O Ipespe divulgou ontem a primeira pesquisa sobre a sucessão municipal no Recife, e os números corroboraram os de outros levantamentos feitos internamente para os partidos que esta coluna teve acesso. O atual prefeito Geraldo Julio (PSB), que busca a reeleição, aparece com 25% de intenções de voto, seguido pelo ex-deputado João Paulo (PT), que figura com 23%, em terceiro lugar surge o deputado Daniel Coelho (PSDB) com 13%, a deputada Priscila Krause pontua com 3% ficando em quarto lugar, e Silvio Costa Filho (PRB), Edilson Silva (PSOL) e Carlos Augusto Costa (PV) aparecem com 1% cada um.
Além da variável intenção de voto, é pertinente observar o quesito rejeição, neste caso o "líder" é o candidato do PSOL Edilson Silva, que ostenta 57% de rejeição, seguido por Priscila Krause (54%), Silvio Costa Filho (53%), Daniel Coelho (52%), Geraldo Julio e João Paulo (50%) e Carlos Augusto Costa (48%). Esse índice, que aparece elevado para todos os postulantes, mostra que há um descontentamento geral do recifense com a classe política, o que poderá configurar numa elevada abstenção na eleição.
A começar pelo prefeito Geraldo Julio, é importante frisar que sua candidatura tinha que estar com números mais robustos dada a exposição do detentor do cargo de prefeito, que é infinitamente superior à exposição dos demais postulantes. Porém isso não significa que o prefeito esteja inviabilizado eleitoralmente. Geraldo precisa rever a sua estratégia a fim de capitalizar os feitos da sua gestão. Os números comprovam que o eleitor recifense está insatisfeito com a gestão e naturalmente será preciso um forte poder de convencimento para que o eleitor vote pela continuidade num momento em que todo o Brasil anseia por mudanças. A quantidade de candidatos a vereador e o maior volume de campanha, características pertinentes de quem ocupa a prefeitura, poderão ampliar a liderança de Geraldo. Certamente o atual prefeito estará no segundo turno, mas suas chances de vitória passam principalmente pelo primeiro turno. Uma segunda etapa é uma nova eleição, e geralmente tende a pender para o adversário do prefeito, por isso quanto antes terminar a disputa melhor para o socialista.
O ex-deputado João Paulo figura em segundo lugar, mas essa posição se dá muito mais por recall do que propriamente por competitividade. João Paulo foi candidato a senador em 2014, em 2012 foi candidato a vice-prefeito, além disso foi prefeito do Recife por duas vezes saindo com elevada aprovação. Seus números, assim como os de Geraldo, são tímidos, sendo que diferentemente de Geraldo, que tem margem para crescer, os de João Paulo cheiram a teto. Além disso há um forte desgaste aos nomes do PT. Inexoravelmente esse desgaste respingará na candidatura de João Paulo e ele tende a desidratar ao longo da disputa, já que seus adversários tentarão desqualificar a sua postulação. A candidatura de João Paulo não é competitiva em números, nem em conteúdo, e muito menos em discurso.
O candidato do PSDB Daniel Coelho surge numa confortável terceira posição, mas com números também tímidos. Pois era ele a ser o beneficiário do desgaste da gestão de Geraldo Julio, já que em 2012 o tucano foi o adversário direto de Geraldo e por muito pouco não foi a um segundo turno. Daniel precisará de muito mais do que a boa campanha televisiva de 2012. Em 2016 não caberá improviso, ele vai ter que mostrar mais conteúdo se quiser ser uma verdadeira alternativa a Geraldo Julio e a João Paulo. Caso consiga, terá boas chances de repetir a façanha de 2012, porém com maior eficácia, já que o segundo turno este ano está muito mais plausível e o tucano poderá ser o finalista junto com Geraldo.
A deputada Priscila Krause, estreante em disputas majoritárias, surge com uma pontuação aceitável para quem nunca disputou um cargo executivo. Porém, pesa contra Priscila o desconhecimento do eleitor em relação a ela e principalmente o novo formato de campanha eleitoral, que será mais curta, bem como o pouco de tempo de televisão que ela terá para se apresentar. Ela deve crescer ao longo da campanha, mas é difícil que consiga suplantar João Paulo e Daniel para enfrentar Geraldo numa segunda etapa.
Silvio Costa Filho, por ser líder da oposição na Alepe e ser bom de discurso, poderia ser um nome competitivo caso a candidatura de João Paulo não fosse lançada. Com a construção do PT em torno de João Paulo, Silvio poderá crescer, mas dificilmente atingirá dois dígitos na eleição. Os demais candidatos surgem apenas para cumprir tabela, pois nenhum deles tem know how para se apresentar efetivamente como alternativa no Recife.
A eleição no Recife tende a ser uma das mais emocionantes dos últimos anos, pois não há nenhum nome completamente favorito, e dos quatro primeiros na disputa, nenhum está completamente inviabilizado. Além disso é importante frisar a ausência de Eduardo Campos, o desgaste do PT, e outras variáveis que não estavam presentes em disputas anteriores, que certamente influenciarão no resultado final.
PEN - O delegado estadual do PEN, vereador do Recife Davi Muniz e o secretário-geral da comissão executiva municipal do Recife Pedro Leão, estiveram no encontro do partido em Gravatá. O presidente da comissão municipal do PEN de Gravatá Arão Lins tem realizado um importante papel na política local, focado em fortalecer o projeto de Joaquim Neto, que buscará a voltar para a prefeitura em outubro.
Cachê - Que o cantor Wesley Safadão é um sucesso absoluto no Brasil ninguém pode negar, porém é preciso explicar muito bem a diferença do valor cobrado pelo "Safadão" para cantar em Caruaru e para Campina Grande, no mesmo dia. Em Campina Grande o artista mais estourado do Brasil cobrou R$ 195 mil, já em Caruaru ele pediu R$ 575 mil. O prefeito José Queiroz, na melhor das hipóteses, é um péssimo negociador, pois está pagando pelo mesmo produto uma diferença de quase trezentos mil reais.
Negociação - Pleito antigo dos governadores desde os tempos de Dilma Rousseff, o presidente Michel Temer decidiu alongar o prazo da dívida dos estados com a União em vinte anos, a suspensão das parcelas até dezembro de 2016 e um aumento gradual das parcelas de 5,5% ao mês a partir de janeiro de 2017 até junho de 2018. Com isso os governadores, dentre eles Paulo Câmara, terão maior fôlego de caixa para enfrentar a crise econômica que assola o Brasil.
Refutando - O presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ) mais uma vez refutou a hipótese de renunciar ao cargo de presidente. Cunha marcou para hoje um pronunciamento, quando falará da decisão do ministro Teori Zavascki de afasá-lo do mandato de deputado federal e da sua estratégia de defesa.
RÁPIDAS
Quebra - A Oi anunciou nesta segunda-feira que entrou com pedido de recuperação judicial no Rio de Janeiro, incluindo no processo um total de R$ 65,4 bilhões em dívidas. A Oi é a maior operadora em telefonia fixa do país e a quarta em telefonia móvel, com cerca de 70 milhões de clientes.
Sucessão - Apesar da negativa de Eduardo Cunha em renunciar, já foi deflagrado um movimento para saber quem será seu sucessor na presidência da Câmara. Cinco deputados são os mais cotados para um mandato-tampão até fevereiro de 2017, são eles: Aguinaldo Ribeiro (PP/PB), Rogério Rosso (PSD/DF), Giacobo (PR/PR), Beto Mansur (PRB/SP) e Osmar Serraglio (PMDB/PR).
Inocente quer saber - Temer conseguirá tomar as rédeas do país após a consumação do impeachment definitivo de Dilma?