Raul Henry

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Contraponto

Perfil: Economista, com mestrado em Gestão Pública pela UFPE, Raul Henry foi vice-prefeito e secretário de Turismo, Cultura e Esportes do Recife. Ocupou também os cargos de secretário de Educação e Cultura, e de Planejamento de Pernambuco. Foi deputado estadual e hoje está no segundo mandato de deputado federal pelo PMDB.

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A maior usina suja do mundo

Raul Henry, | sex, 28/10/2011 - 15:51
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O Governo do Estado e o Grupo Bertin assinaram, no último dia 13 de setembro, um protocolo de intenções para construir em Pernambuco a maior usina suja do mundo. O Estado comprometeu-se com incentivos fiscais de ICMS e a cessão de 94 hectares de terra para a instalação da usina.

A famigerada usina, denominada Suape III, terá uma potência instalada de 1.452 megawatts, e seu combustível será óleo pesado tipo B1, com enorme teor de enxofre. Sua capacidade poluidora corresponde ao lançamento de 24 mil toneladas de CO2 por dia, o que resulta em aproximadamente oito milhões de toneladas de gases que causam efeito estufa por ano, um terço de toda a poluição causada pelo setor elétrico no Brasil.

Como se não bastassem esses estragos, os mencionados gases podem ainda provocar chuva ácida, com alto teor de ácido nítrico e ácido sulfúrico.

Mas não é só isso. Para o funcionamento dessa térmica é necessário um terminal de armazenamento para 200 mil toneladas de óleo pesado, em pleno litoral sul de Pernambuco, onde se localizam as mais belas praias do estado, como é o caso de Porto de Galinhas e da Praia dos Carneiros. Em linha reta, Suape fica a aproximadamente 8 km de Porto de Galinhas. Qualquer acidente ambiental degradará irreversivelmente o maior cartão postal e o maior ativo turístico do povo de Pernambuco, que são as praias do seu belo litoral.

Quais são os benefícios de tão hediondo empreendimento?

Os argumentos do Governo do Estado e dos investidores é o aporte de dois bilhões de reais, a geração de 500 empregos diretos e a arrecadação de mais impostos.

São argumentos pífios e injustificáveis.

O próprio representante do Grupo Bertin afirmou querer concentrar esses investimentos em Pernambuco porque a licença ambiental está extremamente difícil em Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte. Daí a intenção de concentrar cinco usinas em uma só, e fazer de Pernambuco a localização desse Cavalo de Tróia, arruinando a imagem internacional do Complexo Industrial e Portuário de Suape como projeto ambientalmente sustentável.

Hoje, o mundo inteiro caminha para produzir energia limpa. No Nordeste, principalmente, onde há excelentes jazidas de vento e elevado grau de irradiação solar, essas novas energias têm um potencial privilegiado. Para dar um exemplo da viabilidade dessas novas energias, no último leilão da ANEEL a energia eólica foi vendida a 140 reais por megawatt/hora, enquanto o preço estimado para a energia desse “monstrengo” é de 332 reais por megawatt/hora. 

Como representante do povo de Pernambuco, no último dia 3 de outubro, protocolei uma representação no Ministério Público Federal, solicitando investigação do impacto ambiental deste empreendimento. E, no dia 10 do mesmo mês, o MPF anunciou a abertura de inquérito civil público para apurar o caso.

Vamos nos mobilizar para não permitir que Pernambuco caminhe na contramão da história e comprometa, irreversivelmente, a ideia de desenvolvimento sustentável e um futuro melhor para o seu povo. 

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