O peso de uma medalha americana

Raquel Cavalcanti, | qua, 08/08/2012 - 11:28
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A política fiscal será mesmo um dos temas centrais de discussão na campanha presidencial este ano nos Estados Unidos. É que o fisco norte-americano, sob a orientação democrata, não dá folga nem para os campeões olímpicos e cobra impostos até sobre as medalhas conquistadas pelos atletas vencedores.

Um atleta que ganhar o ouro em Londres, por exemplo, receberá do Comitê Olímpico uma quantia de US$ 25 mil. Já para aqueles que ganharem prata e bronze, os valores são de US$15 mil e US$10 mil, respectivamente. O imposto cobrado pelo tesouro estadunidense pode chegar até 35% do valor do prêmio concedido pelo COI. Se consideradas as 56 medalhas ganhas pelo país até o último domingo, serão, aproximadamente, mais R$ 2,1 milhões de receita para os cofres públicos do país.

A carga tributária incidente sobre a sociedade é historicamente uma fenda entre as correntes democrata e republicana nos Estados Unidos. Os republicanos, conservadores, são contra o aumento do volume de impostos. Já os democratas, em especial em momentos de crise econômica e desemprego, recorrem à política fiscal expansionista como ferramenta para o incremento de políticas sociais, como o plano de saúde e o auxílio moradia.

A proposta do presidente Barack Obama de beneficiar quem ganha menos de 250 mil dólares por ano e taxar quem ganha mais do que este valor colide com as expectativas da população mais liberal e é do desagrado dos conservadores. Já a lei de reajuste tributário, que ficou conhecida com “Lei Buffett” (declaradamente apoiada pelo milionário investidor Warren Buffet), propôs uma taxação mínima aos milionários norte-americanos e foi prontamente rejeitada pelo congresso.

Às vésperas das eleições, contudo, até os líderes democratas e o próprio Obama defendem um projeto de lei que tramita no congresso para criar uma isenção tributária para os que ganham medalhas nos Jogos Olímpicos. Não se pode brincar, afinal, com o sentimento patriota dos americanos ao ver suas estrelas nacionais, como Michael Phelps e a mais nova queridinha da América, Missy Franklin, encrencados com o leão.

Aliás, apenas o nadador Michael Phelps, caso a lei não seja aprovada, terá de pagar nada menos que R$ 82,6 mil pelos quatro ouros e duas pratas em Londres. Para Phelps, talvez, não fosse de todo mal a escassez de medalhas da delegação brasileira...

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