Daniel Coelho

Daniel Coelho

Tribuna Livre

Perfil:Nascido no Recife, Daniel Coelho tem 34 anos e cumpre seu primeiro mandato de deputado estadual, pelo PSDB. Antes, foi duas vezes vereador do Recife, pelo PV. Formado em Administração pela UPE, com mestrado na Inglaterra, Daniel foi candidato a prefeito do Recife em 2012, terminando a disputa em segundo lugar, com mais de 245 mil votos recebidos.

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Nem tudo é festa na Semana do Meio Ambiente

Daniel Coelho, | qua, 05/06/2013 - 09:09
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O mês de junho começa não apenas com os preparativos para os festejos juninos no Nordeste. Num panorama bem mais amplo, estamos passando pela Semana Mundial do Meio Ambiente, cujo dia se comemora neste dia 5. “Se comemora” é modo de dizer. A data merece, sim, ser lembrada sempre, mas assim como muitas outras, mais para ser refletida do que necessariamente festejada.

Seria preciso muita má vontade para não reconhecer que, nos últimos 20 anos, o Brasil tem evoluído no que se refere ao debate ambiental, às preocupações com a sustentabilidade e que esse tema tem estado muito mais presente no nosso dia a dia. Sim, desde a Rio-92, o País ficou no olho do furacão em relação ao resto do mundo, que passou a observar de forma mais atenta a tudo o que acontece no lugar onde está localizada algumas das maiores áreas verdes do mundo – e onde ocorrem os maiores índices de desmatamento ilegal. E o fato de ser alvo desse olhar externo, elevou o debate ambiental brasileiro.

Um dos pontos que devem ser observados como positivos está justamente na ampliação das discussões. Hoje, o tema da sustentabilidade está presente desde cedo nas escolas. Nas redes sociais, o debate é frequente e as atenções para o mundo político, no que se refere, por exemplo, ao debate acerca do novo Código Florestal mobilizou boa parte da sociedade. Isto é bom, mostra uma diferença em relação ao que se via até o início dos anos 1990, quando falar em meio ambiente era uma preocupação menor.

No entanto, como foi dito acima, é muito pouco para se festejar. Primeiro porque, ao mesmo tempo em que a moda do “politicamente correto” faz com que muita gente entre no debate na internet, mostrando suas “preocupações”, por exemplo, poucas conseguem sair do discurso teórico para abrir mão de um certo “comodismo” existente. Em outras palavras: muitos defendem de forma veemente atitudes sustentáveis. Poucos a utilizam na prática.

Do ponto de vista político-econômico, também temos ainda enormes problemas. A expansão agropecuária e a falta de fiscalização continuam sendo as principais responsáveis pelo alto índice de queimadas no País. O desmatamento, ainda que em queda, continua atingindo patamares preocupantes em alguns Estados – como no Amazonas, que continua em ritmo acelerado. O destino dos resíduos sólidos é outro problema seríssimo, que não apenas é uma das principais fontes de degradação do meio ambiente, como desemboca ainda em outro ponto absolutamente assustador: a poluição nos rios brasileiros.

Os problemas são sérios e muitos. Os entraves, idem. É de fundamental importância para o futuro das pessoas que, politicamente falando, não se fique apenas no debate bem-intencionado do período eleitoral. São necessárias, urgentemente, ações práticas e concretas. Mais que isso: coragem para o enfrentamento dos interesses econômicos que rodeiam a questão ambiental. Caso contrário, num futuro não muito distante, não haverá mais razões para se comemorar o Dia do Meio Ambiente. Porque, provavelmente, ele não existirá.

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