A Natureza do Gigante

Gustavo Krause, | qui, 26/05/2016 - 09:42
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Tudo no Brasil égrande. Nãoé figura da linguagem empolada do nosso hino. Quem  duvidava botou a viola no saco a partir do momento em que o processo de impeachment expôs nossas entranhas. Comecemos por dois grandes passivos e para concluir com um grande ativo que pode redesenhar o futuro do país.

O primeiro passivo éo estrondoso fracasso de modelo político chamado não sei lápor quêpresidencialismo de coalização. Este arranjo político se presta para tudo que não presta menos para viabilizar atão decantada governabilidade. Os números não mentem: de Collor a Dilma houve 132 pedidos de impeachment sendo que, em menos de 25 anos de governos democraticamente eleitos, dois foram apeados do poder. Das duas, uma: ou a lei (anos 50)éexageradamente permissiva ou o sistema éexageradamente vulnerável.

De outra parte, a coalização ou cooptação entre o Executivo e o Legislativo dependem, na prática, de 28 partidos “representados” no Congresso dentre 34 registrados no TSE, sendo que, dos 513 deputados, apenas 35 se elegeram sem utilizar as sobras do quociente eleitoral. Não tem mágica: o caminhoé buscar soluções com a mentalidade de quem criou os problemas.

O segundo passivo éuma economia em frangalhos: -3,9% do PIB; 10,9% de desemprego; 142 bilhões de déficit fiscal e 9,3% de inflação. O Estado quebrado e uma cultura política viciada em Estado. Difícil mudar.

Para mudar, reformar, éonde entra o nosso grande ativo: uma sociedade ativa, o clamor das ruas e o respeito ao funcionamento das instituições. No entanto, nada émais difícil do que reformar. Ensina Maquiavel: “Deve se considerar que não hánada mais difícil perigoso e de resultado mais incerto do que introduzir novas leis, porque o introdutor tem inimigos todos aqueles a quem aproveitam as antigas e como frouxos defensores quantos viriam a lucrar com as novas”. Traduzindo: reformar faz adversários àvista e aliados a prazo.

O prazo é curto. Para restaurar o valor da confiança entre representantes e representados, o Presidente Temer fez a opção pragmática por um governo congressual de resultados. A responsabilidade política de todos édo tamanho do Brasil. 

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