[@#galeria#@]
Cercada das mais variadas expressões artísticas desde a infância, no bairro da Sacramenta, periferia de Belém, a artista Fran Farias, de 23 anos, entrou no mundo da colagem em 2016. Atualmente, a jovem é dona de uma loja on-line, a Sagita Collage, e faz sucesso na internet com as postagens e a crescente venda de suas criações. Além de ter o trabalho reconhecido e requisitado em outros Estados do Brasil, a artista também oferece oficinas e participa de exposições com a temática de seu trabalho.
##RECOMENDA##Artistas do movimento surrealista, criado na década de 1920, como Salvador Dalí, Frida Kahlo e René Magritte, são as inspirações para a produção das colagens da empreendedora. “Eu a acho incrível [Frida], porque ela é uma artista-mulher que conseguiu muito reconhecimento em um tempo que a arte era dominada por artistas homens”, explica.
A ideia de criar a marca Sagita Collage surgiu em 2016, ainda como um hobby. De acordo com a artista, o projeto surgiu por meio de artes criadas no paint, software para desenhos e edições em imagens. A ideia inicial de Fran era apenas criar seus projetos artísticos e compartilhar no Instagram, sem o intuito de vendê-los.
Aos poucos, a conta teve um grande alcance e os clientes começaram a aparecer. “Logo no início vendi somente uma camisa e não tive mais retorno. Depois de um tempo, comecei a produzir algumas com estampas paraenses e, de um dia para o outro, eu comecei a vender muitas camisas”, explica.
A cultura paraense, ainda hoje, é a mais procurada pelos clientes, principalmente com a presença dos locais da cidade de Belém. Para além de camisas, a vendedora expandiu os produtos da sua loja e agora também vende ecobags, canecas e quadros com criações apresentando outras temáticas.
“Muitas pessoas me mandam mensagens querendo a arte com praias daqui, com a Estação das Docas. As minhas artes envolvem música, o que eu sinto, o que eu sou, mas envolve também política e milhões de outras coisas”, complementa.
A empreendedora demorou para compreender que o seu talento estava tornando-se uma forma de gerar renda. A jovem relata que somente após sair da casa da mãe para morar sozinha, vivendo unicamente das vendas de sua loja, é que teve a noção da proporção do seu trabalho.
No mês de abril, Fran Farias participou do evento ExpoFavela, uma feira de negócios em São Paulo, onde empreendedores artistas da periferia do Brasil tiveram a oportunidade de vender e ampliar a visibilidade do seu trabalho para apreciadores das artes no país.
“Venho de uma família que nunca teve condições financeiras e, hoje em dia, eu tenho, graças à minha arte. Ver que o Sagita cada vez mais se expande para tantos outros lugares me dá mais certeza de que eu estou no caminho certo e, claro, que tudo isso foi construído com muito trabalho, fé e sorte”, explica.
A artista já participou de várias exposições em Belém e teve a oportunidade de dar oficinas locais e em Santa Catarina, no Paraná. Para Fran Fariaz, esse momento significou bastante, pois ela pôde conversar e conhecer pessoas que admiravam seu trabalho.
“Para mim é incrível. Para quem vem da periferia, é muito mais complicado conseguir essa visibilidade, o que, basicamente, todo artista precisa. Sempre penso que o meu trabalho nunca chegaria em ninguém se não fosse pela internet. Imaginar que pessoas de outro Estado e, até mesmo do Pará, mas que jamais me conheceriam se não fosse pela internet, hoje me têm como referência, assim como eu tenho tantos outros artistas, é incrível”, ressalta.
Por Juliana Maia (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).