Não dei muita atenção à polêmica da destruição dos velhos armazéns dos Cais de Estelita em razão de assuntos outros mais urgentes da política nos últimos dias ter tomado este espaço. Desde os tempos passados, especialmente pela pena do mestre Gilberto Freyre, Recife foi retratada como uma cidade cosmopolita, por ter recebido a influência da Europa, do Oriente e dos Estados Unidos.
Já disse Freyre que Recife é uma das cidades mais afrancesadas do Brasil assim como uma das mais anglicizadas. Recife sempre viveu adiante do seu tempo em busca da modernidade, mas erguer espigões residenciais e comerciais numa área muito mais apropriada para um grande centro gastronômico e cultural é uma agressão ao bom senso.
Daí a reação da sociedade e das suas instituições, que lutam e sonham por uma cidade mais harmoniosa, mais prazerosa e não objeto de exploração do capital. Não se trata de saudosismo, mas é importante viver numa cidade onde possamos perambular pelas ruas, passear olhando as casas, os prédios, lendo a história que a arquitetura nos conta.
Mesmo que isso possa ser entendido como saudosismo, mas o que é um saudosista? O saudosista é um restaurador. Alimenta o desejo de recriar um passado perdido. Vive a fantasia do retorno.
O saudosista, se pudesse, congelaria o tempo em alguma idade de ouro que ficou para trás. Recife não quer continuar olhando o Cais Estelita como um ouro do passado que tem que ser preservado. Nada disso!
Falta, hoje, mais qualidade de vida cultural e lazer. Ali, cairia como uma luva um projeto ousado e moderno da Prefeitura em sintonia com a iniciativa privada para nos abrir um leque de opções de teatro, cinema, museus, bares e restaurantes.
Não há uma paisagem mais linda e atraente do que a do Cais de Estelita. De lá, sem espigões e arranha-céus, queremos ter todo o direito de continuar vendo as jangadas e seus jangadeiros, que integram a paisagem dessa cidade levantada entre a água do mar e a mata tropical.
Afinal, como cantam os poetas apaixonados pelo Recife, as águas do Capibaribe, do Beberibe, do mar, de açudes, dos mangues, assim como as pontes, os botes e as canoas são instituições recifenses e ninguém tem esse direito de nos roubar.
E MARINA DEIXA?– O PR caminha para apoiar a reeleição da presidente Dilma. Candidato a governador do Rio, o deputado Garotinho deixou escapar, ontem, simpatia pela candidatura de Eduardo, mas o que dirá Marina, que já atrapalhou o socialista em São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas, defendendo a prática da verdadeira nova política? “O Rio não vai acompanhar a decisão nacional. Só São Paulo poderia mudar este rumo”, avisa Garotinho.
O Pinóquio– O secretário de Infraestrutura, João Bosco, mentiu ao anunciar, em março passado, que as obras de restauração da PE-272, que liga o distrito de Albuquerquené ao município de Afogados da Ingazeira, seriam priorizadas. Até agora, nada e a população vive uma vida infernal trafegando sobre buracos.
Pressão em José Jorge– A declaração de independência do ministro do TCU, o pernambucano José Jorge, segundo relata Ilimar Franco, pode acabar no STF. A crença no Congresso é de que ele não irá à CPI da Petrobras nem se for convocado. Os ministros do órgão auxiliar do Legislativo se consideram magistrados e, por isso, intocáveis. Os partidos do governo estão decididos a ir para cima e recorrer à Justiça.
O pibinho- Eduardo classificou o avanço do PIB como "lamentável" e disse que a economia do Brasil só irá melhorar quando houver a mudança política que o país espera. "O governo submeteu o Brasil ao mais baixo crescimento da história republicana. É lamentável”, disse. E acrescentou: “Torcemos e tentamos ajudar para que o País tivesse outro comportamento na economia”.
Não é poste– Lula não deu margens a qualquer apelo de 'volta, Lula' na entrevista de dez páginas que concedeu à revista Carta Capital. Estampado na capa em paletó e gravata, ele fez, ao seu modo, uma profissão de fé na candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. "Tenho muito orgulho dela", afirmou. "Essa mulher não é um poste, vai se eleger outra vez".
CURTAS
SANGRIA– Apesar das fortes chuvas nas cabeceiras do rio Pajeú ao longo desta semana – só em Brejinho caiu 154 mm – a barragem de Brotas, em Afogados da Ingazeira, não ganhou volume de água suficiente para transbordar como aguardava ansiosamente a população sertaneja. Mesmo o acumulado já garante o fim do colapso de água em Afogados e Tabira.
EM AFOGADOS- O governador João Lyra Neto cumpre, hoje, depois de dois meses no poder, a primeira agenda de campanha com o candidato do PSB, Paulo Câmara. Estarão juntos na abertura oficial dos festejos juninos em Caruaru em ato promovido pelo prefeito José Queiroz.
Perguntar não ofende: Se Dilma não é um poste, é o que então?