O reinado de Cunha enfim acabou

Edmar Lyra, | sex, 06/05/2016 - 09:38
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Exercendo o quarto mandato de deputado federal, Eduardo Cunha, que havia sido líder do PMDB na Câmara durante o final do primeiro governo Dilma Rousseff, se elegeu presidente da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2015 com 267 votos contra a vontade de Dilma e do Palácio do Planalto. Por algumas vezes vestiu-se de incansável defensor do governo, por outras implacável opositor, sendo responsável pela abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff que culminou com 367 votos no afastamento de Dilma do cargo pela Câmara dos Deputados.

Profundo conhecedor do regimento interno da Câmara e possuidor de grande influência junto aos pares, Eduardo Cunha se destacou pela sua frieza no exercício do cargo de presidente, chegando por muitas vezes a se achar acima da Lei e dos próprios pares. Utilizou do seu conhecimento jurídico e da sua influência para postergar ao máximo o pedido de sua cassação no Conselho de Ética, com manobras regimentais que lhe garantiram por muito tempo no cargo.

A saída de Cunha do cargo era uma mera questão de tempo, pois ele tem seu nome envolvido em inúmeros escândalos de corrupção desde que iniciou a sua vida pública. Responde a oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal e não merece continuar num dos cargos mais importantes da República e que poderia se tornar o segundo na linha de sucessão da presidência caso Dilma seja impichada pelo Senado.

A decisão do ministro Teori Zavascki, corroborada por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal, era mais do que esperada, pois não havia mais a menor condição da continuidade de Cunha no cargo, e tem um desdobramento extremamente favorável ao futuro presidente Michel Temer, que assumirá o cargo sem a sombria presença de Cunha no protagonismo político brasileiro. Essa, inclusive, era uma grande preocupação do núcleo do futuro presidente, que temia ser associado a alguém que estava mais do que complicado na Lava-Jato.

O reinado de Cunha está no fim, assim como o de Dilma Rousseff. Os brasileiros esperam que a partir de agora, com um novo presidente da República e um novo presidente da Câmara, o Brasil possa definitivamente virar a página e encontrar o caminho da saída da crise política e econômica em que está afundado.

Jarbas Vasconcelos - Apesar de não estar procurando cargos, o deputado Jarbas Vasconcelos  (PMDB) não hesitaria de assumir um ministério caso fosse convidado por Michel Temer. Jarbas, por sinal, afirmou a Temer que não seria uma boa escolha a nomeação de Romero Jucá, Henrique Alves e Geddel Vieira Lima para a sua equipe ministerial.

Mendonça Filho - O deputado Mendonça Filho (DEM) está muito cotado para o ministério da Educação. Inicialmente ele estava próximo de ser ministro das Comunicações, porém o seu perfil mais ligado ao setor, já que quando vice-governador foi responsável pela implementação das escolas em tempo integral em Pernambuco, deve levá-lo a ficar mesmo na Educação de Temer.

Nulidade - A ação rápida do ministro Teori Zavscki foi uma resposta a ADPF da Rede Sustentabilidade, que poderia ensejar, em caso de procedente, na nulidade dos atos praticados por Eduardo Cunha no cargo de presidente, que atingiria diretamente o processo de impeachment de Dilma na Câmara que já tramita no Senado e está em vias de ser aprovado.

Rogério Rosso - Com o afastamento de Eduardo Cunha do mandato e da presidência da Câmara, cresce um movimento para que a Casa escolha um novo presidente, que seria o deputado Rogério Rosso (PSD/DF), presidente da Comissão do Impeachment, e que tem a simpatia do Palácio do Jaburu e de parte significativa dos membros da Câmara dos Deputados.

RÁPIDAS

Aproveitando - Num evento em sua Fazenda em Paudalho, que contou com a presença do governador Paulo Câmara, o deputado Romário Dias (PSD) afirmou ao presidente da Alepe deputado Guilherme Uchoa (PDT) que ele aproveitasse os oito meses que lhe restam na presidência da Casa Joaquim Nabuco, pois a partir de 2017 a presidência seria de Romário.

Blairo Maggi - O senador Blairo Maggi, um dos maiores produtores agrícolas do país, deverá se filiar ao PP para assumir o ministério da Agricultura no eventual governo Michel Temer. O partido pretende ficar com a Caixa, o ministério da Saúde e o ministério da Agricultura.

Inocente quer saber - O que fazia o ex-deputado João Paulo perto da comissão do impeachment no Senado ontem em Brasília?

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