Diego Rocha

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Cultura Nerd

Perfil: Publicitário de formação, mestre em Design, entusiasta da Estética. Professor universitário, fashion-geek, zen-gamer e aficcionado por séries de tv, quadrinhos e cinema de ficção.

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Viralização das emoções

Diego Rocha, | ter, 02/09/2014 - 14:06
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Vivemos num mundo onde as emoções humanas são cada vez mais escassas e a velocidade do cotidiano muitas vezes nos afasta do convívio das pessoas de quem gostamos. Desse jeito, objetos midiáticos muitas vezes se tornam de grande interesse, nos atingem profundamente... sejam demonstrações românticas, engraçadas, familiares, ou mesmo violentas, desde que sejam capazes de nos tirar de nossas frias existências.

É muito comum na publicidade fazer uso de vídeos com o intuito de que sejam compartilhados e com isso ganhem força junto ao público. O objetivo de ser compartilhado só pode ser atingido se o conteúdo desse material tocar os espectadores de alguma forma. Compartilhar algo significa assinar em baixo, dar o nosso aval sobre a sua qualidade ou o nosso desejo de que as outras pessoas o vejam. Compartilhar um vídeo é acima de tudo a nossa tentativa de compartilhar experiências em tempos de assepsia emocional.

Permitam-me apresentar (e estender) um exemplo não comercial de vídeo amplamente compartilhado meses atrás. A proposta desse vídeo era mostras 20 pessoas que nunca haviam se visto previamente e que se beijassem, dois a dois (formando 10 casais). Sem regras ou padrões, incluindo um casal gay e um casal de lésbicas, o resultado é capaz de tocar a todos nós por ser uma experiência pela qual todos passamos, de uma forma ou de outra: o primeiro beijo.

Depois desse vídeo original e da atenção que ele atraiu, muitas versões e paródias foram criadas. A minha versão inspirada favorita se trata de abraços. A proposta é que estranhos se abracem, mas há um detalhe: os abraços devem ser entre um homossexual e alguém declaradamente homofóbico. Homens e mulheres, jovens e idosos, a intenção do vídeo é dar um passo inicial contra a homofobia. O resultado é muito interessante e foi também muito compartilhado... eis o tal

E por fim, um que talvez não tenha o mesmo “mérito social engajado”, mas que cria uma atração estranha (pelo menos em mim) mostra completos estranhos sendo gravados no momento enquanto dão tapas uns nos outros. Como mencionei acima, o que causa interesse é que haja algum elemento humano que nos toque, e nesse caso é a violência que quebra nossa constância e nos humaniza:

Creio que o fascínio (pelo menos eu mim) seja por eu acreditar (e acredito mesmo) que sejam tapas reais, abraços reais e beijos reais de pessoas que realmente nunca se viram. Nas nossas vidas cotidianas essas expressões emocionais (beijos, abraços, tapas) estão mais presentes enquanto televisionados (ensaiados, falsos) do que ao nosso redor, o que é uma pena. Só para constar: somos contra a violência e não resolvemos as coisas na base do tapa. Pelo menos eu não!

A música de fundo suave e a colorização em preto e branco ajudam a criar um ambiente fora do real. É como se fosse um vídeo de história ou do Discovery Channel. O resultado é adorável! Puro deleite estético!!

E caso você esteja se perguntando quem é esse casal da foto lá em cima, trata-se de um soldado americano e uma enfermeira no desembarque das tropas "vitoriosas" da segunda guerra mundial. Conta-se que eles não se conheciam e que o beijo deles foi um arroubo da excitação do momento. Verdade ou lenda, esse é o registro que fez a cena ganhar notoriedade e essa foto se tornou uma imagem muito famosa, servindo de referência por gerações.

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