Raul Henry

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Contraponto

Perfil: Economista, com mestrado em Gestão Pública pela UFPE, Raul Henry foi vice-prefeito e secretário de Turismo, Cultura e Esportes do Recife. Ocupou também os cargos de secretário de Educação e Cultura, e de Planejamento de Pernambuco. Foi deputado estadual e hoje está no segundo mandato de deputado federal pelo PMDB.

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Governo Federal erra ao reduzir IPI de carros

Raul Henry, | qui, 24/05/2012 - 14:21
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Apesar de o Brasil ter atravessado até agora, sem grandes turbulências, a crise econômica internacional, desta vez, o Governo Federal errou na receita adotada ao reduzir o IPI da indústria automobilística. As razões são várias:

1- Estimular mais consumo quando 45% da renda das famílias brasileiras já estão comprometidos com dívidas significa induzir essas famílias à falsa ilusão de que podem consumir mais. E isso acarretará maior inadinplência, que já está em um patamar elevado. O Brasil precisa de mais investimento e não de mais consumo.

2- A redução do IPI dos automóveis beneficia exclusivamente um setor industrial localizado no Sul e no Sudeste, sobretudo em São Paulo. Mas essa redução de IPI resulta também em redução de FPM, que é a principal fonte de arrecadação dos municípios do Norte e do Nordeste, esses útimos convivendo com a seca inclemente e devastadora. É, mais uma vez, o sacrifício do povo nordestino garantindo os empregos de São Paulo.

3- O congestionamento e a paralisação do trânsito das grandes cidades já dá sinais evidentes do esgotamento da cultura do uso do automóvel para o deslocamento individual. O estímulo à compra do carro só vai aumentar um problema que exige soluções com elevados custos para a sociedade. Para se ter uma ideia, hoje, já entram 7.700 novos carros nas ruas do Recife, todos os meses, o que levará a uma duplicação da frota em oito anos.

4- A solução para o aumento da competitividade da economia brasileira passa, necessariamente, pelo aumento do investimento público em infraestrutura, por uma educação pública de qualidade que forme mão de obra qualificada, e pela desburocratização da atividade empresarial e redução da carga tributária. Mas essas medidas exigem mudanças estruturais no comportamento do setor público no Brasil.

Essa interpretação é praticamente consensual entre todos os analistas econômicos que escreveram sobre esse incentivo governamental. 

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