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Quando o musical O Rei Leão reestrear nesta terça-feira, 07, no Teatro Renault, o ator Tiago Barbosa completará um ciclo e iniciará uma nova etapa em sua carreira - assim como o espetáculo. Depois de estabelecer um novo recorde no ano passado (foram 455 mil espectadores em 304 apresentações, a maior cifra já alcançada por musicais no Brasil em um ano), O Rei Leão busca derrubar a marca de longevidade de O Fantasma da Ópera, que ficou dois anos em cartaz, entre 2005 e 2007. E Barbosa, com seu sorriso largo e voz cativante, tornar-se um dos principais intérpretes de Simba em todo o mundo.

"Quando fiz o teste para o papel, em 2012, Julie (Taymor, criadora do musical) se emocionou, chorou e disse que ninguém a tinha tocado daquele jeito", relembra, com orgulho, Barbosa, que completa 29 anos no final do mês. Sua atuação foi tão especial que Julie decidiu encerrar ali mesmo as audições, pois já havia encontrado seu protagonista.

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O reforço veio após as primeiras pré-estreias, em março do ano passado - desgostosa com o que viu, a diretora marcou uma reunião geral com elenco e equipe técnica, para reafirmar suas indicações. E Barbosa recebeu uma recomendação especial. "Ela me chamou, olhou bem nos meus olhos e disse: ‘Você sabe que eu te amo, assim, seja você mesmo naquele palco’."

As palavras tiveram um efeito mágico - a partir dali, Tiago Barbosa conseguiu fixar uma marca em sua interpretação que torna a versão brasileira de O Rei Leão, a 16ª do mundo, em uma das mais especiais entre todas. "Agora, sinto que o personagem flui, mesmo que minha participação comece no final do primeiro ato."

E ele sente que conquistou a plateia pelo silêncio. "Meu termômetro é a música Endless Night: se, ao final, não se ouvir um só ruído no teatro, tenho a certeza de que emocionei o público", conta ele, morador da favela do Vidigal, nascido em São João do Meriti, onde ainda vive sua família, e cuja experiência teatral e musical se resume, por enquanto, a ter sido ator do grupo Nós do Morro e de ter ficado entre os oito finalistas do programa Ídolos, em 2012.

"Julie me fez entender que a entrega ao personagem tem de ser genuína, visceral", observa Barbosa que, nesse primeiro ano de temporada, enfrentou também alguns dissabores - como quando sua máscara caiu em um momento em que cantava ‘a capella’. "Ficar sem a máscara, em O Rei Leão, é quase ter a mesma sensação de desnudamento, mas continuei concentrado e não deixei que o incidente desviasse a atenção do público", relembra.

O sucesso também provocou alguns arranhões sentimentais, como a tristeza do pai, que é pintor de casas, pela repentina falta de trabalho: a vizinhança acreditou que o sucesso do garoto enriquecera a família, daí entender que seu Jorge não necessitava mais de serviço. "Ele ficou muito sensibilizado, mas logo conseguimos contornar o problema."

Tiago Barbosa não teme ficar marcado pelo papel de Simba - sabe que seu talento é múltiplo e variado a ponto de oferecer variadas interpretações no futuro. Mesmo assim, ainda não pensa no que vai fazer quando encerrar a temporada de O Rei Leão. "Muitas pessoas me perguntam isso, mas fico surpreso, pois ainda tenho muito o que descobrir nesse musical", responde. "Apesar de tudo ser muito bem sincronizado, o espetáculo não é repetitivo e tento evitar a atuação mecânica. Afinal, Simba é um ser especial." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A estreia de "O Rei Leão" nesta quinta à noite, no Teatro Renault, encerra mais uma fase da consolidação dos musicais no Brasil - e em São Paulo, em particular. O espetáculo dirigido e concebido por Julie Taymor traz uma riqueza de detalhes técnicos cuja realização não apenas justifica o alto investimento de produção (R$ 50 milhões) como comprova a qualificação dos profissionais brasileiros.

"É impressionante como tudo acontece perfeitamente sincronizado, sem problemas", observou o ator Saulo Vasconcelos, que acompanhou, na terça-feira, uma apresentação para convidados. Ele faz parte da 'primeira geração' dos musicais brasileiros, um seleto grupo de intérpretes que ajudaram a formatar o gênero em São Paulo. Vasconcelos, que fez "A Bela e a Fera" (2002) e principalmente "O Fantasma da Ópera" (2005), primeiro megassucesso, estava na plateia formada ainda por outros pioneiros como Marcos Tumura, protagonista de "Les Misérables" (2001), o musical que fincou as fundações nacionais desse tipo de espetáculo; Daniel Boaventura ("A Bela e a Fera", "Chicago", "Evita") e Jonathas Joba ("A Bela" e "Fantasma").

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"O Rei Leão" não representa apenas um marco no Brasil - estreou na Broadway em 1997 e, em cartaz até hoje, logo se tornou um estrondoso sucesso, faturando cerca de US$ 4,8 bilhões e batendo nas bilheterias um super peso-pesado, "O Fantasma da Ópera", que está há muito mais tempo na estrada (estreou em 1986). O curioso é que, no início do projeto, temia-se por um grande fracasso. "Fiquei com medo de que a montagem fosse algo como os personagens da Disneylândia, vestidos com a cabeça do Mickey Mouse", lembra Julie Taymor, que veio a São Paulo para acompanhar a estreia nacional.

O desastre foi evitado graças a medidas corajosas tomadas pela diretora. Quando foi convidada por Tom Schumacher (produtor e presidente da Disney Theatrical Productions, a produtora do espetáculo) para adaptar para o palco a animação, em 1996, Julie teve várias ideias que, na época, soavam arrojadas. A primeira e mais essencial era não esconder os atores que interpretariam os animais. "Não queria fazer um musical ao estilo Disney, em que o segredo da fantasia não pode ser revelado", lembrou. "Meu desejo era que a plateia visse o ator manipulando o boneco e criasse sua própria fantasia."

Assim, ela promoveu, no palco, a mistura de elementos de arte e artesanato africano para retratar personagens antropomórficos - ao lado do designer Michael Curry, Julie criou centenas de máscaras e fantoches, que se amoldam ao corpo de cada ator. E, além das canções criadas por Elton John e Tim Rice (traduzidas aqui por Gilberto Gil), o espetáculo possui diversas músicas no idioma zulu.

A história é fiel à trama da animação e conta a trajetória de Simba, pequeno leãozinho filho de Mufasa, que governa a floresta. O nascimento do jovem desperta a ira de Scar, irmão do rei, pois diminuem suas chances de herdar a coroa. Assim, bem ao estilo Hamlet, Scar mata Mufasa e acusa Simba de permitir a morte do pai. O rapaz é obrigado a fugir do reino e amadurece à distância, até chegar o momento de voltar e retomar o poder. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O REI LEÃO

Teatro Renault (Av. Brig. Luís Antônio, 411). Tel. (011) 2846-6060. 4ª a 6ª, 21 h, sáb., 16 h e 21 h, dom., 15h30 e 20 h. R$ 50 / R$ 280.

"O Rei Leão" passou a ser o espetáculo mais lucrativo da história da Broadway. O musical baseado no filme do estúdio Walt Disney tomou o lugar de "O Fantasma da Ópera" como campeão em arrecadação. Em cartaz desde novembro de 1997, chegou a US$ 853,9 milhões faturados, ante US$ 853,1 milhões do musical de Andrew Lloyd Webber.

A diferença é que "O Fantasma da Ópera" estreou quase dez anos antes, em janeiro de 1988. "O Rei Leão" tem ingressos mais caros e está em cartaz em um teatro um pouco maior, daí a explicação por conseguir quase o dobro do faturamento semanal do concorrente (cerca de US$ 2 milhões por semana, ante US$ 1,2 milhão).

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"O Fantasma da Ópera", há 24 anos em cartaz, ainda é o espetáculo campeão de longevidade nos palcos nova-iorquinos. O musical já teve mais de 10 mil apresentações e vendeu 14,8 milhões de ingressos. "O Rei Leão" teve cerca de 5,9 mil apresentações em 14 anos e vendas de 10 milhões de ingressos.

Os lucros mundiais de "O Fantasma da Ópera" são astronômicos, no entanto. Com US$ 5,6 bilhões feitos até hoje, o musical da Broadway e suas várias montagens pelo mundo são o produto cultural mais lucrativo de todos os tempos - muito mais do que "Avatar", "Titanic" ou até mesmo "Guerra nas Estrelas" e "Harry Potter", por exemplo. No total, "O Fantasma da Ópera" já foi visto por 130 milhões de pessoas no teatro em todo o mundo.

Para "O Rei Leão", este número é de 64 milhões de espectadores. O musical da Disney tem música de Elton John, letras de Tim Rice e direção de Julie Taymor.

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