A canonização do Padre Anchieta

Janguiê Diniz, | seg, 14/04/2014 - 15:11
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Ele não é brasileiro, mas é como se fosse. O padre José de Anchieta - missionário espanhol jesuíta que chegou ao Brasil no século XVI, aos 19 anos, e tornou-se uma das figuras mais importantes da cultura do nosso país, fundando inclusive o Colégio Piratininga, que deu origem à cidade de São Paulo - foi anunciado como santo pelo Papa Francisco, se tornando o terceiro santo brasileiro.

São José de Anchieta, como deverá  ser chamado a partir de agora, é conhecido como apóstolo do Brasil e faz parte da história do Brasil pelo trabalho de catequese realizado junto aos índios por quase todo o País. Além do trabalho de catequese, o padre Anchieta defendia os índios dos abusos dos portugueses colonizadores.

O fato é que o padre José de Anchieta tem devotos por todo o Brasil e no exterior. Todo o seu trabalho feito na Companhia de Jesus foi reconhecido e exaltado por milhares de fieis. A importância da vida e missão assumida por São José de Anchieta está em todos os livros de história do Brasil. É possível reconhecer que ele, ao contrário de muitos missionários, optou por uma catequese acessível e aculturada, utilizando recursos próprios da época como a poesia e o teatro.

Esse talvez tenha sido um dos processos da canonização mais longos da história, 417 anos. As dificuldades começaram durante a perseguição e expulsão dos jesuítas, que aconteceu em 1759, e na falta de atestado da realização de dois milagres: um para a beatificação e outro para a canonização. No entanto, e apesar de não possuir nenhum atestado, o Papa Francisco aceitou a fama de milagreiro e a vida exemplar do Padre.

Essa não é a primeira vez que o papa Francisco oficializa uma canonização sem milagres. Recentemente o padre Pierre Frave foi declarado santo sem os atestados e, além dele, espera-se que o papa João XXIII também seja santificado apenas com a comprovação do milagre de beatificação.

Para os seguidores do catolicismo e estudiosos da área, a santificação é um processo de burocracia do Vaticano que começa no batismo e se estende por uma vida de devoção onde devem ser seguidos os passos de Jesus e os mandamentos de Deus. Além da santificação de José de Anchieta, o Brasil ainda tem 12 processos de beatos brasileiros para a canonização, entre eles os da Irmã Dulce e Francisca de Paula de Jesus.

Os restos mortais de São José de Anchieta estão distribuídos pelas cidades onde ele teve mais atuação: Vitória, Bahia e São Paulo, além de Portugal e Roma.

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