Tópicos | Mais Médico

A MP 621 autoriza a contratação de médicos estrangeiros para atuação na atenção básica de saúde, em regiões que não dispõem desses profissionais e também muda parâmetros da formação em medicina no Brasil. Entre as modificações feitas no texto original do governo e aprovadas pelos deputados, estão a transferência da responsabilidade de registro para o Ministério da Saúde e a obrigatoriedade de revalidar o diploma após quatro anos no programa, além da avaliação de estudantes de medicina a cada dois anos.

Os governistas tentaram um acordo com a oposição que viabilizasse a aprovação da MP, uma vez que o governo tem pressa em aprovar a legislação para que o Ministério da Saúde possa emitir os registros provisórios necessários para os médicos estrangeiros começarem a trabalhar. Como o acordo não foi possível, a oposição obstruiu a votação com a apresentação de vários requerimentos protelatórios, que foram rejeitados pelos aliados do governo.

##RECOMENDA##

O relator Rogério Carvalho defendeu o texto aprovado pela comissão mista do Congresso que apreciou a MP. Segundo ele, o texto melhorou a proposta do governo e trouxe avanços para o programa como a determinação para que o Sistema Único de Saúde (SUS) tenha um prazo de cinco anos para montar a infraestrutura necessária nas unidades básicas de Saúde.

Outra modificação aprovada pelos deputados foi a que transfere a responsabilidade para a emissão do registro provisório dos médicos estrangeiros dos conselhos regionais de Medicina para o Ministério da Saúde. No texto aprovado pela Câmara, foi mantido os artigos que estabelecem a bolsa de formação de R$ 10 mil para os participantes do programa, sem qualquer direito trabalhista, como 13º salário e contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

A obstrução da bancada ruralista, que também apresentou diversos requerimentos protelatórios, foi uma forma para pressionar o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a instalar a comissão especial destinada a apreciar o mérito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere para o Congresso as prerrogativas para a demarcação das terras indígenas.

Os partidos de oposição criticaram o texto aprovado pela comissão mista. O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), principal opositor à aprovação da MP, disse que o texto apresentado pelo relator é muito pior do que o enviado pelo governo. Segundo ele, a proposta dissolve todos os conselhos regionais de Medicina, as entidades de especialização, além de invadir as prerrogativas das universidades em definir as grades curriculares.

Foram votados mais de dez requerimentos da oposição e da bancada ruralista para tentar adiar a votação da MP do Programa Mais Médicos. Como a oposição é minoria na Casa, todos os requerimentos foram rejeitados pelos aliados do governo.

Ao término da votação da MP, Henrique Alves propôs adiar para tarde desta quarta-feira a votação dos 13 destaques que visam a alterar o texto. O líder do governo Arlindo Chinaglia (PT-SP) porpôs então que a votação fosse feita sem obstrução, alegando que de outra forma não seria possível concluir a apreciação dos dispositivos hoje, O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), acompanhado de outros líderes oposicionistas, não concordou com a proposta de Chinaglia. Com isso, Henrique Alves convocou nova sessão extraordinária para esta madrugada a fim de iniciar a votação dos destaques, mas Chinaglia alegou falta de quórum e o presidente da Casa encerrou a sessão, marcando outra para a tarde desta quarta-feira.

 

 

O Ministério da Saúde informou nesta terça-feira (01) que 215 profissionais cubanos que atuarão na segunda etapa do Programa Mais Médicos por meio de acordo entre o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) desembarcam nesta terça no Aeroporto Internacional de Brasília - Juscelino Kubitschek, em Brasília (DF). Eles chegam à noite.

De acordo com o ministério, até o final da semana, 2 mil cubanos terão desembarcado em quatro capitais brasileiras para atuar no programa. Na próxima segunda-feira, 07, os médicos iniciam as três semanas do módulo de avaliação, com aulas sobre saúde pública e Língua Portuguesa. Depois eles seguem para os municípios onde atuarão no atendimento à população.

##RECOMENDA##

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou um pedido do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) para que fosse suspensa a medida provisória (MP) que criou o programa Mais Médicos.

No despacho no qual recusou-se a conceder uma liminar, Marco Aurélio disse que este é um assunto para ser decidido pelo plenário da Corte. "Descabe, no entanto, nesse campo de relevância e urgência, implementar ato precário e efêmero, antecipando-se à visão do colegiado, não bastasse o envolvimento, na espécie, de valores a serem apreciados. Deve-se aguardar o julgamento definitivo da impetração", afirmou.

##RECOMENDA##

O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) decidiu, em assembleia realizada na noite de segunda-feira, 26, por unanimidade, denunciar ao Conselho Regional de Medicina (Cremepe), os tutores do curso que está sendo ministrado aos médicos estrangeiros sobre língua portuguesa e sistema de saúde brasileiro.

A denúncia será realizada ainda nesta semana sob a alegação de descumprimento do artigo 49 do Código de Ética Médica, que estabelece que o profissional não deve se posicionar contra um movimento legítimo da categoria. Os médicos pernambucanos decidiram não fazer paralisação contra a vinda dos estrangeiros, mas continuam defendendo o exame Revalida para que eles possam atuar no Brasil.

##RECOMENDA##

"A postura do sindicato é lamentável e coercitiva", afirmou Rodrigo Cariri, que ao lado de Paulo Santana, são os tutores do curso que está sendo realizado na Faculdade Miguel Arraes, no município metropolitano de Vitória de Santo Antão. A faculdade, privada, fez convênio com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para a cessão de salas para os primeiros 115 estrangeiros - 96 deles cubanos - que chegaram a Pernambuco.

"Um conselho profissional não pode se colocar acima da lei e dos interesses da República", observou Cariri, ao lembrar que a presidente da República editou Medida Provisória sobre o assunto. "Não podemos ser punidos por cumprir a lei." "Não estamos traindo a categoria", acrescentou, ao lembrar que é professor e como tal assumiu a tutoria do curso.

Os 400 médicos cubanos que atuarão no Programa Mais Médicos deverão ganhar entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil por mês, informou nesta sexta-feira (23) o secretário adjunto de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Fernando Menezes. Segundo ele, a variação é baseada em acordos que o governo cubano tem com outros países para onde também foram enviados os profissionais.

Menezes ressaltou que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com quem o governo brasileiro assinou um termpo de cooperação, é responsável pela intermediação do acordo com o governo cubano. Segundo o Ministério da Saúde, a pasta repassará à Opas R$ 511 milhões até fevereiro de 2014, valor equivalente às condições fixadas pelo edital do Mais Médicos - de R$ 10 mil para cada profissional. Em seguida, a Opas enviará os recursos ao governo cubano, que pagará aos médicos o valor que for definido por critérios próprios.

##RECOMENDA##

"Tomando como base outros contratos, já que o governo cubano tem acordos no mundo todo, eles [os salários] geralmente ficam na proporção de 25% a 40% [do que é pago pelo país que recebe os médicos], mas aí depende daquilo que o país tem como custo de vida e da condição e qualidade que o médico vai ter naquele país", disse, após reunião, com o secretário de Saúde do Distrito Federal, Rafael Barbosa.

O secretário-adjunto do Ministério da Saúde informou ainda que os valores pagos aos médicos cubanos que vierem para o Brasil poderão variar conforme o custo de vida nas cidades para onde forem enviados. "Esse valor exato varia e vai variar, porque uma vez estabelecidas as condições de onde se vai viver, o médico cubano recebe mais ou menos", disse.

Ele ressaltou que os médicos, brasileiros e estrangeiros, que participarem do programa, terão ajuda dos municípios para custear despesas com moradia e alimentação. Além desses gastos, as prefeituras são responsáveis por oferecer o deslocamento do aeroporto até o município onde atuará e, em casos de locais de difícil acesso, disponibilizar transporte diário da moradia até a unidade de atendimento.

Segundo informações da BBC Brasil, o contingente de profissionais de saúde cubanos fora da ilha inclui, atualmente, 15 mil médicos, 5 mil técnicos de saúde, entre outros, trabalhando em 60 países. De acordo com a agência de notícias, eles geram lucro ao país de aproxidamente US$ 5 bilhões (R$ 10,6 bilhões) ao ano. Na Venezuela, por exemplo, o serviço que os médicos cubanos prestam permite que Cuba receba 100 mil barris diários de petróleo.

Para muitos países em desenvolvimento, os médicos cubanos representam um atrativo por estarem dispostos a trabalhar em lugares que os profissionais locais evitam, como bairros periféricos ou zonas rurais de difícil acesso, onde moram pessoas de baixíssimo poder aquisitivo. Além disso, eles recebem, em geral, remunerações mais baixas.

A estimativa é que, atualmente, permaneçam em Cuba 75 mil médicos, em uma proporção de um profissional para cada 160 habitantes. A taxa é a mais alta de toda a América Latina. O acordo com a Opas prevê a vinda de 4 mil profissionais para o Brasil, número que corresponde a pouco mais de 5% dos médicos que hoje trabalham em Cuba.

Entre a população local, a exportação dos profissionais causa divergência, porque afeta principalmente a figura do médico de família, que atende em todos os bairros e encaminha os pacientes para especialistas ou hospitais.

A primeira missão de saúde ao exterior foi organizada por Cuba em 1963. Apesar da escassez de médicos à época, foram enviados profissionais à Argélia para apoiar os guerrilheiros que acabavam de conseguir a independência do país. Eram os primeiros de 130 mil colaboradores que, ao longo dos anos, já trabalharam em 108 países.

Médicos e estudantes de medicina de Salvador promovem um novo ato contra o Programa Mais Médicos, do governo federal, na tarde de quarta-feira, 31. Segundo a programação, o protesto deve ser semelhante ao realizado na última terça-feira: eles devem montar tendas, onde farão atendimento básico de saúde gratuito à população, distribuirão panfletos e montarão uma exposição de fotos que denunciam a falta de estrutura em hospitais e postos de saúde do Estado.

O ato está marcado para a Avenida Centenário, no bairro da Barra, uma das mais tradicionais áreas residenciais e turísticas da cidade. Na tarde desta terça-feira, 30, os médicos participaram de um debate sobre o programa federal na sede do Ministério Público Federal na cidade, nas proximidades do Centro Administrativo da Bahia (CAB).

##RECOMENDA##

SALVADOR (BA) - Salvador aderiu a orientação do Comitê de Mobilização das Entidades Médicas (FENAM, AMB e CFM), que organiza, em todas as capitais do Brasil, nesta terça-feira (30) e nesta quarta-feira (31), protestos contra o Programa Mais Médicos, e  paralisará as atividades de trabalho para os dois dias, prestando, apenas, atendimentos de urgência e emergência.

Programação:

##RECOMENDA##

Terça-feira (30) - A partir das 14h, será realizado um debate sobre a MP 621/13 (Programa Mais Médicos), no Ministério Público Federal na Bahia (MPF/BA), no bairro de Nazaré, mediado pelo promotor Rogério Queiroz. Na ocasião será instalado também o Varal da Vergonha, uma exposição fotográfica que mostra o estado precário em que se encontram unidades de saúde da Bahia. As fotos fazem parte do acervo de imagens das visitas de fiscalização realizadas pelas entidades médicas em parceria com o Ministério Público. Tais visitas resultaram em inquéritos civis cobrando providências do poder público.

Quarta-feira (31) - A partir das 14h, no canteiro central da Av. Centenário, na área entre a entrada do Calabar e o Shopping Barra, os médicos realizarão um ato público com panfletagem e a exposição do Varal da Vergonha. O intuito é esclarecer a população sobre os efeitos danosos das medidas anunciadas pelo Governo Federal. No local, acontecerá também a Feira de Saúde, organizada em parceria com as sociedades de especialidades médicas, que vai oferecer atendimentos básicos à população, tais como medições de pressão, glicemia, pressão intraocular e orientações médicas sobre alimentação e cuidados com a saúde. O protesto terminará com uma caminhada com faixas e cartazes.

 

O presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, negou o pedido de liminar da Associação Médica Brasileira (AMB) contra o Programa Mais Médicos. Ao contrário do que defendem os profissionais da área, Lewandowski ressaltou que paralisar o programa neste momento, impedindo a contratação de médicos, geraria prejuízo para a população.

"O ato impugnado (o Programa Mais Médicos) configura uma política pública da maior importância social, sobretudo ante a comprovada carência de recursos humanos na área médica no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)", afirmou o ministro na decisão. "O cenário indica, ao contrário do sugerido na inicial, a existência de periculum in mora inverso, ou seja, o perigo na demora de fato existe, porém milita em favor da população", acrescentou.

##RECOMENDA##

Com base em dados do Ministério da Saúde, o ministro argumentou que o número de médicos formados pelas faculdades brasileiras é insuficiente para suprir as vagas abertas nos hospitais. E a proporção entre médicos e habitantes no Brasil, abaixo do que registrado em outros países, seria outro argumento em favor do programa, conforme julgou o ministro. "O Brasil possui apenas 1,8 médicos para cada mil habitantes, desigualmente distribuídos por suas regiões, ao contrário de outros países como Argentina (3,2), Uruguai (3,7), Portugal (3,9), Espanha (4), Austrália (3), Itália (3,5), Alemanha (3,6) ou Reino Unido (2,7)", afirmou o ministro.

Do ponto de vista processual, Lewandowski argumentou que o mandado de segurança movido pela AMB pedia, na verdade, a declaração de inconstitucionalidade da medida provisória que criou o programa. E acrescentou que não cabe ao STF julgar se havia urgência e relevância para a edição da medida provisória. Essa avaliação caberia ao Executivo, ao editar a medida, e ao Legislativo, ao votá-la. No processo, a associação contestou a possibilidade de médicos estrangeiros atuarem no Brasil e a obrigatoriedade de estudantes de medicina prestarem serviço obrigatório aos hospitais públicos antes de se formarem.

AGU

Em outro processo contra o programa, que tramita na Justiça Federal, a Advocacia-Geral da União (AGU) defendeu a legalidade da medida provisória. Nas informações que prestou à Justiça, a AGU argumentou que os médicos brasileiros serão contratados preferencialmente, que os médicos não terão os diplomar revalidados imediatamente ao chegarem ao Brasil e acrescentou que as universidades farão a avaliação dos médicos interessados de prestarem serviço no Brasil.

Esta ação civil pública é movida pelo Conselho Federal de Medicina e tramita na 22ª Vara Federal do Distrito Federal. Neste caso, um pedido de liminar ainda precisa ser julgado. Nessa sexta-feira, 26, a AMB entrou com nova ação contra o programa. Desta vez, uma ação civil pública também na Justiça Federal em Brasília. Foi a quinta ação judicial protocolada contra o programa do governo federal.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando