O PT tentou reformas

Magno Martins, | qua, 02/08/2017 - 08:26
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O senador Armando Monteiro disse, ontem, numa entrevista a este blogueiro, que não mudou nada em relação ao que defendia no parlamento quando o PT estava no poder. Foi uma resposta aos petistas que lançaram mão de uma candidatura própria a governador nas eleições de 2018 em detrimento de uma aliança com o PTB, que vai, mais uma vez, tentar chegar ao Palácio das Princesas com a candidatura do senador.

Quando Armando fala em mudança de comportamento ele se refere ao que o PT defendia quando estava com a caneta na mão. No caso da reforma trabalhista, já aprovada pelo Congresso, com o apoio do senador, ele lembra que no Governo Lula for criado o Fórum Nacional do Trabalho, que apresentou uma proposta de emenda constitucional para a reforma trabalhista.

A iniciativa não prosperou, não por vontade de Lula, mas porque faltou lastro em sua base, mas ele insistiu até onde foi possível. Já durante o Governo Dilma, houve uma proposta mais focalizada de criação do Acordo Coletivo Especial, para promover o negociado sobre o legislado, via projeto de lei, mas sem sucesso, porque Dilma não teve capacidade política nem interlocução com o Congresso.

As reformas, como queriam Lula e Dilma, são uma exigência em busca da modernização da CLT, uma medida necessária para aumentar a produtividade e melhorar o funcionamento da economia. Desde o fim do século passado, vários países europeus reformaram suas leis trabalhistas para dar mais flexibilidade aos contratos de trabalho e segurança aos trabalhadores.

“O Brasil não é uma ilha e não poderia prescindir dessas reformas”, reforça Armando, destacando que se as defendeu lá atrás, quando ministro de Dilma, não poderia deixar agora de apoiar. “Eu não mudei”, reforçou. Para ele, o PT pernambucano pode estar tentando buscar um pretexto para não discutir uma aliança.

“Houve momentos em que o PT priorizava uma política de alianças. Pode ser que agora essa não seja a melhor opção para o PT. Eu fiz alianças nesse campo, no campo de esquerda, muito consciente ao longo da minha vida pública porque convergia para projetos em que eu achava que se aliava alguma compreensão adequada do quadro econômico, aliada a sensibilidade e ao compromisso social desses setores”, afirmou.

DECISÃO SAI HOJE – O Governo está seguro de que reprova, hoje, em votação no plenário da Câmara dos Deputados, o pedido de investigação do Supremo Tribunal Federal. O que ficou acertado, entre os deputados da base que se manifestam a favor da investigação, é que compareçam ao plenário para dar o quórum dos 342 votos exigidos pelo regimento para colocar a matéria em votação. A estratégia está correta, até porque quem precisa dos 342 votos – e não tem – para aprovar a investigação é a oposição.

Os contra também empenham – Aos que dizem que o presidente Temer discrimina, em termos de empenho e liberação de emendas, os deputados que querem aprovar a investigação do Supremo, um exemplo na bancada pernambucana faz esta tese virar um castelo de areia: o segundo parlamentar que mais garantiu empenhos de emendas é o deputado Gonzaga Patriota, da bancada do PSB, voto certo e já declarado pela crucificação de Temer. Só perde para o tucano Bruno Araújo, que está se afastando da Pasta de Cidades para votar contra a investigação.

Segurança reforçada - Para a votação do pedido de investigação do presidente Temer, no plenário da Câmara, hoje, o Congresso reforçou a segurança. Jornalistas que já cobrem o Congresso tiveram que fazer um credenciamento especial e nem todos terão acesso ao plenário da Casa. O critério adotado para o plenário é mediante uma senha especial, duas por veículos de televisão. Haverá um cordão de isolamento na rampa do Congresso e a entrada será pelas vias laterais. Tudo para evitar manifestações.

Temer confiante – O presidente Michel Temer se disse, ontem, confiante de que a Câmara dos Deputados rejeitará a denúncia oferecida contra ele pela Procuradoria Geral da República. Temer participou de evento no Palácio do Planalto e concedeu rápida entrevista à imprensa após a cerimônia. Antes de iniciar o discurso, Temer citou 25 deputados presentes ao ato, de abertura de cursos de Medicina, entre os quais Paulo Maluf (PP-SP) e o petista Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu.

Dá para concorrer? – O deputado Sílvio Costa (PTdoB) comemorava, ontem, no salão verde da Câmara, o fato de seu discurso contra Temer ter viralizado nas redes sociais alcançando quatro milhões de acessos. 

Convencido e vaidoso, informava ter perdido apenas para um vídeo da cantora Gretchen ao lado da cantora americana Katy Perry, que alcançou 12 milhões de visualizações. Ao seu lado, um deputado não perdeu a piada: “Também é muita pretensão sua querer concorrer com o bumbum da Gretchen”.

CURTAS

VOTAÇÃO – O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, ontem, que a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva estará resolvida na tarde de hoje. “Acho que será votado e, com a votação, isso gera uma tranquilidade para a sociedade de que esse assunto estará resolvido na parte da tarde de amanhã”, disse.

DE VOLTA – O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), pretende entregar a presidência do PSDB de volta ao senador Aécio Neves (MG), mas antes vai conversar com o parlamentar mineiro. Tasso assumiu o comando tucano interinamente em maio, depois que Aécio foi citado por delatores do grupo J&F, que controla o frigorífico JBS.

Perguntar não ofende: Quem, na verdade, mudou: Armando ou o PT?

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