Janguiê Diniz

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O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

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O legado de Bento XVI e a missão do novo Papa

Janguiê Diniz, | ter, 26/02/2013 - 11:41
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Enquanto o mundo ainda avalia os impactos da renuncia papal, que não ocorria há mais de 598 anos, no próximo dia 28 de fevereiro, o papa Bento XVI deixa o Pontificado após sete anos. Depois de uma renúncia inesperada e de muitos questionamentos sobre o motivo que fizeram Bento XVI deixar o cargo, é preciso analisar o que o Papa bento XVI deixa como legado aos católicos e à Igreja.

Diferentemente de João Paulo II, o papa Bento XVI não foi um bom gestor, nem tampouco um bom pastor da igreja. Em publicação do G1, portal de notícias da Globo, “o papado do conservador alemão foi marcado por algumas crises, com várias denúncias de abuso sexual de crianças e adolescentes e acobertamento por parte do clero católico em vários países, que abalou a igreja, por um discurso que desagradou aos muçulmanos e também por um escândalo envolvendo o vazamento de documentos privados por intermédio de seu mordomo pessoal, o chamado ‘VatiLeaks’, que revelou os bastidores da luta interna pelo poder na Santa Sé”.

Não seremos hipócritas de acreditar que os casos de abuso aconteceram apenas no pontificado de Bento XVI. Esse é um problema de décadas, bem como seu acobertamento. Contudo e excluindo o seu papel conservador, inquisidor e reprovável contra a Teologia da Libertação, Bento XVI foi um papa diferente de todos os anteriores em virtude de sua extraordinária formação intelectual. Membro de várias academias científicas da Europa, e com oito doutorados honoríficos de diferentes universidades, o Santo Padre sempre foi um estudioso.

Bento XVI e João Paulo II se tornaram amigos enquanto ainda eram cardeais, durante o conclave de 1978, que elegeria, após oito escrutínios, Karol Józef Wojtyła ao cargo. Foi então que Joseph Alois Ratzinger foi nomeado pelo então Papa João Paulo II como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Ambos tinham personalidades totalmente diferentes. João Paulo II criou uma nova abertura e sensibilidade para os problemas da religião, para a necessidade da dimensão religiosa na vida do homem, e, para Bento XVI, o Papa polonês, sobretudo, mostrou de novo a importância do Bispo de Roma.

Com a renúncia e a formação inédita de um conclave para eleger o novo Papa, enquanto o anterior está vivo, as perguntas se voltam para o que irá acontecer com Bento XVI. Com que título ele passará a ser tratado? E como o pontificado deverá ser conduzido pelo novo Papa, sabendo que Bento XVI continuará na Igreja.

As dúvidas começam com a mudança na reunião do conclave, já que este sempre esperou entre 15 e 20 dias após a morte do Papa, para só então se reunir e eleger o nome pontífice. Mas as leis da doutrina católica continuam iguais: o novo Papa deve ser eleito em até 30 escrutínios com 2/3 dos votos ou após o trigésimo escrutínio, o escolhido é eleito pela maioria simples. Ou seja, metade dos Cardeais mais um.

Para finalizar, talvez o que tenha faltado a Bento XVI tenha sido a comunicação. A provável causa da má imagem do Papa é porque as pessoas não sabem o quão antigos eram os problemas da igreja Católica e ele, por sua vez, não comunicou os esforços feitos para “limpar” as coisas. Desejo, aqui, boa sorte ao novo pontífice, principalmente pelo desafio de transmitir a um público mais amplo e enfrentar as diferenças culturais. 

 

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