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Em busca de um segundo mandato, o presidente norte-americano, Donald Trump, tem acelerado a aplicação de sanções econômicas, sua ferramenta favorita de política externa. Mas suas medidas de "máxima pressão" não têm dado o resultado esperado.

O governo Trump impôs na última quinta-feira (8) um amplo pacote de sanções aos bancos do Irã, com a intenção de aplicar um golpe definitivo na economia de seu adversário, e, nas últimas semanas, tem emitido ações quase diárias contra entidades em países como Belarus, Cuba, Nicarágua, Síria e Venezuela.

"As sanções têm sido, claramente, a ferramenta escolhida pelo governo Trump para responder aos regimes corruptos e a condutas ilícitas", disse Richard Goldberg, da Fundação para a Defesa das Democracias, um grupo de linha-dura. "Os governos anteriores usavam as sanções, mas sobre uma base mais estreita e seletiva, designando a entidades e indivíduos específicos, em vez de tentar criar mudanças macroeconômicas e desestabilizar os governos e forçar uma mudança de comportamento em larga escala", explicou.

Nenhum país tem sido mais afetado pelas sanções dos Estados Unidos do que o Irã. Em 2018, Trump saiu de um acordo de desnuclearização negociado pelo ex-presidente democrata Barack Obama, bloqueando todas as exportações de petróleo daquele país. Mesmo que negue que o objetivo fosse uma mudança no regime, o secretário de Estado, Mike Pompeo, fixou 12 condições para eliminar as sanções, que equivalem a uma transformação total da estratégia de segurança do Irã.

Mais de dois anos depois, o governo Trump assume o crédito pela devastação da economia do Irã, dizendo que seus aliados regionais - como o movimento xiita Hezbollah - têm sido privados de financiamento.

"No Irã, o regime dispõe de consideravelmente menos recursos para gastar em atividades maliciosas, o que, por si só, é uma vitória da segurança nacional dos Estados Unidos, e parece que o regime se verá obrigado a negociar em 2021 com quem vencer as eleições presidenciais", disse Goldberg.

Sem 'mudança real'

Mas os grupos militantes apoiados pelo regime iraniano têm intensificado suas atividades, o Irã tem tomado medidas para contornar as restrições impostas pelo acordo nuclear, e nenhum dos 12 objetivos declarados por Pompeu foi alcançado.

"Diriam 'enfraquecemos o Irã', o que é certo, mas não houve uma mudança real no comportamento iraniano", indicou Thomas Wright, especialista em política externa do centro de pesquisas Brookings Institution. "Não vimos o Irã aceitar uma negociação, muito menos negociar uma alternativa" ao acordo sobre seu programa nuclear, disse.

Brian O'Toole, que ajudou a implementar as sanções sob o governo Obama, disse que as últimas medidas contra o Irã eram mais políticas, incluindo dificultar que um futuro governo voltasse a interferir no acordo nuclear. "É provável que as repercussões reais destas sanções sejam marginais, e não ao nível do colapso do regime, como pregaram alguns de seus defensores", indicou O'Toole, que faz parte atualmente da organização Atlantic Council. "E não serão de muita utilidade para reduzir o mau comportamento iraniano."

- Maduro fica, mas Kim negocia -

O objetivo do governo Trump tem sido claro sobre a Venezuela: a destituição do líder esquerdista Nicolás Maduro, cuja reeleição em 2018 foi amplamente considerada uma fraude. Mas após mais de um ano e meio de esforços dos Estados Unidos, incluindo sanções ao petróleo venezuelano, Maduro segue no cargo, com o apoio de Rússia, China, Irã e Cuba.

Os resultados são mais complexos na Coreia do Norte, que foi atingida por importantes sanções respaldadas pela ONU depois de uma série de testes nucleares e de mísseis.

Especialistas veem a pressão econômica como uma das razões pelas quais o líder norte-coreano, Kim Jong Un, cedeu à diplomacia com Trump, com quem se reuniu em um encontro histórico em 2018 e mais duas vezes no ano passado.

A recusa de Trump - sob pressão de seus aliados - a flexibilizar as sanções à Coreia do Norte sem um acordo final afundou a cúpula de 2019 com Kim em Hanói.

Trump atribui a si próprio o mérito por aliviar a tensão bélica com a Coreia do Norte, mas o Estado autoritário tem prosseguido com seu desenvolvimento nuclear. Goldberg vê uma história de êxito nas sanções contra a Turquia, que libertou um pastor norte-americano preso depois de uma breve imposição por Trump de tarifas que abalaram a economia do aliado da Otan.

Mas o entusiasmo de Trump com as sanções tem colocado à prova sua relação com aliados do continente europeu que lutam para preservar o acordo nuclear iraniano. Os aliados europeus e outros expressaram insatisfação com as sanções, mas as acataram, já que os Estados Unidos estabeleceram sanções secundárias, ameaçando punir qualquer nação que faça negócios com o Irã.

"Os Estados Unidos estiveram por muito tempo muito interessados nas sanções, mas acredito que, agora, há um certo reconhecimento de que isto tem que fazer parte de uma estratégia mais ampla, e não ser uma estratégia por si só, o que é menos eficaz", indicou Wright. "Não acredito que Trump o veja desta forma, mas acho que há um reconhecimento crescente disto."

Tratado como um dos temas centrais da disputa eleitoral para a Prefeitura de São Paulo, a discussão acerca da velocidade máxima nas ruas e avenidas da cidade está longe de ser unanimidade. Antes de outras vias da capital, a medida foi implementada inicialmente pelo prefeito Fernando Haddad (PT-SP) nas Marginais do Tietê e do Pinheiros, em julho de 2015.

De acordo com levantamento feito pelo Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga), a queda de acidentes com morte na capital entre janeiro e agosto de 2016 foi de 16,7%, enquanto no resto do Estado a taxa foi de 5,5%.

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Na divulgação destes dados, Dirceu Rodrigues Alves Júnior, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Trânsito (Abramet), destacou as chances de óbito em colisões com diferentes velocidades. "Se o carro está a 32 km/h, o acidente é capaz de produzir morte em 5% dos casos. Se está a 45 km/h, já sobe para 48%. E se o veículo está a 64 km/h, vai produzir óbito em 85% dos casos", informou. "A velocidade é o primeiro fator de letalidade dos acidentes. A energia cinética de um carro em alta velocidade é muito maior."

Neste mês de outubro, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) divulgou que, entre julho de 2015 e junho de 2016, 31 acidentes fatais foram registrados nas Marginais, contra 64 nos 12 meses anteriores, uma redução de 51,6%. Nos últimos 12 meses, apenas um atropelamento ocorreu nas Marginais, diante de 24 no período anterior, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo.

Em março deste ano, a CET também informara que nos 12 meses de 2015, 992 mortes haviam acontecido no trânsito de São Paulo, representando diminuição de 20,6% em relação ao ano anterior, quando houveram 1.249 registros.

Outro lado

Candidato à reeleição, Haddad apresentava a causa como principal fator para a diminuição de mortes no trânsito. Por outro lado, a Secretaria de Segurança Pública da gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) alegou, em 2015, que a queda nos acidentes na capital se devia ao "aumento da fiscalização em ruas e rodovias estaduais". Outros especialistas ainda creditam essa redução de acidentes à crise econômica e à diminuição de viagens feitas na cidade.

Durante a campanha de 2016, o prefeito eleito João Doria (PSDB-SP) afirmou, em entrevista à Rádio Estadão, que a relação entre a queda nos acidentes e a diminuição da velocidade se tratava de uma "falácia". À ocasião, Doria ainda afirmou que aumentaria a velocidade nas Marginais do Tietê e do Pinheiros na primeira semana do seu mandato.

Trechos

Nesta semana, no entanto, em encontro com ciclistas, o político do PSDB voltou atrás, admitindo que pode manter alguns trechos das vias Marginais nos atuais limites. "Onde existir comprovadamente um fluxo grande de pedestres poderemos reestudar, sim, o limite de velocidade", declarou Doria.

Defensor de limites de velocidade maiores nestas vias, Paulo Bacaltchuck, professor da Universidade Mackenzie disse, também à reportagem, que "não deveria ter pedestre, ambulante e ciclista andando na Marginal, que é uma via expressa projetada para carros andarem a 100 km/h. Essas passagens devem ser construídas segregadas, em pontes ou passarelas". "As Marginais são a aorta, e a cidade tem de se movimentar", completou.

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