Os grupos de construção franceses Vinci e Bouygues anunciaram nesta quarta-feira (13) a retirada "por precaução" de 80 funcionários da central nuclear ucraniana de Chernobyl, onde um teto e um muro desabaram parcialmente.
As duas empresas estão trabalhando na construção de um novo sarcófago para cobrir os vestígios do reator acidentado em 1986. Segundo a administração da central, um teto e um muro desabaram parcialmente a dezenas de metros do sarcófago que cobre a área do acidente, sem provocar vítimas ou um aumento da radioatividade.
"O nível de radioatividade na central de Chernobyl e na área ao redor continua o mesmo. Não há vítimas", declarou a central em um comunicado. "A superfície danificada é de cerca de 600 m2", segundo o texto.
Localizado a 150 metros deste prédio, o canteiro de obras do novo sarcófago foi imediatamente evacuado. Os 80 funcionários da Novarka, empresa ligada à Vinci e Bouygues, passam bem, declarou um porta-voz da companhia.
"A Novarka está aplicando todas as medidas de controle de contaminação da superfície. Neste momento está abaixo do limite", acrescentou.
Os demais funcionários da central continuam a trabalhar normalmente, indicou à AFP a porta-voz de Chernobyl, Maïa Roudenko.
"Estamos em um regime de trabalho regular. De acordo com a escala da Agência Internacional de Energia Atômica, este incidente não é qualificado como uma situação de emergência. Não há risco", acrescentou Rudenko.
O desabamento, devido ao acúmulo de neve no telhado, ocorreu a mais de 50 metros do sarcófago que cobre o reator danificado em 1986, indicou.
Não há obras neste local e os funcionários realizam apenas inspeções.
A parede de concreto e o telhado de metal foram construídos após o desastre de 1986 e não fazem parte do sarcófago, assegurou a agência de situações de emergência ucraniana em um comunicado.
A central nuclear iniciou uma investigação nesta quarta-feira.
O Greenpeace expressou preocupação. "Mesmo que o nível de radiação não tenha mudado, é um sinal preocupante", disse à Interfax Vladimir Churov, um diretor do Greenpeace na Rússia.
"Se há itens que se desintegram na sala das turbinas, pode ser um sinal de que o sarcófago construído em 1986 pode começar a entrar em colapso em breve", acrescentou.
Essa preocupação foi rejeitada pela central nuclear. "Realizamos entre 2004 e 2008 um grande projeto para estabilizar o sarcófago existente. Todos os elementos foram reforçados e estão estáveis, de acordo com as conclusões dos peritos", assegurou Rudenko.
Uma perita independente, Olga Kocharna, também tranquilizou ao afirmar que os materiais radioativos estão no sarcófago, que não foi afetado por este incidente, disse.
"Acredito que tudo será corrigido e não haverá impacto significativo", afirmou, citada pela Interfax.
A explosão em 1986 do reator número quatro da usina de Chernobyl, situada 100 km ao norte de Kiev, perto da fronteira da Rússia com a Bielorrússia, contaminou uma grande parte da Europa, especialmente Ucrânia, Rússia e Belarus, então repúblicas soviéticas.
O reator danificado foi coberto por um sarcófago de concreto, atualmente rachado. A Novarka está construindo uma nova tampa à prova d'água para reduzir o risco de vazamento radioativo. Ela deverá estar operacional em 2015.
O último dos quatro reatores de Chernobyl foi fechado em 2000.