As ações da Polícia Federal, Dilma e o marketing

Adriano Oliveira, | qua, 10/08/2011 - 10:22
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Na era Lula, a Polícia Federal brasileira (PF) conquistou a opinião pública por conta da sua atuação. Funcionários públicos foram detidos. Esquemas de corrupção descobertos. A criminalidade organizada endógena, a qual tem origem no estado, foi enfrentada.

Entretanto, no Brasil, as ações das instituições coercitivas têm limites. E as ações da PF tiveram limites. Em pesquisa realizada em parceria com Jorge Zaverucha, comprovei esta assertiva. Em dado instante, na era Lula, a PF recuou no enfrentamento ao crime organizado endógeno.

Diversas pesquisas de opinião, inclusive uma realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau em 2009, mostram que a Polícia Federal tem credibilidade e é admirada pela opinião pública. Saliento que Lula utilizou as ações da PF em sua retórica para angariar votos.

Presidentes da República são chefes da Polícia federal. Mas a Polícia Federal tem, supostamente, autonomia em relação ao presidente da República. No caso, o diretor-geral da PF não precisa avisar ao presidente sobre determinada operação ou prisão. Do mesmo modo, suspeito que delegados não precisam informar ao Diretor geral as investigações em andamento.

A PF, portanto, tem autonomia em relação ao presidente da República. E delegados têm parcial autonomia em relação aos diretores. Se assim for, a PF realiza investigações de modo autônomo. Portanto, a prisão de A ou de B não é comunicada previamente ao presidente da República.

As prisões realizadas pela Polícia Federal no ministério do Turismo mostram que Dilma não sabia de nada. Foi pega de surpresa – hipótese palatável. Se assim ocorreu, Dilma, mais uma vez, mostrou para a opinião pública que não tolera corrupção em seu governo. Embora, a intolerância tenha limites. Ou seja: alguns atos por parte de atores importantes serão tolerados.

As operações da PF ofertam atributos mercadológicos para Dilma. Por consequência, a sua imagem junto à opinião pública é construída. “Intolerância com a corrupção”, “Doa a quem doer”, “Não admito corrupção no meu governo”, “A Polícia Federal tem autonomia”, “Enfrentaremos os corruptores”.

As frases sugeridas poderão, aos poucos, ser utilizadas por Dilma. E com isto, conquistar eleitores. Dilma tem um oportunidade única para construir a sua marca junto ao eleitor. Qual seja: utilizar as ações da Polícia Federal como instrumento de marketing e consolidação da sua imagem junto à opinião pública.

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