Valores do Carnaval - Maestro Forró

A inovação da folia

por Felipe Mendes | sex, 17/02/2012 - 15:36
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Foto: Chico Peixoto/LeiaJá Imagens

Ele já é parte integrante da identidade do carnaval pernambucano. Com sua maneira peculiar de reger sua Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, abusando de trejeitos, brincadeiras e interações com o público e com os músicos, Maestro Forró incorpora a alegria dos festejos de Momo. Mais que isso, traz uma renovação na maneira de executar antigos frevos com inovações na concepção de arranjos e incorpora à figura sisuda do maestro uma irreverência única, que proporciona um espetáculo à parte.

O personagem incorporado por Francisco Amâncio da Silva surgiu ainda na década de 1980, quando ainda novo foi estudar música pela primeira vez com o professor José do Nascimento Tenório, que o apelidou de forró porque, numa festa da escola, ao invés de cantar “as músicas da moda”, entoou forrós antigos, de autores como Azulão. Em relação à irreverência e ao apelo visual de sua performance, o artista afirma ter se inspirado nos brincantes dos folguedos populares e suas “mugangas”.

“O que me influenciou mais pra criar esse personagem foi a necessidade que eu sentia de desmistificar a figura sisuda do maestro”, afirma o maestro, que também cita os anos em que trabalhou fazendo a direção musical de vários espetáculos de teatro. “A gente estuda academicamente para ter técnica e executar bem o instrumento, mas ao mesmo tempo, abre as portas para a música da rua”, resume Forró.

A atuação destacada do Maestro Forró na música e na comunidade da Bomba do Hemetério – onde ainda mora – tem despertado homenagens à sua figura: o artista Silvio Botelho fez um boneco gigante do maestro em 2009, e compositores como Getúlio Cavalcanti e Moraes Moreira já fizeram música sobre ele. Em 2012, a homenagem vem do Clube Carnavalesco Misto Boneco Comelão, que desfila pela categoria principal no carnaval do Recife e vem este ano com o tema: “Uma Estrela Multicultural: Maestro Forró é Bomba do Hemetério”.

Forró, que com cinco anos já tocava pandeiro e zabumba, não resume sua orquestra ao frevo. Todos os ritmos têm espaço no repertório da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério: “A gente coloca tudo no liquidificar e tira um som”, explica o músico, “fazemos um trabalho de pesquisa, releitura e interação com a cultura popular”. Um sopro de renovação na folia, Maestro Forró é a cara da musicalidade popular irreverente e criativa que invade as ruas no carnaval.

 

 

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