Janguiê Diniz

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O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

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O temor inflacionário

Janguiê Diniz, | qua, 11/01/2012 - 15:59
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Surgem dois livros sobre a  história da inflação brasileira: A real História do Real, de Maria Clara Prado e a Saga Brasileira, de Miriam Leitão. Somam-se, oportunamente, a  outros que  já insistem em nos  convidar para compreender melhor e, talvez, com maior didatismo, os  passos do sujeito social e, claro, sua capacidade de consumo e, consequentemente, a pedra no  meio do caminho de tudo isso: a inflação.

A inflação impede a previsão econômica e, sem esta, é impossível o setor produtivo ser  voraz nos investimentos. O espírito animal do empresariado é corroído pela expectativa da inflação. A inflação também impede o aumento da renda dos indivíduos e faz com que o planejamento financeiro não faça parte da agenda da família brasileira.

As autoras Maria Clara Prado e Miriam Leitão mostram a trajetória da inflação. Por  muitos anos, a inflação retirou a capacidade de investimento do empresariado. A inflação impossibilitou a consolidação do sistema financeiro. E criou a cultura da exploração dos indivíduos.

E, com isso, naturalmente ocorre o interesse de o indivíduo explorar o outro no  mercado, ou seja, deparamos com a cultura da exploração, já que ele não sabe qual será o seu ganho amanhã. Portanto, a expectativa dos indivíduos – os que estão interagindo economicamente -  é que o futuro pode ser ruim, em razão da inflação e,  por consequência, indivíduos, para evitar um futuro sem benefícios, exploram o outro.

O efeito da supervalorização cambial agride muito mais os níveis da  produção e do emprego do que os demais setores. Por outro lado, quando a taxa de câmbio desvaloriza, há uma redução do salário real.  Quanto ao desempenho econômico de um país, não está atrelado necessariamente a  seu desenvolvimento sustentável. Uma nação pode crescer à custa da desvalorização de seu patrimônio. Por isso, os índices de sustentabilidade e da preservação de seus recursos naturais do Brasil não podem ser ignorados. Sabemos, enfim, que tudo isso é complexo. Mas, como bem revela as obras A real História do Real e A Saga Brasileira, surgiu FHC com o Plano Real. E a natural complexidade sistêmica começou a ser  compreendida e administrada melhor. A inflação, por exemplo, após vários ministros da Fazenda terem tentado controlá-la ( sem sucesso ), passou a ser domada. O ex-presidente Lula assumiu o compromisso em plena campanha eleitoral no ano de 2002 de que a inflação não voltaria a incomodar os brasileiros. E Dilma, até o instante, mostra o seu compromisso em manter controlada a inflação.

A taxa de inflação em 2011 fechou no limite da meta, 6,5%. Talvez, segundo especialistas, em 2012 a meta inflacionária definida pelo Banco Central não seja respeitada em  virtude do aumento do salário mínino e de ações contraditórias para ativar a economia por conta da crise europeia. Portanto, neste instante, voltamos a conviver com a incerteza. Esta incerteza  afeta as previsões do setor produtivo quanto ao desempenho da economia em 2012. Com efeito,  investimentos são afetados. Consumidores também ficam em dúvida quanto aos gastos. Por conseguinte, a perspectiva de crescimento da economia brasileira não mais é nossa convicção. Aguardemos a autonomia do Banco Central  e as intervenções do governo da presidente Dilma.  Afinal, o consumo de necessidades da vida e  superfluidades da vida precisam continuar – é o que impõem os tempos modernos.

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