Que uma boa parte da população defende Luiz Inácio Silva da Lula das acusações que envolvem o seu nome chegando a estar em primeiro lugar nas pesquisas entre os favoritos para ser presidente do país, isso não se pode negar. No entanto, muito menor é o número dos que aderiram a uma iniciativa vista por muitos críticos como fanatismo: participar de vigília, ou seja, militantes que dormem em plena praça pública [ou outros locais] com o único objetivo de mostrar solidariedade ao ex-presidente.
Esse foi o caso de diversos grupos de movimentos, organizações populares, militantes em geral que se reuniram na Praça Tiradentes, no bairro do Recife, em frente ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), na terça-feira (23), em um ato público que contou com a presença de políticos e lideranças petistas. Apesar de um número bem menor, se comparado com outros estados, os que ali vão acampar querem mostrar que Lula “não está sozinho”. A vigília foi denominada “Eleição sem Lula é Golpe”.
Os manifestantes se viram de todo jeito. Em um espaço, umas poucas cabanas montadas para fazer vigília em ao ex-presidente. Em outro local da praça, grupos de jovens se reúnem para discutir o tema envolvendo Lula. Em outra área coberta, uma fila extensa é perceptível onde os presentes recebem pão e outros acompanhamentos para o jantar.
Em entrevista concedida ao LeiaJá, Pedro Henrique, secretário da Juventude do PT-PE, contou que o esforço vale a pena porque mostra a “resistência” da Frente Brasil Popular, da esquerda, e do próprio partido em relação ao processo contra Lula. “É um processo arbitrário e, por isso vamos ficar e daqui vamos continuar resistindo até segunda ordem. Vamos estar na praça mostrando o nosso apoio e a nossa resistência contra esse processo contra Lula, que merece a reação popular. É isso que estamos fazendo aqui".
O secretário garantiu que Lula é inocente. “Não há nenhuma prova contra ele, nem de que ele é proprietário do apartamento, nem de que ele usufruiu do apartamento, então ele é inocente. Só isso já nos dá ânimo para estarmos aqui defendendo a Constituição e defendendo alguém que é inocente e que está sendo condenado sem prova”, disse.
Uma noite de espera
A militante da Juventude do PT Raissa Rabelo salientou que a noite será de reflexão e de espera. Ela também disse não se importar com a chuva e com os contratempos de não estar em casa. “Nós temos barracas, lonas e bancos. Só da Juventude são cerca de 50 pessoas que aqui irão dormir, fora o pessoal do sindicato, dos movimentos de moradia e sem terra que vão ficar aqui para acompanhar todo o julgamento. Vale muito a pena porque não é só uma questão de Lula, é a questão da democracia porque todos os dias estão sendo retirados direitos nossos e a gente está se acostumando com isso, mas não podemos. Estamos cansados, a lei precisa ser respeitada”.
“Apesar de sabermos que a gente sabe de como anda o Judiciário brasileiro corrompido feito os outros poderes, mas estamos aqui no intuito de pressionar mesmo para que eles não levem na brincadeira não porque toda ação tem uma reação. Se quiserem legitimar o golpe que vem desde o impeachment fraudado do povo, a reação será o povo nas ruas”, avisou Raissa.
O diretor de Assistência Estudantil da União dos Estudantes de Pernambuco, Vinicius Soares Ferreira, também mobilizou pessoas para aderirem à vigília. “Para que possamos defender o presidente Lula porque está acontecendo uma perseguição contra Lula. O que está em curso é um golpe articulado com setores da política brasileira que são conservadores e comandados pelo capital estrangeiro, que não querem que Lula seja presidente porque Lula representa um projeto popular, um projeto de um país governado pelo povo e para o povo. Eles não querem que esse projeto seja concretizado nas urnas”.
Vinicius ressaltou que participam da vigília “várias forças políticas”, que se somam à luta em prol da democracia e para que Lula seja candidato. “Este momento serve para que fiquemos mais unidos já que amanhã vai acontecer o que a gente entende que é o momento mais crucial do ano, que é o julgamento, que vai decidir os caminhos para 2018. A ideia é que amanhã de manhã todos já estejam mobilizados aqui para poder acompanhar o julgamento e aí tirar as deliberações para como a gente vai reagir a partir da decisão desse julgamento. Claro que vale a pena não só por Lula, mas pelo que ele representa: um projeto de sociedade que todos nós defendemos”, contou.