Educação inclusiva

Inácio Feitosa, | qui, 17/11/2011 - 12:11
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Participamos de um Fórum que discutiu a questão da inclusão das diferenças nas instituições de ensino superior, com enfoque na Síndrome de Down. Lá, aprendemos com os portadores de Down e suas famílias o quanto é difícil fazer valer com plenitude o conceito de cidadania, principalmente na área educacional.

Cumpre-nos registrar que os primeiros estudos sobre a Trissomia 21 (cromossomo excedente ligado ao par 21) foram iniciados em 1958 pelo geneticista Jérôme Lejeune que deu os primeiros passos para o combate aos preconceitos existentes em desfavor dos “mogolian idiotis”, como eram (infelizmente) conhecidos os portadores da Trissomia. Mais adiante, o médico Jonh Longdon Down realizou a sua caracterização. Daí vem o nome Síndrome de Down, em sua homenagem.

Ainda é comum ouvirmos referências aos portadores da Síndrome de Down, tais como: “mongolismos”, “doentes”, e outras afirmações preconceituosas de uma sociedade ainda ignorante no assunto. Muitas famílias, pelo preconceito social a que todos nós somos vítimas e algozes, deixam seus filhos, parentes e amigos portadores da Trissomia em cárcere privado em seus próprios lares. A maior vergonha da Down está em nossas cabeças (não nos seus portadores). Eles, muitas vezes, têm nos ensinado as mais belas lições de vida, quebrando paradigmas e nos fazendo mudar a visão de mundo.

Orgulho-me em dizer que, antes de modismos novelescos, tivemos o prazer de conhecer Humberto Suassuna e seus pais Marcos e Cínthia que de forma afável nos comunicaram a aprovação do seu filho no vestibular para o curso de educação física da instituição de ensino à qual somos vinculados.

Assisti, naquele momento, a um rápido filme da história de uma família vitoriosa, que havia conseguido expressar seu maior orgulho: ter conseguido estimular Beto a chegar à universidade. Sendo ele o terceiro portador da síndrome a cursar o ensino superior no Brasil, em pleno século 21. Pasmem!

Nesse mundo conturbado  no qual cada um de nós é uma ilha. conhecemos o real significado de nossa existência: a luta por um ideal nobre.  

A verdade é que não estamos acostumados a conviver com as diferenças; somos pessoas com habilidades diferentes e esquecemos isso... Lembrei  um  depoimento de um deficiente visual amigo nosso, que,  de forma simples, ensinou-me uma grande lição de vida. Disse-me ele: “sabe qual a diferença minha que sou cego para você que enxerga? (...) É que nós não tivemos condições de sermos criados juntos. Não aprendemos a nos conhecer e a nos respeitar. Esse fato me fez refletir sobre essa verdade.

Sabemos que a realidade dos portadores de Down ainda é cinzenta; e o conhecimento da síndrome como um acidente genético, maior ainda. Os preconceitos ainda existem, pois somos ignorantes orgânicos. Nossa sociedade, para se proteger, rotula seus membros e os exclui do convívio social e do familiar, negando-lhes o conhecimento e as bancas acadêmicas.

Nós, os educadores, precisamos provocar e criar condições para debater o assunto ora tratado, sabendo que a temática -  mesmo  sendo antiga em relação à síndrome – é recente no ambiente educacional. Precisamos tentar, ousar, acreditar, romper as barreiras e quebrar os paradigmas educacionais existentes. Poderemos até errar na escolha da prática pedagógica mais adequada, mas nosso erro será a nossa melhor tentativa de acerto.

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