Djalma Guimarães

Djalma Guimarães

Seu Bolso

Perfil:Economista pela UFCG e Mestre em Engenharia de Produção pela UFPE. É Docente, Projetista e Consultor Empresarial da i9 Projetos.

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A febre do dinheiro fácil

Djalma Guimarães, | sex, 14/06/2013 - 21:38
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Uma verdadeira febre tem se alastrado por todo o Brasil, é a febre do enriquecimento rápido e fácil. Centenas de pessoas têm aderido a uma “estrutura” de negócios que promete ganhos superiores a de qualquer outra aplicação na economia e mercado financeiro convencional. Ganhos elevados ganhos com pouco ou nenhum trabalho.

Diariamente recebo perguntas sobre tal tema e por isto, escrevo este texto, no qual espero esclarecer alguns pontos. Primeiramente é ilustrada a geração da riqueza em uma economia e em seguida é apresentada a geração de riqueza nestas estruturas de investimento.

Como é gerada riqueza em uma economia?

Na teoria econômica existem diferentes concepções de geração de valor/riqueza. Primeiramente consideremos a ideia de que a riqueza é originária do trabalho humano, assim, quanto mais trabalhosa é a execução da produção de uma caneta, maior será o seu valor. Outra concepção condiciona o valor de um bem à presença de utilidade, quanto maior utilidade de determinado bem, maior, portanto é o seu valor.

 O próprio conceito de Produto Interno Bruto (PIB) representa uma medida do somatório dos bens e serviços finais produzidos em uma economia durante determinado período de tempo.  Ou seja, a riqueza é gerada através da produção de bens e serviços.

Como é gerada riqueza nestas estruturas de investimento?

Este é um esquema antigo que de tempos em tempos aparece de roupagem nova, com as mesmas promessas, mas a estrutura é basicamente a mesma, as pirâmides financeiras. 

O modus operandi de tal esquema é o seguinte: Investidores são atraídos com promessas de rendimentos elevados, em seguida o entrante faz um aporte inicial de capital com a promessa de recebimento de um montante muitas vezes superior ao valor investido com pouco ou nenhum esforço em um período consideravelmente curto.

O sistema é realimentado com a entrada de novos investidores. Assim, para que os rendimentos dos investidores se sustentem é necessária uma entrada contínua de investidores.

Esta rápida observação destas oportunidades de enriquecimento rápido e fácil mostra que tais “investimentos”, ou melhor, “esquemas de investimentos” não são baseados nem em trabalho, e os bens/serviços prestados possuem pouca ou nenhuma utilidade, logo não há geração de riqueza. Os indivíduos que entram sustentam os rendimentos dos que estão acima na pirâmide.

Em alguns casos existe a comercialização de um bem, no entanto, o valor recebido pelo bem é muitas vezes maior do que o valor de mercado do bem. Onde é gerada tal diferença de valor? Logo, repete a mesma estrutura acima apresentada.

Como pode ser criada tanta riqueza nestes tipos de “investimento” com pouco ou nenhum trabalho/utilidade contidos nos produtos/serviços?

Não é criada nenhuma riqueza, ocorre apenas uma transmissão dos recursos dos indivíduos que estão entrando para os que já estão no esquema. Logo, tal estrutura não possui uma base sólida e o nível de risco é elevado.

Tais estruturas possuem uma série de efeitos colaterais, ocorre com frequência que os “investidores” destas pirâmides desenvolvem um comportamento parecido do com de jogadores, ou seja, contraem empréstimos se desfazem de bens para aplicar nas pirâmides e quanto maior o valor investido, maior a queda.

No entanto, os efeitos negativos de tais negócios vão além do ônus pecuniário, vínculos pessoais e profissionais são afetados. Imagine que alguém importante em sua network perde uma soma considerável e você foi à pessoa que o apresentou a pirâmide?

Contribuem para o sucesso desta febre: disseminação do acesso à internet, desinformação, “jeitinho brasileiro” (nossa cultura de se dar bem sempre), etc. Porém, a teoria, a história e a prática demonstram que tais sistemas são como castelos de cartas, por mais bem elaborados que sejam não resistem ao tempo.

Por estas e outras, vale a antiga sabedoria apresentada no comecinho da Bíblia lê-se “Do suor do teu rosto comerás o teu pão”.

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