Raul Henry

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Contraponto

Perfil: Economista, com mestrado em Gestão Pública pela UFPE, Raul Henry foi vice-prefeito e secretário de Turismo, Cultura e Esportes do Recife. Ocupou também os cargos de secretário de Educação e Cultura, e de Planejamento de Pernambuco. Foi deputado estadual e hoje está no segundo mandato de deputado federal pelo PMDB.

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Abuso na Cultura

Raul Henry, | qua, 04/09/2013 - 15:54
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Quem vê esta manchete tem o direito de se perguntar: 

Será que nós temos uma educação básica de alto nível? 

Será que nosso sistema público de saúde é de primeiro mundo?

Será que o problema do transporte coletivo das grandes cidades está resolvido através de BRTs, VLTs e metrôs de padrão internacional?

Será que temos estradas e ferrovias, portos e aeroportos compatíveis com as necessidades do país? 

Será que os equipamentos culturais como museus e bibliotecas e, sobretudo, as edificações do nosso patrimônio histórico estão em excelente estado de conservação?

Será que os inúmeros grupos de cultura popular nos lugares mais longínquos deste país têm o apoio adequado?

É claro e evidente que a resposta para todas essas perguntas é não. Mas o delírio elitista, autoritário e megalomaníaco da Ministra da Cultura nos faz crer que tudo isso está resolvido. 

Como é possível um país com tantas carências e tantas demandas básicas não atendidas gastar R$7 milhões com desfiles de moda dos quais R$ 2,8 milhões em Paris e R$ 2,6 milhões em Nova York?

Esse recurso é público, de renúncia fiscal. Que benefício trará ao povo brasileiro? 

Na realidade estamos assistindo a mais uma atitude que denuncia a insensibilidade e o autoritarismo que impera hoje no Ministério da Cultura. 

Esse desfile de Paris, inclusive, foi barrado duas vezes pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, e mesmo assim a ministra usou seu poder discricionário para autorizar a liberação dos recursos públicos para um único beneficiário que é o estilista e a empresa que promove seu evento na capital da França. 

Estilistas são comerciantes, donos de lojas, empresários que organizam sua produção a partir da demanda do mercado. Esse não é o caso dos grupos de teatro e dança, dos escritores, dos artistas plásticos ou dos músicos, entre outros. 

Pela lógica extravagante da ministra, cuja justificativa é internacionalizar a imagem do país, seria melhor financiar as novelas da Globo. 

A sociedade brasileira não aceita mais esse tipo de postura pernóstica, deslumbrada, obscura, arrogante e que ignora o sentimento das ruas. 

A sociedade brasileira exige novas prioridades e novas práticas. E o nosso dever aqui é denunciar esse tipo de abuso.

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