Esta semana, o governo decidiu elevar o teto que limitava a participação estrangeira no Banco do Brasil para 30%. Desde os governos Lula, essa foi a terceira vez que o banco se abre para o capital estrangeiro, ampliando a possibilidade de grandes grupos influírem nas decisões do antigo banco estatal. De um volume de capital que não podia ultrapassar 5,6% do total de ações do banco, agora grandes grupos investidores internacionais, muitos deles controlados por instituições financeiras concorrentes do Banco do Brasil, poderão deter até 30% do banco criado em 1808 para "ser um banco competitivo e rentável, promover o desenvolvimento sustentável do Brasil e cumprir sua função pública com eficiência". Atualmente, o BB já tem 19,4% de suas ações em mãos de estrangeiros.
A ampliação da participação estrangeira no Banco do Brasil ocorreu poucos dias depois de o governo ter entregue a um grupo de empresas estrangeiras a exploração da maior reserva de petróleo já delimitada no País, o megacampo de Libra, na Bacia de Santos, com potencial para produção de 1,4 milhão de barris por dia. Shell, inglesa, Total, francesa, e duas estatais chinesas agora vão partilhar da maior jazida descoberta em todo o mundo nos últimos tempos.
“O governo Dilma Rousseff realizou a maior privatização da história do Brasil”, disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao criticar a forma e o momento em que foi feita a partilha das jazidas de petróleo. “Estive há poucos dias em Nova York, falando para um grupo enorme de investidores de todo o mundo. A visão que se tem em relação ao Brasil é de enorme pessimismo. Exatamente pelo intervencionismo, pela flexibilização na condução da política econômica. O modelo de desenvolvimento econômico escolhido pelo PT apostou, nos últimos anos, no aumento do consumo. Esse modelo exauriu-se, chegou ao limite, mais de 60% das famílias brasileiras estão endividadas. Por isso, acho que ano que vem é hora de encerrarmos esse ciclo e iniciarmos um outro.”
“O leilão da área de Libra é privatização, porque as empresas que formaram o consócio vencedor são privadas ou têm capital aberto, não adianta sofismas”,ressaltou o governador Eduardo Campos (PSB-PE). “Essa partilha é, de fato, exploração privada, não adianta usar sofismas. O modelo criado pelo governo permitiu que a exploração possa ser feita por empresas privadas. Total e Shell são empresas privadas.”
Lembrando das lutas populares que garantiram a criação da Petrobrás e o estabelecimento do monopólio estatal do petróleo, entidades que participaram da fundação do PT e com história de resistência à ditadura e na luta pela soberania nacional, os sindicatos dos petroleiros, liderados pela Federação Única dos Petroleiros mantiveram greve de dois dias contra a privatização da Petrobrás e entrega do campo de Libra. “Esse imenso reservatório de óleo e gás não tem praticamente riscos de exploração”, sentenciou a FUP em comunicado. “Libra foi descoberto pela Petrobrás e tem reservas estimadas em mais de R$ 1 trilhão. Estamos diante da maior de todas as batalhas. Uma luta em defesa das próximas gerações e que precisa da participação de todos. Presidenta Dilma, tenha coragem e suspenda o leilão de Libra.”