Final Fantasy VII e Fallout 2, e sucessos mais recentes, como Dark Souls, a lista inteira está disponível online. Para participar do projeto, é necessário apenas ser fã e estar disposto a escrever. "No site do livro tem uma lista com os jogos que planejo incluir. As pessoas que quiserem escrever a resenha de algum jogo da lista, sugerir jogos que estejam faltando ou simplesmente conversar a respeito podem me mandar um e-mail ou comentar," afirma, "e podem ajudar divulgando o projeto também. Ele é inteiramente escrito por colaboradores, então quanto mais gente souber, melhor!".

E onde esse livro será disponibilizado? Primeiramente, na internet, e ele será totalmente gratuito. "Primeiro irei distribuí-lo para download como um e-book, totalmente grátis. Essa versão será como um "beta" do livro final: todo o conteúdo estará lá, mas irei atualizar com qualquer correção ou informação nova que os leitores enviarem. Ninguém aponta defeitos melhor que a internet" brinca Felipe.

"Com o feedback do e-book farei uma versão impressa, colorida, de aproximadamente umas 480 páginas. Como estou aqui no Brasil, fica difícil publicar aqui e enviar para compradores lá fora, então provavelmente será um livro autopublicado, com impressão sob demanda através da Amazon CreateSpace ou do IngramSpark. O projeto inteiro é sem fins lucrativos, então o livro será vendido a preço de custo," comenta Felipe, que brinca dizendo também que se alguém ficar indignado com todo esse trabalho pode lhe pagar uma cerveja.

O CRPG Book, que também terá retrospectivas sobre desenvolvedoras importantes na área, ainda não tem data de lançamento, e as resenhas e círitcas ainda estão sendo escritas. No momento, 67% do livro está completo. 

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