Luiz Mendes

Luiz Mendes

Deixa que eu chuto

Perfil: Graduado em Jornalismo pela Faculdade Maurício de Nassau. Começou a carreira trabalhando em rádio e atualmente é editor de esportes do LeiaJá

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Depois de um mês

Luiz Mendes, | sex, 08/08/2014 - 09:58
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Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Eu estive lá. Vi de perto a história. Nunca consegui explicar direito aos que me perguntam como foi ver ao vivo o maior desastre do futebol brasileiro. A pancada foi grande. Demorei algum tempo para organizar as ideias, mas depois de exatos um mês da tragédia, conto nas linhas abaixo como foi a cobertura de um dos fatos mais interessantes da minha vida profissional.

Era a segunda vez que estava em Belo Horizonte durante a Copa. A primeira vez já não tinha sido muito tranquila. Onze dias depois, a vitória aos prantos e nos pênaltis contra o Chile ainda pairava no frio ar mineiro. Apesar de ter sido um triunfo, a memória pedia cautela. Não havia na cidade um entusiasmo de Copa do Mundo. O medo da torcida estava escondido em cada esquina de BH.

Reencontrei nos corredores do Mineirão um daqueles seis jornalistas escolhidos por Felipão para um conversa reservada. Com ele tive a minha única discussão mais áspera durante todo o Mundial. No mesmo estádio o comentei na porta de um banheiro que o treinador brasileiro era muito sortudo após a classificação na oitavas de final. Como uma mãe que defende um filho ele me garantiu que o que tínhamos acabado de ver era fruto da competência do técnico gaúcho, mesmo dependendo das defesas de Júlio César para passar de fase.

- Precisaremos de sorte ou competência amanhã contra os alemães? – brinquei ao sentar ao lado dele na coletiva de imprensa do técnico brasileiro, um dia antes do massacre.

- Guarde a sua sorte. Ganharemos na bola – respondeu aos risos.

Até agora não entendo o porquê, mas durante todo o mundial não conseguir me envolver emocionalmente com a seleção. Não lembro de ter gritado em um único gol do Brasil. Não era por conta da utópica imparcialidade jornalística, já que todos ali eram brasileiros e por mais queixas que tivessem em relação ao comando do futebol nacional, queriam ver a o time brasileiro campeão. Sinceramente a seleção não me empolgou.

Aquele 8 de julho de 2014 se mostrava não ser um dia comum. O questionado Fred era a maior esperança de todos os brasileiros. Ele iria desencantar e levar o time à final da Copa, segundo a maioria dos comentários nas redes sociais. 

Quatro horas antes de começar a partida um nervosismo, inédito até então, surgiu sem que eu percebesse. As mãos suavam, a boca secava e eu lembrava que tinha cravado em um bolão, semanas antes do início do mundial, que Brasil perderia na semifinal diante da excelente seleção alemã. Maldito palpite. 

Gol da Alemanha. Dá pra reverter. Mais um. Outro. Mais outro. E outro novamente. Acabou. A música Socorro, de Arnaldo Antunes, tocava sem parar na minha cabeça. Já não estava sentindo nada. Nem medo, nem vontade chorar ou de rir. Apaguei tudo que tinha escrito até então. O texto era outro. Tinha que narrar àquela epopeia.

Sete a um no placar e uma perplexidade em cada cadeira do estádio do mineiro. Desço os três lances de escadas da tribuna de imprensa para a Zona Mista junto com três repórteres alemãs. Quatro vozes mudas. A minha por motivos óbvios e a deles por um terrível constrangimento de rir dos brasileiros dentro da casa deles. 

Como esperado os jogadores demoraram quase uma hora para saírem dos vestiários. A maioria não tinha tristeza no olhar, mas raiva. Em certo momento fiquei em dúvida se a culpa tinha sido minha pela aquela acachapante derrota. Havia menos lágrimas naquele dia em comparação a vitória contra o Chile. 

Sabia que tinha vivenciado um dia histórico e traumático. Demorei pra entender o que tinha se passado naquele dia. Mesmo depois de um mês e escrevendo o que vi, parece ainda não ter sido verdade. Até porque, de lá pra cá, nada ainda mudou no futebol brasileiro.

3 dentro

- Sport. Assim como o Náutico, a diretoria acerta em manter os ídolos recentes dentro do clube. É bom para os jovens atletas terem como referência jogadores como Leonardo, que fizeram história no futebol pernambucano, trabalhando junto com eles. Todos ganham em ações como essas.

- Leonardo. Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-jogador e dirigente mostra que é um dos brasileiros que mais entendem a estrutura atual do futebol no mundo. Não à toa, em seu comando o Milan conseguiu títulos importantes e o PSG ressurgiu na Europa.

- Giba. O atleta anunciou aposentadoria na semana passada e deixa o esporte como o maior jogador da modalidade no Brasil em toda a história. Para se ter ideia do tamanho da importância e eficiência dele, Giba conquistou, pelo menos uma vez, todas as competições que disputou na carreira. 

 

 

 

3 fora

- Torcida Jovem do Sport. Beira ao absurdo a ação movida pelo grupo organizado contra o clube que eles dizem apoiar. Prontamente a diretoria do Sport veio a público garantir que cortou qualquer tipo de relação com os torcedores que já foram responsabilizados por cenas de violência e tumulto em estádios por todo o Brasil.

- CBF. A entidade que gere o futebol nacional divulgou esta semana o calendário para 2015. Ela se vangloriou por ter acabado com jogos no Brasil em datas Fifa, mas no dia posterior terá partidas normalmente, desfalcando da mesma forma os clubes.

- Santos. Só a história do jogador no clube justifica a contratação de Robinho. Afundado em dívidas e com o dinheiro da transferência de Neymar diluído há muito tempo, o alvinegro praiano aposta em um jogador que não passou de promessa por onde atuou fora da Baixada Santista.

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