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O prazo para o fim das restrições às atividades comerciais em Pernambuco encerra em 10 dias (23), mas as consequências da pandemia ainda são alarmantes. Com altos índices diários de contaminação e óbitos pelo vírus, a vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Bernadete Perez, fez duras críticas aos moldes dos decretos instituídos pelo Governo Paulo Câmara (PSB) e considera que o Estado sofre "um desastre humanitário".

A médica já havia alertado que 2021 seria a pior fase da Covid-19 e, mesmo assim, acredita que planos de flexibilização ainda não atendem à alta transmissão viral, que contaminou 431.613 pessoas e já abreviou a vida de 14.719 pernambucanos.

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"As medidas restritivas em Pernambuco desde o início têm sido incompletas e insuficientes, e atrasadas também. Quem tá no comando dessas medidas é o Mercado, é o poder econômico conservador, nesse sentido. É como se esses valores fossem maiores do que a própria defesa da vida", afirmou em entrevista ao LeiaJá.

Na sua visão, o primeiro plano de convivência chegou a ser flexibilizado antes dos próprios indicadores epidemiológicos apresentaram a possibilidade de reaberturas de serviços não essenciais. "Academias, rede comercial, shopping center, teve aquela polêmica das concessionárias, e agora no Dia das Mães tava tudo aberto. A média móvel ficou em alta por mais de uma semana. É o único estado em todo país, durante bastante tempo", destaca.

Apontar culpados não surte efeito para as soluções

O desrespeito às normas sanitárias de proteção se tornou comum entre os bairros da periferia da capital. No entanto, para Bernadete, a culpa não pode ser jogada apenas na população, que vem lutando contra a ameaça da pobreza e a desinformação. Enquanto Governo do Estado alega falta de comprometimento Governo Federal e acaba transferindo a culpabilidade, ele também assume uma postura de conformidade ao instituir medidas que se afrouxam pela falta de fiscalização.

"Entre a intenção e o gesto tem um abismo imenso. Porque o gesto concreto tem sido dizer que a culpa toda é da população que não faz a proteção individual e coletiva com o uso de máscara. Na desigualdade social que a gente tem, essa não pode ser a postura de nenhuma autoridade sanitária", avalia.

Sem medida restritiva adequada, sem vigilância epidemiológica capaz de garantir o isolamento, o controle e a ampla capacidade de testagem da população, além da insuficiência no atendimento na rede de Atenção Primária e a lentidão das vacinas, Bernadete enxerga a situação com bastante gravidade e não projeta esperança para um futuro sem que haja ajustes nas determinações do Governo.

Outras doenças potencializam os impactos da pandemia

"A gente continua com um patamar elevadíssimo, ontem foram cerca de 80 mortes em 24h. A transmissão viral é altíssima, a gente tem 2 mil pessoas internadas em UTI com a forma grave da doença. O que é um dado assustador. E a gente não tem medidas de alerta à altura da gravidade do quadro sanitário epidemiológico que a gente tá vivendo", reforça a vice-presidente da Abrasco.

Sem perspectivas favoráveis ao passo que o cenário só piora, ainda assim, ela acredita na mudança, desde que seja feita o quanto antes. Uma conduta mais precisa e, sobretudo, ágil, dever ser tomada pois os reflexos da Covid-19 se somam à incidência de arborivoroses, como a dengue e a zika, e apontam para uma situação muito mais letal e assustadora, com prejuízo incalculável.

O projeto Atende em Casa, que foi implementado pelo Governo de Pernambuco em parceria com a Prefeitura do Recife, foi premiado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). A ferramenta recebeu o Prêmio Hésio Cordeiro - Menção Honrosa, na categoria Alternativas de Implementação no 4º Congresso de Política, Planejamento e Gestão da Saúde da Abrasco.

A ferramenta online foi lançada em 26 março de 2020, no início da pandemia da Covid-19 em Pernambuco, para orientar os usuários com sintomas gripais. Dos 1.251 trabalhos submetidos, 30 foram contemplados com a condecoração da comissão científica, em 3 eixos propostos pela iniciativa.

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Nestes mais de 365 dias de funcionamento, a ferramenta já conta com mais de 206,7 mil usuários cadastrados. Mais de 30 mil pessoas foram orientadas a procurar uma unidade de saúde mais próxima da sua residência e mais de 72 mil a permanecer em isolamento domiciliar. Também foram realizados, até o momento, mais de 7 mil teleacolhimentos (apoio emocional).  

A premiação aconteceu no encerramento do Congresso, na última sexta-feira (26). A cerimônia virtual foi conduzida pelo coordenador do Grupo de Trabalho (GT) de Avaliação da Abrasco e professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Oswaldo Tanaka. 

O especialista destacou que os trabalhos passaram por análise da comissão científica do congresso, sendo a experiência da Secretaria de Saúde de Pernambuco selecionada como alternativa inovadora, com potencial de apontar formas alternativas para fortalecimento do Sistema Único de Saúde.

"O objetivo do serviço é oferecer acolhimento aos usuários nas suas experiências de adoecimento, por meio de teleorientação, telemonitoramento e teleacolhimento. Neste primeiro ano de funcionamento, já vemos resultados promissores, principalmente na questão do acesso, por parte da população, à informação adequada e ao cuidado em tempo oportuno", pontua a diretora Geral de Educação em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, Juliana Siqueira.

*Com informações da assessoria

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