Em 2012, o carnaval pernambucano comemora muitos aniversários significativos. Além dos cem anos do Clube Vassourinhas – eternizado no frevo que, mesmo tocado à exaustão, é capaz de levantar a multidão cada vez que é executado –, outro bloco que está comemorando uma data redonda é o Patusco.
Com sua base na Rua do Amparo, de onde sai para as ladeiras da cidade histórica de Olinda arrastando milhares de foliões ao som do samba, o Patusco marca, em 2012, 50 carnavais. O presidente e um dos fundadores do bloco, Itacy Vasconcelos, conta que a agremiação nasceu de um grupo de amigos que sempre saiam juntos para brincar o carnaval e ganharam um concurso de fantasias vestidos como patos.
Eles foram, então, buscar um nome para o grupo, e encontraram o termo “patusco” no dicionário. Derivado de “patuscada”, uma reunião de amigos bebendo e comendo, o termo foi incorporado ao grupo e o dinheiro ganho no concurso serviu para a compra de instrumentos que, no ano seguinte, permitiram ao Patusco sair pela primeira vez para agitar o carnaval de Olinda como um bloco de carnaval.
Ao escolher o samba como ritmo principal de sua folia na terra do frevo e do maracatu, o Patusco causou certo estranhamento. “Focar no samba significou uma barreira a ser quebrada”, afirma Itacy. Hoje, o bloco é tão bem aceito que arrasta uma multidão e gerou iniciativas como a banda de samba Patusco, que realiza apresentações durante todo o ano. Parte dos cachês da banda é revertido para outro desdobramento do bloco: o projeto Patusquinho, que ensina percussão a crianças. O Patusquinho também sai todo ano no carnaval, no sábado, com a criançada tocando percussão.
Já o bloco principal, após a saída do sábado, volta a agitar o carnaval de Olinda nesta quarta-feira de cinzas, saindo da Rua do Amparo. Rogério Pinheiro, da diretoria do Patusco, contabiliza 180 ritmistas e mais de cem integrantes do bloco no desfile, mas ressalta que a festa é de todos. Ao longo de sua história, o Patusco também chamou atenção ao abordar, de forma bem-humorada, questões políticas do Brasil, a partir de meados da década de 1980.
Em 2012, para comemorar seus 50 anos, o bloco realiza uma retrospectiva de sua própria história, trazendo fantasias usadas em outros carnavais e madrinhas de todas as épocas, condensando a experiência de cinco décadas em seu cortejo. Apesar dos números, da quantidade de pessoas que acompanham o Patusco e da marca já deixada no carnaval pernambucano, Itacy Vasconcelos, presidente do bloco, resume o clima do desfile: “O Patusco não é uma agremiação, é uma família de amigos que saem para brincar carnaval”.