O avanço da seca no Nordeste

Janguiê Diniz, | qui, 26/04/2012 - 09:23
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O Nordeste ocupa uma região equivalente a 18% do território nacional, com cerca de 1.500.000 quilômetros quadrados. Aqui vivem mais de 40 milhões de pessoas, ou 28% da população do país. Somos, também, a região mais afetada pela seca no Brasil.

Nos últimos anos, o Nordeste tem sido marcado por mudanças drásticas no clima. Tivemos enchentes, secas e até registro de tremores de terra no Rio Grande do Norte. Porém, um dos principais problemas da região está relacionado à desertificação que tem, cada vez mais, avançado sobre as áreas urbanas. 

Os dados impressionam: de acordo com o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, PAN, ligado Ministério do Meio Ambiente, 1.482 municípios estão em área suscetível à desertificação em nove estados, sendo oito deles nordestinos - Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Uma área que corresponde a 15,7% do território nacional e onde vivem cerca de 31,6 milhões de pessoas.

Ainda de acordo com dados oficiais, desta vez da Secretaria Nacional de Defesa Civil, devido à estiagem, 2012 já soma 261 municípios com decretos de emergência reconhecidos pelo órgão, onde os principais estados afetados são Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Além destes, mais de 200 cidades já decretaram a situação e estão com a documentação em processo de análise. Esses dados representam o maior índice dos últimos cinco anos e um aumento em mais de 400% em relação a 2011.

Alguns especialistas indicam que o aumento do período de estiagem se deve ao fenômeno “La Niña” e a mudanças climáticas no oceano. Além destes, fala-se também em erros envolvendo a transposição do São Francisco. Em contrapartida e aliado a essas mudanças climáticas, a justificativa para o aumento da desertificação está no extrativismo, no desmatamento desordenado, nas queimadas e uso intensivo do solo na agricultura.

O fato é que, independente das causas, a população é quem vem sofrendo as consequências. Diante de um quadro como este, cabe, mais uma vez, perguntarmos: por mais quanto tempo a população irá sofrer com a falta de medidas preventivas para fenômenos previsíveis?

A cidade de Caetés, no agreste pernambucano, por exemplo, hoje está sendo abastecida apenas por carros-pipa do Exército, Estado e prefeitura. Lá e em outras cidades de Pernambuco, cerca de 100 mil produtores já foram prejudicados e 95% das lavouras, principalmente de cultivo de feijão e milho, já se perderam.

Diante de situação tão grave, o Governo Federal anunciou a liberação de crédito e linhas especiais para agricultores, além da expansão da rede de abastecimento de água, a antecipação dos recursos do programa Água para Todos e a recuperação de poços artesianos. Um total de investimentos de R$ 2,7 bilhões. Porém, é preciso mais do que isto.

O Brasil precisa ter a consciência e criar o hábito de que prevenir é muito melhor do que criar pacotes e ações emergenciais para as consequências dos fenômenos naturais e previsíveis aos quais o território brasileiro está sujeito.

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