Ter uma prova nacional, como parâmetro de comparação e que ajuda na seleção de alunos para universidades brasileiras, conceitualmente, representa um avanço. É importante podermos medir o nível de aprendizado entre estados e cidades da Federação. Como também, uma seleção feita em três etapas, uma a cada ano do ensino médio, premia melhor o aprendizado do que o vestibular feito uma única vez.
Contudo, a incompetência do Ministério da Educação em aplicar o Enem de forma justa e sem fraudes tem sido uma constante nos últimos anos. Depois de vários vazamentos de gabarito, este ano temos a exposição do caso “miojo”, quando um aluno escreveu no meio de sua redação, a receita do macarrão instantâneo e, mesmo assim, foi aprovado no exame.
Não quero, neste artigo, ser mais um a detalhar a incompetência do governo federal em colocar em prática uma boa ideia como o Enem. Isto, muitos já fizeram. Contudo, o que defendo é a exclusão da prova de redação do exame. Não é possível que examinadores de Roraima, Tocantins, São Paulo ou Santa Catarina consigam avaliar uma prova tão subjetiva da mesma maneira. Mesmo respeitando critérios, as chances de injustiças são muito grandes com tantos examinadores envolvidos.
Defendo essa tese não por ignorar a importância da escrita e da redação num processo seletivo, mas, ao contrário, para valorizá-lo. O Enem deve continuar sendo realizado em três etapas, cobrindo as diversas áreas do conhecimento. E as redações deveriam ser aplicadas individualmente por cada universidade. Assim, a nota do Enem seria apenas composta de questões objetivas e as instituições de ensino complementariam a seleção, com suas próprias redações. É mais fácil uma universidade controlar e monitorar seus examinadores do que fazê-lo nacionalmente para todos os secundaristas do Brasil.
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