Três banquinhos, dois violões e um cello. Sem cenário, sem jogos de luz. O acústico de Gilberto Gil no Teatro Guararapes na noite deste último sábado (14) é a prova de que uma produção enxuta não compromete o espetáculo quando se tem grandes músicos no palco. Acompanhado pelo filho Bem Gil, no violão, e pelo violoncelista Jacques Morelembaum, em 1 hora e 50 minutos de show, iniciado pontualmente às 22h, o baiano apresentou um repertório afetivo, marcado por composições em homenagem à sua família, como as músicas Flora e Quatro Coisas, dedicadas à sua mulher, e Das Duas Uma, composta para o casamento de sua filha Maria.
Grandes sucessos como Expresso 222 e Andar com Fé fizeram o público cantar junto em um teatro com pouco mais da metade dos 2,5 mil lugares ocupados. Além das composições próprias, Gil apresentou músicas feitas em parceria Dominguinhos (Lamento Sertanejo), Jorge Mautner (O Rouxinol), Capinan (Varamundo), e Caetano Veloso (Panis et Circense). Também interpretou Dorival Caymmi, com Saudade da Bahia.
Na apresentação desplugada, o artista - que integrou a marcha contra a guitarra elétrica em 1967, ao lado de Elis Regina, Jair Rodrigues e Edu Lobo - reafirma o grande violonista que sempre foi. Mas das 20 cordas que integram o concerto (oito de cada violão e quatro do cello), nenhuma é tão indispensável quanto as duas cordas vocais de Gilberto Gil.
Homenagem a Chico Buarque
O cantor pernambucano Geraldo Maia, ao lado do violonista Vinício Sarmento, fizeram a abertura do show, com apresentação com composições de Chico Buarque dos anos 70. Entre as músicas apresentadas em cerca de 1 hora estiveram Fado Tropical, Geni e o Zepelin, Rosa dos Ventos, Subúrbio e Cálice, esta última feita em parceria com o anfitrião da noite de sábado chuvosa, Gilberto Gil.