Estelita mudou para melhor

Magno Martins, | seg, 11/05/2015 - 08:53
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Num Pais democrático, o contraditório é imprescindível e salutar. Manifestações são amplamente compreendidas pela sociedade quando não chegam ao ponto de exacerbação. Já ouvi que o movimento Ocupe Estelita é de natureza política e direcionado para grupos de olho nas eleições de 2016.

Verdade ou não, o fato é que o acampamento na casa do prefeito Geraldo Júlio (PSB) foi um tiro no pé, atraindo a repulsa de todos os segmentos da sociedade. O Novo Recife não é uma invenção da atual gestão. A venda do terreno e a aprovação de 13 torres tiveram o start na era João Paulo/João da Costa.

Portanto, com o PT. Geraldo reabriu o debate, promoveu seis reuniões com os líderes do movimento contrário, o Crea, empresários da construção civil, representantes das universidades e outras entidades envolvidas. Também realizou quatro audiências públicas abertas à população.

Pelo que li e fui informado, depois das consultas e audiências 80% das propostas de reformulação do projeto foram aproveitadas, passando de 35% para 65% o uso de área pública disponibilizada à população. Com as reformulações, foram proibidos muros e grades, deixando o terreno completamente aberto para o fluxo das comunidades que moram por trás ou nas redondezas.

O prefeito foi mais além e dobrou o número de ruas públicas, permitindo maior fluidez e permeabilidade do tráfego. Ao mesmo tempo exigiu como contrapartida das empreiteiras a construção de 200 unidades de casas populares com distância máxima de 300 metros do terreno.

Da mesma forma, ao longo da discussão, exigiu a demolição do viaduto entre o Cais José Estelita e o Cais de Santa Rita, devolvendo à cidade a vista do belíssimo Forte das Cinco Pontas. Quanto à altura dos prédios, foi reduzida em dois terços daqueles que ficarão próximos aos prédios tombados na área.

Como disse o vice-governador Raul Henry, ontem, em seu Face, o primeiro projeto apresentado pelos empreendedores possuía os defeitos próprios de uma visão urbanística que já esterilizou vastos territórios da cidade. Um urbanismo que impõe às pessoas caminharem solitárias e inseguras em calçadas oprimidas entre automóveis e muralhas. Um urbanismo obsessivo na promoção do isolamento e da segregação.

Segundo ele, na proposta original não houve nenhuma preocupação em privilegiar o espaço público de convivência; absoluta ausência do conceito de uso misto do pavimento térreo, que daria vitalidade às calçadas; presença de barreiras físicas descomunais em torno dos edifícios, o que os tornava verdadeiras fortalezas condominiais; e a falta de permeabilidade viária, que impedia a integração do projeto com as comunidades do seu perímetro e com o polo comercial do Bairro de São José, dando a ideia de completa privatização do território urbano.

 “Geraldo tomou todas as providências para que acontecesse uma discussão democrática sobre o futuro do terreno”, diz Henry. Com isso, segundo ele, houve o redesenho do projeto, que corrigiu seus pecados originais. O projeto atual, portanto, atende aos reclamos de uma sociedade civil cada dia mais atenta, exigente e mobilizada. Adota um conceito urbanístico mais humanizado e possibilita o estabelecimento de um novo polo de desenvolvimento econômico na cidade, que irá contribuir para seu maior dinamismo e a geração de novas oportunidades”, conclui.

Não concordar com essas ideias é legítimo em uma sociedade democrática. Protestar contra elas, nos devidos espaços públicos e institucionais, também é legítimo. Mas nada justifica constranger filhos, familiares e vizinhos promovendo uma invasão ao prédio onde reside o prefeito.

EMPRESARIADO Esta é a semana de o Governo enfrentar o empresariado para aprovar a desoneração da folha de pagamento. Os empresários acusam o governo de mascarar o seu verdadeiro objetivo: aumentar os impostos. Quando a folha foi desonerada, a contrapartida das empresas foi pagar impostos de 1% e 2% sobre o faturamento. Agora, o governo, em clima de ajuste, quer aumentar essas alíquotas para 2,5% e 4,5%.

Romper polarização- Defensor da fusão com o PPS, o vice-presidente nacional do PSB, Beto Albuquerque, reconheceu, em entrevista ao Frente a Frente, que existem resistências na legenda socialista, mas afirmou que a sigla quer ser uma alternativa de poder à polarização entre PT e PSDB, e, para isso, precisa ganhar corpo e ter mais força.

Reforma políticaVice-presidente da Comissão de Reforma Política na Câmara dos Deputados, o deputado Tadeu Alencar (PSB), que hoje participa de debate na Câmara de Vereadores do Recife, acredita que o relatório final será aprovado esta semana. O relator é o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), que incluiu, dentre outras mudanças, o financiamento público das campanhas e o fim da reeleição em todos os níveis.

Republicanos dão o startO PR pernambucano promove, hoje, a primeira discussão sobre as eleições municipais do ano que vem, reunindo prefeitos, parlamentares e pré-candidatos. Com 16 prefeitos, o PR pretende dobrar esse número. O presidente estadual, Anderson Ferreira, é considerado um nome extremamente competitivo para Prefeitura de Jaboatão.

Chapéu de PalhaO governador Paulo Câmara abre, hoje, em Catende, na Mata Sul do Estado, o cadastramento de trabalhadores para o programa Chapéu de Palha, criado pelo ex-governador Miguel Arraes para minimizar os efeitos da entressafra da cana de açúcar. A meta é contemplar 10,7 mil famílias em 28 municípios com quatro parcelas de R$ 246,45.

CURTAS

NOTA– O presidente da Amupe, José Patriota, prefeito de Afogados da Ingazeira, divulgou, ontem, uma nota de solidariedade ao prefeito do Recife, Geraldo Júlio, pela invasão dos manifestantes do Ocupe Estelita em ao prédio em que reside, ao mesmo tempo em que reafirma apoio ao projeto Novo Recife.

PACTO Convidado pelo presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande, o secretário de Planejamento, Danilo Cabral, apresenta o projeto de ampliação e reformulação do Pacto pela Vida durante seminário em Brasília, amanhã, sobre segurança pública.

Perguntar não ofende: O Governo consegue aprovar esta semana a MP da desoneração da folha?

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