Tópicos | mensalão

Brasília – No julgamento do mensalão, marcado para começar na tarde desta quinta-feira (2), o fator tempo não é só o que delimita as ações no passado, segundo as argumentações da acusação e da defesa dos 38 réus do processo. O tempo também será fator crucial para o julgamento, despertando preocupação de ministros e partes que atuam no caso.

Um dos principais afetados pela falta de tempo é o ministro Cezar Peluso. Ele completa 70 anos no início de setembro, quando será aposentado compulsoriamente. A expectativa é de que o julgamento do mensalão demore pelo menos dois meses, o que inviabilizaria a participação do ministro, o sétimo a votar.

A brecha para contornar o problema está no próprio Regimento do STF, que permitiria a Peluso pular para a terceira posição, logo após o voto do relator e do revisor. A medida, no entanto, enfrenta dois obstáculos. O primeiro é a indefinição sobre a estrutura do julgamento – se cada ministro votará tudo de uma vez ou se fará participações intercaladas, votando em blocos, o que prejudicaria a participação de Peluso.

Outro problema é que, ainda que consiga votar, Peluso não deve participar da ponderação/definição da pena para os réus eventualmente condenados, o que só ocorre na etapa final do julgamento. Se algum incidente estender o julgamento para depois de novembro, a Corte também ficará desfalcada do ministro Carlos Ayres Britto, que completa 70 anos. Não há prazo para a substituição dos ministros, indicados pela Presidência da República e sabatinados pelo Senado.

A segunda questão envolvendo o tempo preocupa os partidos e políticos envolvidos com a corrida eleitoral de 2012. O julgamento do mensalão acabou coincidindo com o período de campanhas para prefeituras e câmaras legislativas, e só deve acabar perto da votação, em outubro. Advogados incomodados com a sobreposição de eventos chegaram a acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para uma providência sobre o caso, mas o pedido foi arquivado pela presidenta Cármen Lúcia Rocha.

A passagem do tempo também afeta diretamente a questão da impunidade. Segundo a legislação, a punição deixa de existir se a Justiça demora demais a aplicar a pena, a chamada prescrição. O Código Penal tem uma tabela para a prescrição de crimes, mas a regra geral é que os mais leves prescrevem primeiro, e os mais graves, depois.

No caso do mensalão, caso os ministros optem pelas penas mínimas dos crimes de formação de quadrilha (um a três anos de prisão), corrupção ativa e passiva  (dois a 12 anos cada), peculato (dois a 12 anos) e evasão de divisas (dois a seis anos), os réus não poderão mais ser punidos, pois a prescrição ocorreu em agosto de 2011. Os crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira (três a 12 anos) e lavagem de dinheiro (três a dez anos), mesmo se aplicada a pena mínima, ainda não prescreveram.

O processo poderá ainda não ser concluído com o final do julgamento, pois há espaço para recursos dos réus e do Ministério Público. Esses recursos dificilmente mudam as decisões, mas podem arrastar o processo por mais alguns meses, evitando, por exemplo, que réus condenados sejam punidos imediatamente.

Na denúncia do mensalão apresentada em 2006, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, apontou os nomes de 40 pessoas envolvidas no suposto esquema de compra de apoio de partidos políticos para formar a base de sustentação do governo federal. O primeiro deles era o do ex-ministro José Dirceu, que, desde então, é o que tem atraído mais atenção - dentro e fora do PT.

Além de figurar no topo da lista dos denunciados, Dirceu é o mais citado nas 136 páginas do documento: seu nome aparece 81 vezes. O procurador o qualifica como "chefe do organograma delituoso" e defende a tese de que, como segundo homem mais importante da República, ele sabia de tudo. Nada teria acontecido sem o seu aval: "Ele tinha o domínio funcional de todos os crimes perpetrados."

##RECOMENDA##

E foi assim, como "chefe da quadrilha", que Dirceu passou a ser apresentado no noticiário. Não é assim, porém, que o líder petista é visto no interior de seu partido. Sua imagem entre os militantes é extremamente positiva. Nos encontros partidários, só o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva consegue arrancar mais aplausos do que o ex-ministro. Suas palestras, especialmente as análises de conjuntura, são sempre concorridíssimas.

Dirceu ainda é considerado o estrategista do PT. Há vários fatores que explicam a diferença. O mais evidente é o sentimento petista de que o alvo real das denúncias marteladas há sete anos não é o combate à corrupção, mas o partido. Por esse raciocínio, Dirceu não é quadrilheiro, e sim bode expiatório, mártir.

Reinvenções

Uma outra razão, menos aparente, é a capacidade de José Dirceu para se reinventar. Nascido em 1946, na cidade mineira de Passa Quatro, no meio de uma família que professava abertamente sua fé religiosa, ele desembarca em São Paulo em 1961, com o objetivo de fazer o colegial. Trabalha durante o dia como office boy de uma imobiliária e estuda à noite.

Passados quatro anos, ao ingressar no curso de direito da PUC, ele já está envolvido com o movimento de resistência ao regime militar. O que acontece nos anos seguintes parece a trama de um thriller político-policial: aproxima-se da organização guerrilheira Aliança Libertadora Nacional (ALN), chefiada por Carlos Marighella; torna-se presidente da União Estadual de Estudantes (UEE); é preso e banido do País; procura abrigo em Cuba, onde recebe treinamento militar; ajuda a fundar o Movimento de Libertação Popular (Molipo), e retorna clandestino ao Brasil em 1971 com a tarefa de ajudar na articulação de um movimento de guerrilha rural, nos moldes do que havia levado Fidel Castro ao poder na ilha da América Central.

Em 1972, após fracassos seguidos e o assassinato dos dirigentes do Molipo, ele foge de volta para Cuba. Volta, de novo, em 1974 - com identidade falsa e prótese no nariz - e se esconde em Cruzeiro do Oeste, interior do Paraná. Trabalha como comerciante, casa, tem um filho e permanece clandestino até 1979.

Naquele ano, quando é sancionada a Lei da Anistia, viaja para Cuba, retira a prótese e reassume a verdadeira identidade. Nos anos seguintes, dedica-se às lutas pela redemocratização e à construção do PT.

Seu nome figura na lista de pessoas que assinaram a ata de fundação do partido, em 1980. Mais tarde ocupa os cargos de secretário de formação política e secretário-geral. Em 1995 assume a presidência, reelegendo-se três vezes para o posto. Viaja por todo o País e, aos poucos, sua liderança compete com a de Lula: alguns setores começam a se reportar diretamente a ele. Até os inimigos de Dirceu no interior do PT reconhecem sua enorme capacidade de articulação, pensamento estratégico e, sobretudo, pragmatismo. É com essa combinação de fatores que ele comanda a virada ideológica no PT a partir do ano 2000.

Consultoria

Após derrotar os setores à esquerda no espectro político petista, ele sepulta os resquícios de ideais socialistas e impõe à sigla um discurso moderado e palatável aos empresários. Isso garante a eleição de Lula para a Presidência, em 2002, em sua quarta tentativa.

No mesmo ano, Dirceu é eleito deputado federal pela terceira vez. Em janeiro de 2003, no entanto, vai comandar a Casa Civil e se torna o segundo homem mais poderoso da República e provável sucessor de Lula.

Seus projetos de poder desmoronam em 2005, quando é apontado por Roberto Jefferson como o mentor do mensalão. Afastado do governo, retorna à Câmara, mas é cassado em seguida.

Impedido de disputar novas eleições por oito anos, Dirceu começa a oferecer, com sucesso, serviços de consultoria a empresas privadas do Brasil e do exterior. No PT, cuja militância tem hoje um perfil muito diferente daquele de sua criação, em 1980, ele ainda é visto como estrategista que levou o partido ao poder. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O julgamento do mensalão pode garantir um presente de aniversário especial de dez anos para a TV Justiça, que serão completados em 11 de agosto: a maior audiência de sua história. Por no mínimo um mês, será transmitido ao vivo o mais popular julgamento da história do Supremo Tribunal Federal (STF). São da emissora pública as únicas quatro câmeras permitidas para captar as imagens de dentro do plenário. O sinal estará aberto via satélite para qualquer canal de TV e de internet interessado.

A proibição usual de que a imprensa faça seus próprios vídeos pegou o ministro do STF Marco Aurélio Mello de surpresa. Foi na gestão dele que a TV Justiça começou a funcionar. Há dez anos, vários ministros achavam que não cairia bem expor as divergências do plenário. Mello diz esperar justamente efeito contrário. "Se tiver bate-boca, é obrigação da TV mostrar. Isso pode até ajudar para que a discussão não vá para o lado pessoal."

##RECOMENDA##

A transmissão ao vivo, admitem alguns ministros, modificou o andamento das sessões. No mínimo, disse um deles, fez com que a qualidade de ternos e gravatas na Corte melhorassem.

Em meio às sessões, outra data será lembrada. Em setembro, completará 20 anos a primeira transmissão ao vivo de um julgamento do STF. Em setembro de 1992, o então presidente do STF, Sydney Sanchez, permitiu que fosse transmitido o julgamento do mandado de segurança impetrado pelo ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello, no início do processo de impeachment. No dia 11 de agosto, a TV Justiça exibirá um documentário sobre sua história. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

A defesa dos réus do mensalão irá para o ataque contra a Procuradoria-Geral da República, autora da denúncia que apontou a existência de um esquema de compra de votos em troca de apoio parlamentar no governo Lula. Será o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos quem fará o primeiro movimento nessa direção. Ao contestar entendimento da Procuradoria-Geral, ele pedirá nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) que desmembre o processo e remeta quem não tem foro privilegiado para a primeira instância.

A questão de ordem a ser apresentada por Thomaz Bastos - em nome de José Roberto Salgado, ex-executivo do Banco Rural - praticamente não tem chance de ser aceita. Mesmo assim, aponta o dedo para a conduta do Ministério Público no caso. Dos 38 réus do mensalão, apenas três têm foro privilegiado: os deputados federais João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).

##RECOMENDA##

Aplauso fácil

Na tribuna do Supremo, porém, a crítica mais dura à Procuradoria será levada pelo advogado José Luís Oliveira Lima, que representa o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Diante dos juízes, ele dirá amanhã que as alegações finais do Ministério Público contra Dirceu beiram a irresponsabilidade.

No confronto de vida ou morte, o MP será descrito pela defesa de Dirceu como uma instituição seduzida pelo "aplauso fácil" e pela "farsa" montada por Roberto Jefferson, ex-deputado do PTB que, a exemplo do petista, foi cassado pela Câmara.

Acusado de ser o chefe de "sofisticada organização criminosa" instalada no governo Lula, Dirceu contesta o uso de depoimentos obtidos em CPIs, com base em argumentos do tipo "ouvi dizer", para condená-lo. Um dia depois de assistir à manifestação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel - para quem o mensalão foi "o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil" -, Oliveira Lima baterá na tecla de que o MP desprezou provas produzidas sob o crivo do contraditório.

"A verdade que o Ministério Público vê não pode ser vista por mais ninguém", diz o memorial enviado pela defesa de Dirceu ao Supremo, no mês passado. Os advogados dos réus do mensalão desembarcaram ontem em Brasília para o embate histórico na arena do STF. Na bagagem, a principal arma de todos era a disposição implacável de atacar frontalmente a atuação do MP, que imputa aos réus crimes variados, de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva a peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

"O procurador-geral está falando bobagem", disse Luiz Fernando Pacheco, advogado do ex-presidente do PT José Genoino. "Estamos muito felizes com o julgamento agora, porque finalmente, depois de sete anos, ficará provado que o mensalão é uma farsa urdida pelo senhor Roberto Jefferson."

Nos últimos dias, os criminalistas conversaram entre si e definiram estratégias comuns para fustigar o MP e evitar contradições. Contratados a peso de ouro pelos réus mais ilustres, todos sustentam que a acusação não contém provas materiais e é "uma peça de ficção".

A denúncia que dizimou a cúpula do PT e fez tremer o governo Lula, em 2005, foi apresentada quase um ano depois pelo então procurador-geral, Antonio Fernando de Souza. O memorial de Gurgel, sucessor de Souza, é um resumo das alegações finais. "Esse memorial é uma vergonha", avalia Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado da executiva Ayanna Tenório, do Banco Rural. "Fiquei estarrecido."

O criminalista Arnaldo Malheiros Filho, que defende Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, também critica o memorial preparado por Gurgel. "Ele está querendo corrigir as bobagens das alegações finais. Não há provas e os documentos apresentados são quase todos da CPI (dos Correios)", insistiu.

Oliveira Lima, por sua vez, cita observações feitas em outras ações penais por ministros do Supremo, como Cármen Lúcia e Celso de Mello, segundo as quais para a condenação exige-se certeza, "não bastando, sequer, a grande probabilidade". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Protagonista do primeiro dia do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que, para "ser feita a justiça", o tribunal terá de condenar todos os réus do caso. "Creio que o Supremo fará justiça. E, na visão do Ministério Público, justiça é condenar todos", afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. Gurgel voltou a afirmar que as provas colhidas durante as investigações são "contundentes" e "falam por si".

O procurador fará sua sustentação oral nesta quinta-feira após o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, apresentar uma síntese de três páginas do caso. Gurgel já traçou sua estratégia para a sessão. O ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-presidente do PT José Genoino e o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza serão seus principais alvos.

##RECOMENDA##

Nas cinco horas reservadas para a acusação, Gurgel pretende ressaltar a participação desse "núcleo político" e lembrará os principais fatos que comprovariam a existência da compra de votos no Congresso Nacional, estratagema que foi classificado pelo procurador como "o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil".

Assim como na denúncia, Dirceu será apontado na sustentação oral do procurador como o "chefe de uma quadrilha" do mensalão. Gurgel dirá que ele, no comando da Casa Civil a partir de janeiro de 2003, montou e gerenciou a compra de apoio de partidos políticos, esquema tornado viável pela prática de diversos crimes, como corrupção, lavagem de dinheiro, peculato e formação de quadrilha, evasão de divisas e gestão fraudulenta.

Integrante do núcleo político "original", o ex-dirigente petista Silvio Pereira não será julgado pelo STF, pois fez um acordo com o Ministério Público e já cumpriu serviços comunitários para se livrar da acusação do crime de formação de quadrilha.

"Como dirigentes máximos do Partido dos Trabalhadores, tanto do ponto de vista formal quanto material, os réus estabeleceram um engenhoso esquema de desvio de recursos de órgãos públicos e de empresas estatais, e de concessões de benefícios diretos ou indiretos a particulares em troca de ajuda financeira", afirmou Gurgel em suas alegações finais. "O objetivo era negociar apoio político ao governo no Congresso Nacional, pagar dívidas pretéritas, custear gastos de campanha e outras despesas do PT", acrescentou.

Segundo a denúncia, Marcos Valério operava o esquema via suas agências de publicidade, que recebiam dinheiro público e repassavam para parlamentares.

Desafio

Comprovar as manobras do "núcleo político" será o maior desafio do procurador-geral. Se não conseguir demonstrar que há provas suficientes para mostrar que José Dirceu comandou a compra de apoio no Congresso, os ministros do Supremo poderão absolvê-lo.

De acordo com um dos mais antigos ministros do tribunal, o procurador-geral da República precisa comprovar que parlamentares da base aliada receberam dinheiro para votar com o governo ou ao menos que tenham recebido a promessa.

Na sua acusação, o procurador detalhará também a atividade dos outros dois grupos citados na denúncia formal. O núcleo operacional, encabeçado pelo empresário Marcos Valério, é acusado de tornar viável a obtenção de recursos financeiros para garantir a compra de apoio parlamentar no Congresso.

O terceiro grupo, chamado de núcleo financeiro, era composto por dirigentes do Banco Rural à época dos fatos. Para obter o dinheiro, segundo a denúncia, os dirigentes liberaram dinheiro para o esquema por meio de empréstimos que o Ministério Público classificou como "simulados". O dinheiro era lavado e entregue aos destinatários finais.

As cinco horas a que tem direito hoje, afirmou Gurgel, "não serão suficientes" para esmiuçar e apontar todas as provas colhidas que, segundo ele, comprovariam a prática dos crimes. "O tempo, a rigor, não será suficiente para falar de tudo e de todos."

No dia seguinte à acusação, os advogados dos réus, a começar pelo defensor de José Dirceu, farão suas sustentações orais. Serão cinco advogados por dia, tendo cada um o tempo de uma hora. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, espera que o julgamento se encerre até o fim do mês. Outros ministros estimam que o julgamento seja concluído até o fim de setembro. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

A presidente Dilma Rousseff quer o governo distante do julgamento do mensalão para evitar que o escândalo contamine o Palácio do Planalto. Disposta a impedir que a crise enfrentada pelos réus do PT bata à porta do Planalto, Dilma determinou a ministros que não entrem na polêmica do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Temos uma decisão de governo, de seguir trabalhando com muita serenidade nesse tempo. O Judiciário vai fazer a parte dele, temos confiança no Poder Judiciário e seguiremos trabalhando", afirmou o chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, antes de audiência com o ministro da Defesa, Celso Amorim. Carvalho foi chefe de gabinete do ex-presidente Lula.

##RECOMENDA##

"A orientação da presidente Dilma é que o governo não pare, não faça nenhum tipo de ação que não seja voltada para que a máquina siga funcionando e confiando que o Judiciário faça o papel dele."

Ex-ministra das Minas e Energia, Dilma assumiu a Casa Civil, em 2005, justamente com a queda de José Dirceu, abatido pela crise do mensalão. Ela se aproximou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa época. Com os candidatos naturais do PT fustigados pelo escândalo, Dilma virou a herdeira de Lula, apesar de novata no PT.

Na véspera do julgamento do mensalão, o escândalo político que abalou seu governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou compromissos públicos e contatos com a imprensa, nesta quarta. Ele deixou seu apartamento, no prédio da Av. Prestes Maia, em São Bernardo do Campo, apenas para ir ao instituto que leva seu nome, no bairro Ipiranga, na capital, mas não atendeu aos inúmeros pedidos de entrevistas. Moradores do prédio e vizinhos disseram que o ex-presidente tem aparentado, nos últimos dias, não estar bem de saúde. No final da tarde, ainda no instituto, ele se reuniu com o médico Cláudio Lottenberg, presidente do hospital Albert Einstein, mas seu assessor de imprensa, José Crispiniano, disse que era uma reunião de trabalho.

Segundo ele, Lula ainda se recupera do tratamento do câncer na laringe, mas nesta quarta estava "animado e de bom humor". O assessor lembrou que os médicos que cuidam do presidente são de outro hospital, o Sírio Libanês. O ex-presidente recebeu também representantes do Movimento Nacional dos Catadores. Uma vizinha que mora em outro andar do prédio de Lula e não quis se identificar, contou que viu o presidente com a garganta inchada e ela até recomendou que ele se cuidasse melhor. "Ele gosta de falar, discursar, mas é hora de se resguardar", disse a mulher. Segundo ela, o presidente não mudou o humor em razão do julgamento do mensalão.

##RECOMENDA##

O metalúrgico Francisco Borges de Araujo, que levou o filho João Pedro, de 3 anos, para a frente do prédio, na tentativa de ver Lula na janela do apartamento, disse que nos últimos dias o ex-presidente não tem ido a compromissos de campanha com o prefeito petista Luiz Marinho, candidato à reeleição. "Ele deu uma segurada", afirmou. Na frente do prédio, uma faixa de um morador agradecia a santo Expedito pela saúde do "nosso companheiro Lula". De acordo com o assessor de imprensa, o ex-presidente deve comparecer nesta quinta, às 10 horas, a uma homenagem que será prestada a ele por dirigentes da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabrio) e Associação de Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio). Segundo Crispiniano, o ex-presidente tem 135 pedidos de entrevista para atender, mas não vai falar sobre o mensalão. "Ontem (terça) chegou um pedido de entrevista de Dubai", contou.

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz suspendeu nesta quarta a decisão da Côrte do início de julho que considerou regular o contrato milionário da empresa DNA, de Marcos Valério Fernandes de Souza, com o Banco do Brasil. O contrato é uma das bases da acusação da Procuradoria-Geral da República contra o empresário mineiro no julgamento do mensalão, que terá início nesta quinta. Antes de ser ministro, Cedraz foi deputado pelo antigo PFL, hoje DEM. Ele costuma ser duro com o governo petista.

A decisão que agora foi suspensa refere-se a um contrato de publicidade para serviços a serem realizados pela agência entre 2003 e 2005. De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Penal 470 - o processo do mensalão -, a empresa de Marcos Valério teria se apropriado de R$ 4,27 milhões, sendo R$ 2,92 milhões no período de 31 de março de 2003 a 14 de junho de 2005, quando Henrique Pizzolato foi diretor de marketing do BB. Pizzolato também é réu do processo do mensalão. O contrato total da DNA com o BB foi de R$ 153 milhões.

##RECOMENDA##

Num julgamento anterior, o TCU havia considerado o contrato irregular e arredondado os valores a serem devolvidos pela DNA para R$ 4,4 milhões. Mas, ao reavaliar a decisão, em julho, a ministra Ana Arraes - mãe do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos -, fez uso de uma lei de 2010, que mudou a legislação que regula os contratos de publicidade das empresas públicas. Ela considerou que o processo era legal. Os advogados de Marcos Valério pediram ao STF que incluísse a decisão nas alegações da defesa do empresário no processo do mensalão, o que foi aceito pelo ministro Joaquim Barbosa.

A suspensão do acórdão do TCU ocorreu porque Júlio Marcelo, procurador do Ministério Público junto ao tribunal, recorreu da decisão tomada no mês passado em benefício de Marcos Valério. Ele argumentou que a lei não poderia retroagir para beneficiar o réu, por se tratar de processo penal. Como a Secretaria de Recursos aceitou a apelação do procurador e a distribuiu a Cedraz, este determinou que a decisão fosse suspensa até novo julgamento, o que é previsto pelo regimento interno do TCU.

Em seu relatório, Ana Arraes argumentou que a lei aprovada em 2010 com novas regras para a contratação de agências de publicidade pela administração pública esvaziou a irregularidade apontada anteriormente pelo próprio TCU. Um dos artigos da lei diz que as regras alcançariam "contratos já encerrados". Esse artigo foi usado pela ministra do tribunal para considerar regulares as prestações de contas do contrato do Banco do Brasil com a DNA Propaganda Ltda.

Na véspera do início do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-deputado Roberto Jefferson, um dos 38 réus do processo, foi informado de que há um "foco maligno" no tumor retirado do pâncreas em cirurgia no último sábado. Exame preliminar realizado no mesmo dia da cirurgia havia indicado que o tumor não era maligno, porém a análise patológica mais detalhada indicou a presença do câncer.

O resultado do exame, realizado pelo patologista Wilhermo Torres, foi confirmado na tarde desta quarta em boletim do Hospital Samaritano, onde Jefferson foi operado e está internado. A nota informa que o ex-deputado está lúcido, respira sem ajuda de aparelhos e tem recebido visita apenas da família. Não há previsão de alta.

##RECOMENDA##

"Dentro do tumor de 4,9 centímetros, há um foco maligno de menos de 2 centímetros. É um estágio muito inicial", afirmou o cirurgião Ribamar Azevedo, que atende o ex-deputado. Jefferson foi examinado nesta quarta pelo oncologista Daniel Tabak, que vai orientar o paciente sobre o tratamento indicado. Ribamar Azevedo disse que "possivelmente" será necessário algum tipo de tratamento quimioterápico. Pivô do mensalão, Roberto Jefferson, de 59 anos, denunciou o esquema de pagamento de propina a deputados governistas em junho de 2005 e teve o mandato cassado em setembro do mesmo ano. O ex-deputado é presidente nacional do PTB.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na quarta-feira passada, o petebista afirmou: "Tenho menos preocupação com a sentença do Supremo do que com a sentença da biópsia." O ex-deputado brincou com o fato de passar por um momento delicado de saúde no momento em que o STF vai julgar o mensalão. "Nunca corri de mulher, agora estou correndo. Tenho pesadelo: a mulher da foice, com aquele capuz, e a mulher da venda nos olhos e a espada. Eu corro para um lado e a mulher da foice vem atrás de mim. Corro para o outro, vem a mulher da espada", afirmou.

Na véspera do início do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-deputado Roberto Jefferson, um dos 38 réus no processo, foi informado de que há um "foco maligno" no tumor retirado do pâncreas em cirurgia no último sábado (28). Exame preliminar realizado no mesmo dia da cirurgia havia indicado que o tumor não era maligno, porém a análise patológica mais detalhada indicou a presença do câncer.

"Dentro do tumor de 4,9 centímetros, há um foco maligno de menos de dois centímetros. É um estágio muito inicial", afirmou nesta quarta-feira (1°) o cirurgião geral Ribamar Azevedo, que atende o ex-deputado.

##RECOMENDA##

Segundo o médico, Jefferson será examinado pelo oncologista Daniel Tabak, que vai orientar o paciente sobre o tratamento indicado. Azevedo disse que "possivelmente" será necessário algum tipo de tratamento quimioterápico. Informações mais precisas da doença serão prestadas por Ribamar e sua equipe, em entrevista prevista para amanhã (2).

O anúncio oficial do resultado do exame será divulgado ainda na tarde desta quarta-feira (1°), em boletim do Hospital Samaritano, onde Jefferson foi operado e está internado.

Pivô do mensalão, Roberto Jefferson, de 59 anos, denunciou o esquema de pagamento de propina a deputados governistas em junho de 2005 e teve o mandato cassado em setembro do mesmo ano. O ex-deputado é presidente nacional do PTB.

Movimentos da sociedade civil pretendem fazer uma "vigília do mensalão" na Avenida Paulista na noite desta quarta-feira (1°) para defender um julgamento "firme e justo" dos réus do escândalo de corrupção, cujos destinos começam a ser definidos a partir desta quinta-feira (2) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O evento, que ocorrerá em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), a partir das 19h, terá a palavra mensalão escrita com velas acesas e uma performance de integrantes do grupo feminista Femen Brazil.

##RECOMENDA##

O evento é organizado pelos grupos NASRUAS e Revoltados ON LINE, com apoio do Femen. Em uma página criada no facebook, 456 pessoas haviam confirmado presença na vigília, mas as entidades esperam receber cerca de 50 manifestantes no ato.

O ex-ministro José Dirceu quer mais do que uma absolvição no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Se for inocentado, vai cobrar do Congresso sua anistia política para poder voltar a disputar eleições já em 2014.

Como teve seu mandato de deputado federal cassado por causa do envolvimento no escândalo e acabou perdendo os direitos políticos, o petista só poderia voltar a se candidatar a partir de 2015. A tese da anistia pode beneficiar também Roberto Jefferson (PTB) e Pedro Corrêa (PP), que também perderam seus mandatos na esteira do escândalo.

##RECOMENDA##

A pretensão de pedir a anistia para voltar à vida pública não é escondida pelo petista. "A anistia é um desejo, mas não há nenhum plano concreto", afirma a assessoria de Dirceu, ressaltando que seu foco, no momento, é o julgamento no STF. Aliados, porém, já definem o desejo como um "direito" do colega.

"Se fosse ele, eu pleitearia. Se eu saio inocentado num processo como esse, por que teria de continuar com os direitos políticos cassados?", questiona o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). "Se eu dissesse que o Zé não gostaria de voltar, estaria mentindo, até com a Presidência da República ele sonha, o que é legítimo para qualquer dirigente político", complementa Devanir.

Na Câmara, já está em tramitação um projeto pedindo a anistia dos três cassados no escândalo do mensalão. De autoria do ex-deputado Ernandes Amorim (PTB-RO), a proposta argumenta que a pena é injusta porque outros parlamentares mencionados no esquema foram absolvidos. O projeto chegou a ser incluído na pauta da Comissão de Constituição e Justiça em novembro de 2011, quando João Paulo Cunha (PT-SP) presidia o colegiado. Cunha também é réu no STF, mas foi absolvido pelos pares em plenário. Ele acabou retirando a proposta da pauta.

Dirceu, porém, quer um projeto novo e exclusivo. Para ele, a absolvição no Supremo precisa ser o motivo para a anistia e não a comparação com outros envolvidos no escândalo que foram poupados pelo Congresso. O ex-ministro ainda não teria decidido que cargo gostaria de disputar em 2014, mas tem manifestado pouca vontade de voltar à Câmara dos Deputados.

A base governista hoje é maior do que na época do julgamento político do ex-ministro. A oposição não chega a 100 dos 513 deputados. Para conceder o "perdão político", é preciso maioria simples na Câmara e no Senado para aprovar um projeto de lei.

Para a oposição, a volta dos cassados antes de 2015 à cena política é "sonho de uma noite de verão". O deputado federal Bruno Araújo, líder do PSDB na Câmara, afirma que se este ou outro projeto de lei parecido aparecerem na pauta, os tucanos não só votarão contra, como se mobilizarão "para combater esse tipo de abuso, que não tem caráter coletivo, apenas individual" As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

José Dirceu, Marcos Valério, Professor Luizinho, João Paulo Cunha e Ayanna Tenório, todos réus do mensalão, não vão ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que começa na quinta-feira. É quase certo, aliás, que nenhum acusado compareça à Corte. Muitos acompanharão o julgamento pela TV Justiça, que transmite as sessões do STF ao vivo - alguns até fazendo orações.

Para os defensores, a presença de seus clientes "é desnecessária e desaconselhável". "Marcos Valério não vai porque não foi intimado e não é tradição de julgamentos nos tribunais o réu comparecer", disse o criminalista Marcelo Leonardo, que representa o empresário mineiro, suposto operador do mensalão. "Entendo que não é necessário nem adequado (Valério ir ao STF). Ficaria exposto em demasia, sem necessidade."

##RECOMENDA##

O criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), faz coro com Leonardo: "Ele não tem obrigação de ir e não é praxe o réu comparecer ao julgamento." Para Toron, a ausência de Cunha no julgamento "é uma atitude respeitosa com a Corte". "Quem é intimado são apenas os advogados, isso é corriqueiro", afirmou. "Não está no meu querer ou não querer. Ele (João Paulo) até poderia ir, mas é praxe não ir. O fato é que o STF não o intimou e, para a defesa, ele ir ou não é indiferente."

Pierpaolo Bottini, que defende o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP), tampouco levará o cliente ao STF. "É um julgamento longo, que deve se prolongar por mais de um mês. Ele (Luizinho) tem suas atividades, numa empresa de consultoria. Ele pode ir, mas não é aconselhável." Por meio de seu advogado, Luizinho informou que "certamente vai seguir o julgamento pela TV Justiça". Mesmo assim, um advogado do escritório de Bottini vai acompanhar o julgamento, a fim de manter o cliente informado de tudo.

Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado criminal que defende Ayanna Tenório Torres de Jesus, ex-executiva do Banco Rural, declarou que "é um direito ir, mas ela preferiu ficar em casa, no dizer dela rezando, fazendo orações em face da confiança que tem no advogado e na Justiça".

Portas fechadas

Mariz anotou que a defesa vai negar a autoria dos crimes do qual é acusada - segundo a Procuradoria-Geral da República, ela teria participado da autorização dos empréstimos sob suspeita do Rural. "Ela já foi punida; hoje vive uma situação muito difícil, o mercado financeiro praticamente fechou as portas para ela. É uma grande injustiça."

José Luís Oliveira Lima, que defende José Dirceu, disse que o ex-ministro da Casa Civil também não vai a Brasília durante o julgamento. "Não é comum a presença de acusados nos julgamentos em tribunais. Ele (Dirceu) vai acompanhar tudo à distância." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Antônio Dias Toffoli vai participar do julgamento do mensalão, que começa na quinta-feira e deve durar mais de um mês. Em conversas reservadas, Toffoli disse não ver motivos para se declarar impedido. Acrescentou que a pressão para ficar de fora só o estimulou a atuar no caso.

Amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem também não há motivos de impedimento, e do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu - apontado pelo Ministério Público como "chefe da quadrilha" do mensalão -, Toffoli construiu sua carreira jurídica dentro do PT. Ele foi advogado do partido - destacando-se na liderança petista na Câmara dos Deputados nos anos 1990, e na consultoria de campanhas eleitorais -, assessor jurídico da Casa Civil quando o ministro era Dirceu e advogado-geral da União do governo Lula.

##RECOMENDA##

Antes de assumir a cadeira no Supremo, Toffoli também atuou como advogado do próprio Dirceu em algumas ocasiões. Até 2009, ele era sócio no escritório da advogada Roberta Maria Rangel, hoje sua namorada, que defendeu outros acusados de envolvimento no mensalão, como os deputados Professor Luizinho (PT-SP), então líder do governo, e Paulo Rocha (PT-PA).

Indicado para assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral em 2014, Toffoli se diz contrariado com as dúvidas lançadas sobre sua isenção - questionamentos são feitos desde que tomou posse no STF, em 2009. "Eu já estou participando desse processo. Não vou sair de jeito nenhum", disse o ministro, segundo relato de um interlocutor.

Toffoli já analisou, por exemplo, recursos de advogados de defesa dos réus nessa fase anterior ao início do julgamento de fato.

Sinalização

O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, afirmou ontem que a participação do colega na análise de questões relativas ao processo do mensalão indica que ele não vai se declarar impedido. "Não me compete opinar sobre nada, se ele vai ou se não vai (julgar o mensalão), e não quero ser mal interpretado. Agora, isso (participar de etapas anteriores) sinaliza participação. Sem dúvida", disse ontem em Brasília o presidente do Supremo.

Não há pressão na Corte para que ele não julgue o caso. Nos bastidores, os comentários são de que o Supremo é movido "por espírito de corpo" e, portanto, outros integrantes do tribunal, também com ligações políticas, poderiam ser alvos de suspeição e sofrer o mesmo constrangimento caso Toffoli fique fora.

Exemplos

Na tentativa de desqualificar a pressão sobre Toffoli, dirigentes petistas ressuscitaram a filiação de Ayres Britto ao PT nos anos 1990. Lembraram, por exemplo, que ele foi candidato a deputado federal pelo PT de Sergipe, em 1990, e, na época, mantinha ótimo relacionamento com Dirceu. Hoje, o voto de Britto é computado pelo partido na lista dos contrários ao ex-ministro. Para Marco Aurélio de Carvalho, coordenador jurídico do PT, há "incoerência" em relação à cobrança sobre a participação do ministro. "Os mesmos critérios levantados deveriam ser arguidos em relação ao ministro Ayres Britto", afirmou Carvalho.

Advogados ligados ao PT afirmam, ainda, que, se a pressão valesse para todos, a presença do ministro Gilmar Mendes, indicado ao Supremo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também poderia ser contestada, pois ele conversou sobre mensalão com Lula, testemunha no processo. A reunião ocorreu em abril, no escritório de Nelson Jobim, ex-titular da Defesa. Segundo relato de Mendes, o ex-presidente o teria pressionado para adiar o julgamento. Lula nega.

Pedido

Sem ligação com o processo, o advogado Paulo Magalhães Araújo, que comanda uma ONG, pediu ontem a suspeição de Toffoli em petição encaminhada ao Supremo. Como não é representante de nenhum dos réus do caso, o pedido deve ser ignorado pelos ministros. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Juventudes de partidos da oposição preparam uma guerrilha virtual para o início do julgamento do mensalão a partir de quinta-feira. PSDB, PPS e PSOL vão usar as redes sociais para se manifestar sobre o assunto.

Os jovens tucanos optaram pelas ações online a fim de manter a estratégia que vêm usando desde o início do ano. "Estamos estimulando as pessoas, desde janeiro, a ir às redes sociais e pedir que o Supremo não deixe de julgar o mensalão", afirmou o secretário nacional de Juventude do PSDB, Wesley Goggi. Seguindo essa linha, o PSDB postou ontem em seu site um vídeo no qual classifica o mensalão como "o maior escândalo de corrupção já registrado no Brasil".

##RECOMENDA##

A coordenadora nacional da Juventude do PPS, Raquel Dias, diz que o partido prepara um "tuitaço" para quinta. A hashtag escolhida foi #anodejustiça. "A desculpa para não julgar o mensalão este ano era porque estamos em ano eleitoral. Mas nós queremos um ano diferente", afirmou.

Já os militantes do PSOL afirmam que vão usar as redes sociais para convocar um ato para a manhã de quinta-feira na frente do STF, em Brasília. "Nós não podemos esquecer que muitas das pessoas que formam o PSOL hoje deixaram o PT por causa desse escândalo", disse Enilton Rodrigues, membro da Executiva da sigla. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

No julgamento do mensalão, a defesa do ex-deputado federal José Genoino se concentrará em descolar as atividades do então presidente do PT - descritas por seus advogados como meramente políticas e institucionais - das decisões financeiras, função do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Também tentará provar que Genoino mantinha relações apenas políticas com parlamentares do PP e do PTB e rebaterá as acusações de formação de quadrilha, sustentando que não houve crime nenhum.

As alegações finais, entregues em setembro do ano passado, ressaltam o estilo de vida modesto do ex-parlamentar. À reportagem, o próprio Genoino transmitiu esse recado. "Não tenho bens", disse o ex-deputado. "Vivo há 28 anos na mesma casa em São Paulo, me hospedo no mesmo hotel simples há mais de 20 anos em Brasília, cidade onde trabalho de segunda a sexta."

##RECOMENDA##

O réu, advogados e amigos querem mostrar que o petista continua a ser o mesmo de antes, com uma trajetória de vida ligada à resistência ao governo militar, que incluiu cinco anos vividos na prisão após sua participação na guerrilha do Araguaia.

Ao menos no que toca às urnas, a tentativa de reparar as rachaduras na imagem do político não conseguiu conter a redução do número de votos em suas candidaturas para a Câmara dos Deputados. Em 1998 foram 306.988 mil; em 2010, 92.362, soma incapaz de eleger um dos mais históricos quadros do PT. Naquele ano, ele foi menos votado que seu irmão José Guimarães (PT-CE) - com 210.366 votos -, aquele que precisou explicar o caso do assessor que carregava dinheiro na cueca.

Segundo o advogado Luis Fernando Pacheco, responsável pela defesa de Genoino, o ex-deputado espera com ansiedade pelo desfecho do julgamento e por uma decisão que o considere inocente das acusações sofridas. "Será de cabeça erguida, peito aberto e coluna ereta que Genoino poderá dizer a toda sociedade: ‘Meu nome é José Genoino Neto e eu fui absolvido das acusações do mensalão’. Tenho certeza de que ele sonha com esse dia", afirmou.

Antes popular e falante, hoje ele é avesso a entrevistas e praticamente só fala sobre o escândalo por meio de seu advogado, que acredita ser uma "opção tomada por força da mágoa". Hoje, segundo a direção e militantes do PT, Genoino se limita a frequentar as reuniões de diretório, do qual faz parte. E a comparecer em eventos do partido para os quais é convidado, como o lançamento da campanha de Fernando Haddad, em São Paulo, por exemplo.

Costuma se posicionar como militante quando o assunto é a corrente petista Construindo um Novo Brasil, que integra, juntamente com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Oficialmente, a legenda dedica-se a concentrar esforços nas eleições e não especificamente em tentar salvar a pele de membros do quadro político. A reabilitação de réus como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o próprio Genoino em posições na executiva e no diretório já teriam sido esforços de solidariedade com os companheiros. Um vídeo recém-gravado pelo presidente do partido, Rui Falcão, corrobora.

Desde 2011, Genoino frequenta a capital federal durante a semana como assessor especial do ministro da Defesa Celso Amorim. O cargo de confiança lhe foi dedicado durante a gestão de Nelson Jobim, de quem é amigo. Indagado sobre sua rotina na pasta, o ex-deputado limitou-se a dizer: "Sou assessor. E o que faz um assessor? Assessora, oras. Atendo o ministro sempre que sou solicitado. É isso." Por "assessorar" entenda-se, sobretudo, trabalhar em acordos políticos fazendo a ponte entre o ministério e o Congresso Nacional. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

A defesa de José Dirceu de Oliveira e Silva, personagem central do mensalão, vai sustentar na tribuna do Supremo Tribunal Federal (STF) que "a história foi montada por Roberto Jefferson" e que o esquema de compra de apoio parlamentar "não existiu". A apenas três dias do início do julgamento, José Luís Oliveira Lima, criminalista, defensor do ex-ministro, mira Roberto Jefferson, ex-deputado do PTB, autor da denúncia que levou à cassação de Dirceu.

A Procuradoria-Geral da República classifica o ex-chefe da Casa Civil no governo Lula de principal articulador da engrenagem do mensalão, "sofisticada organização criminosa". Oliveira Lima não perde a serenidade quando indagado sobre o desafio que o espera. As próximas horas ele passará debruçado, como já o fez no fim de semana, sobre os autos da ação penal 470. Aqui e ali, rastreia atalhos para fustigar a denúncia do Ministério Público Federal, que formalmente atribui a Dirceu formação de quadrilha e corrupção ativa.

##RECOMENDA##

"Foram mais de 500 depoimentos, nenhuma testemunha confirma as acusações levantadas por Roberto Jefferson", assinala o advogado, que desembarca em Brasília na quarta-feira para sua missão mais delicada.

Em alegações finais, Oliveira Lima rechaçou o libelo da procuradoria contra seu cliente. "Derrubando cada um dos indícios brandidos pela denúncia, a prova judicial assegurou que José Dirceu se dedicava exclusivamente ao governo, não comandava os atos dos dirigentes do PT, não tinha controle nem ciência das atividades de Delúbio Soares, não decidia nomeações e não mantinha vínculo com Marcos Valério."

Nesse documento, da página 113 e até a 144, um capítulo só para golpear Jefferson. "As contradições e as inconsistências nas manifestações de Roberto Jefferson sobre a imaginada compra de votos são incontáveis e se agravam ainda mais quando se referem à suposta participação de José Dirceu. Provou-se nesta ação penal que Roberto Jefferson estava acuado e no foco de investigações no exato momento em que formulou a acusação de compra de votos."

Na sexta-feira, dia 3, os ministros do Supremo e o País vão ouvir o criminalista em sua manifestação na Corte. A ele caberá a primeira da longa série de sustentações orais. Dele e de seus argumentos depende o destino de José Dirceu. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, passa bem após a cirurgia para retirada de um tumor no pâncreas realizado ontem no Hospital Samaritano, no Rio. Em boletim médico, a equipe que acompanha o político informou que Jefferson respira sem ajuda de aparelhos, está lúcido e "evolui satisfatoriamente" na recuperação pós-operatória.

A cirurgia, que durou cerca de oito horas, retirou parte do pâncreas de Roberto Jefferson para a realização de uma biopsia do tumor de 4 centímetros descoberto na última semana. De acordo com o boletim, as análises iniciais indicam que o tumor é benigno. Entretanto, segundo a nota, os médicos aguardam "o resultado definitivo da análise do material para a conclusão do diagnóstico."

##RECOMENDA##

Ainda segundo o boletim médico, Roberto Jefferson se alimenta por meio de uma sonda e recebe a visita de familiares. Segundo os médicos, Jefferson não tem previsão de alta e não deve participar do julgamento do mensalão, do qual é um dos 40 réus.

Na cirurgia, além de parte do pâncreas, foram retirados partes do estômago e do duodeno além de gânglios linfáticos. O procedimento, realizado pelos médicos José de Ribamar Saboia de Azevedo, Alexandre Prado de Resende e Aureo Ludovico de Paula, foi precedido de uma recomposição da cirurgia bariátrica feita pelo ex-deputado em 2000.

Às vésperas do primeiro debate eleitoral, programado para a próxima quinta-feira, o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, evitou falar, na tarde deste domingo, em "politização" da campanha em razão do início do julgamento do "mensalão" nesta semana. Haddad cumpriu neste domingo compromisso de campanha ao participar das comemorações do Dia do Motorista, organizado pelo sindicato da categoria. Pressionado por jornalistas, o candidato petista foi evasivo quando indagado sobre o impacto do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que terá início na quinta, dia 2 de agosto.

Sobre possíveis efeitos negativos do julgamento à sua candidatura, Haddad despistou, afirmando que a população ficará atenta às propostas para a cidade que cada candidato apresentará na campanha. "A população está esperançosa em resolver seus problemas", disse o petista. "Obviamente que toda a discussão (do mensalão) interessa, mas precisamos usar o momento eleitoral para discutir a biografia e os valores de cada candidato."

##RECOMENDA##

Haddad circulou pelo local do evento durante aproximadamente 40 minutos, cumprimentou os participantes do festejo, atraindo a atenção por estar acompanhado por um grupo de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas. O ex-ministro da educação, ao conversar com a imprensa, destacou que o que está em jogo neste momento é saber o que cada candidato já fez por São Paulo, pelo Estado e pelo Brasil.

"Temos que dividir o nosso exíguo tempo na apresentação das propostas para que os paulistanos saibam o que cada um já fez e fará pela cidade, e o conjunto de apoio para o plano de governo", afirmou. "Há uma ansiedade do paulistano em saber qual rumo vamos dar a São Paulo. Ninguém está satisfeito com a cidade, da forma como vem sendo administrada. Vamos apresentar uma plataforma consistente de mudança."

Indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato à Prefeitura de São Paulo, Haddad ainda conta com pouca visibilidade entre os eleitores e o PT aposta na exposição televisiva para que o candidato cresça nas pesquisas de intenção de voto. Segundo ele, o debate será o "primeiro momento de grande visibilidade dos candidatos". "Para nós, é uma alegria apresentar nosso plano de governo, de forma gradual. Não vamos apresentar tudo em apenas um debate, mas é um bom momento para começar", afirmou.

O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 2 de agosto, já começa a mobilizar a sociedade civil. Cerca de 60 pessoas marcharam pela orla da zona sul carioca na manhã deste domingo pedindo o fim da impunidade no País. Um bolo de três andares e com 11 bonequinhos representando os ministros do STF foi cortado, em comemoração ao início do julgamento em Brasília, após sete anos de investigações.

"Queremos apoiar o Poder Judiciário. Já é uma vitória o início do julgamento. Não cabe a nós julgar. O que defendemos é que os juízes o façam com isenção e que os 38 réus do caso sejam tratados com justiça", disse Ana Luiza Archer, coordenadora do Movimento 31 de Julho contra a Corrupção e a Impunidade, que organizou o ato.

##RECOMENDA##

Do Leblon a Ipanema, os manifestantes levaram faixas com frases como "O País precisa virar essa página com justiça e coragem. Boa sorte" e "Cumpra seu papel STF", ao som de músicas de protesto como "Que país é esse", do Legião Urbana. Os ativistas questionavam, por exemplo, a origem de recursos para a contratação de advogados com honorários milionários pelos réus do mensalão.

Durante a caminhada, eles cruzaram com cabos eleitorais da candidata a vereadora Cristiane Brasil, filha do ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, delator do esquema e figura-chave no processo do mensalão, em que é réu acusado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Criado há um ano, o Movimento 31 de Julho fez parte do mutirão que reuniu grupos contra a corrupção de todo o País no início do ano. Juntos, eles reuniram 37 mil assinaturas em um abaixoassinado pedindo a celeridade na apreciação do processo e entregue aos juízes do STF em 30 de maio. O Movimento acompanhará o julgamento pelo blog "De Olho no Mensalão", onde serão publicados comentários e opiniões sobre o processo que envolve políticos, banqueiros e publicitários acusados de criar um esquema de compra de votos no Congresso Nacional, pagando mesadas a deputados e senadores.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando