Janguiê Diniz

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O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

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A Veneza brasileira

Janguiê Diniz, | qua, 08/08/2012 - 14:09
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Recife, a Veneza Brasileira ou ainda a “Cidade Maurícia”, é interligada por canais, córregos, rios e bacias. As águas cortam grande parte dos bairros, do tradicional São José ao canal do Arruda, de Boa Viagem à Tejipió. Ademais, a cidade é uma das 65 com economia mais desenvolvida dos mercados emergentes no mundo, em uma lista na qual aparecem apenas cinco cidades brasileiras - São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília e Curitiba.

Diante de tantos problemas com mobilidade urbana e na tentativa de utilizar nossos rios para locomoção, o governo do Estado tem pensado em alternativas para aumentar as opções de se transitar em Pernambuco. Entre elas está tornar o rio Capibaribe navegável. Diante desta novidade, é pertinente questionar sobre estrutura do Recife do ponto de vista da malha hídrica. Como estão as condições dos nossos rios e canais? Ora esquecidos e por muitas vezes escondidos pela quantidade de sujeira que os próprios moradores jogam, ora ignorada pelo poder público.

Se avaliarmos o exemplo de Amsterdã, capital Holandesa e cidade com potencial hídrico como o Recife, é possível visitar as áreas mais antigas e mais recentes da cidade, todas acessíveis pela água e inúmeras opções de caminhos. A cidade é famosa pela rede de canais circulares foi construída com duas funções: criar espaço para que a água circulasse por redes seguras até o rio Amsted,  evitando alagamentos, e criar um belo legado arquitetônico. Conseguiram realizar ambos.

Voltando ao Recife, a iniciativa do governo faz parte do programa “Rios da Gente”, com um investimento de R$ 289 milhões, que almeja transportar 335 mil passageiros por mês e é o primeiro projeto desse tipo em todo o PAC da Mobilidade nacional. Ainda de acordo com o projeto, serão colocados em navegação 12 barcos, em sete estações e todas as restrições existentes à navegação no Capibaribe serão removidas, isso inclui lixo, escombros de antigas construções e vegetação excessiva. 

Poucos sabem, mas o Rio Capibaribe já foi navegável e suas águas limpas serviam de escoamento para a cana-de-açúcar, tijolo e madeira. O que de fato nos chama atenção, além do projeto de navegação para o Capibaribe, que há anos é esperado, são as condições em que o rio se encontra. Os R$ 102 milhões que serão aplicados na dragagem de 17 quilômetros, é apenas parte do prejuízo ambiental. Serão 859 mil metros cúbicos de resíduos a serem dragados em 13,5 quilômetros do rio, 40% é de material contaminado por metais pesados e esgotos.

O principal entrave para uso do Capibaribe, como via de transporte, está no fato de que, para mantê-lo navegável e apto para o transporte, seria imprescindível dragá-lo a intervalos curtos. Ademais, não basta apenas investir em projetos de dragagem, é preciso educar os moradores para que detritos e lixos não sejam jogados no rio, evitando o acúmulo de resíduos e aumentando as possibilidades de mais uma forma de mobilidade.

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