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Primeira Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) mandou nesta quarta-feira (26) a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo de volta para a penitenciária de Bangu. Mulher do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), Adriana estava em prisão domiciliar por ordem do Superior Tribunal de Justiça.

Adriana é acusada de envolvimento do esquema milionário de propinas atribuído a Sérgio Cabral.

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Os desembargadores Abel Gomes e Paulo Espírito Santo votaram na tarde de hoje a favor do retorno dela à prisão. O desembargador Ivan Athié ainda irá votar, mas a decisão já está tomada por maioria.

"O Estado deve assegurar o direito das mulheres de terem contato com os filhos e que o bem-estar das crianças deve ser garantido, mesmo estando a mãe em instituição prisional", disse em seu voto o relator Abel Gomes.

O julgamento ocorreu após questionamento apresentado pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre decisão do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. O magistrado concedeu a mudança no regime prisional em 17 de março.

A ex-primeira-dama foi presa em 6 de dezembro do ano passado.

Em março, a prisão preventiva de Adriana foi convertida em domiciliar pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, do Rio. A decisão de Bretas foi depois cassada pelo desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). Em seguida, o Superior Tribunal de Justiça cassou a decisão do desembargador e restabeleceu a ordem de Bretas.

Cristiano Zanin Martins, um dos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi uma das testemunhas apresentadas nessa quarta-feira (5) pela defesa da ex-primeira dama do Rio Adriana Ancelmo para depor ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Ela é acusada de integrar o esquema de corrupção que seria chefiado pelo marido, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Por videoconferência, Zanin assegurou ter trabalhado com o Ancelmo Advogados, escritório de Adriana, de 2015 a 2017.

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"Tivemos um cliente comum, a Fecomércio-RJ, entidade de grande porte e com destaque no Estado do Rio, que tem litígio de grande proporção com entidade correlata, o que envolve diversos processos", declarou Martins, em depoimento. "Tínhamos discussões sobre o exercício da advocacia. Participo desse grupo de advogados que defende esse cliente." Segundo ele, havia ações na Justiça estadual e na federal do Rio e recursos no Tribunal Regional Federal da 2ª Região e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Outro advogado, Marcelo Rossi Nobre, também foi convocado para depor em defesa da colega.

Um dos principais objetivos dos defensores é demonstrar que o Ancelmo Advogados não é um escritório de fachada. O Ministério Público Federal diz que, por meio da simulação de serviços prestados pela banca, era lavado dinheiro proveniente de corrupção. A defesa de Adriana Ancelmo nega irregularidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O último levantamento feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que, em 2014, havia 147,9 mil presos cumprindo prisão domiciliar no Brasil. O Código de Processo Penal regulamenta e estipula os critérios para que essa medida seja aplicada, mas não determina como a fiscalização de todas essas pessoas será feita.

A prisão domiciliar não deixa de ser uma privação de liberdade e consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo sair com autorização judicial. Além disso, o juiz pode impor algumas restrições de acordo com o caso, sejam as previstas em lei - como comparecer em juízo periodicamente, não frequentar determinados lugares ou ter contato com determinadas pessoas - ou outras que ele considerar necessárias.

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Garantir que essas determinações sejam cumpridas é outra história. "Da mesma forma que a gente não garante que um celular não vai entrar na prisão, não tem como garantir que essas regras se cumpram", diz Maíra Zapater, advogada especialista em Direito Penal.

O professor de Processo Penal do Instituto Paranaense de Ensino (IPE) e servidor público no Ministério Público Federal do Paraná, Neemias Moretti Prudente, afirma que o controle do cumprimento das regras fica, na prática, ao acaso, dependendo somente da pessoa que cumpre a decisão. "Não há pessoal nem estrutura suficientes para fiscalizar toda e qualquer prisão domiciliar", afirma.

Porém, algumas ações podem ser colocadas em prática, se assim o juiz determinar, como o uso de tornozeleira eletrônica, vigilância 24 horas por dia feita por agentes da Polícia Federal ou Militar, câmeras de vigilância ou escolta policial nos casos em que o preso pode sair para cumprir atividades permitidas pela Justiça, como estudar e trabalhar.

Restrições judiciais

Umas das medidas cautelares que podem ser adotadas pelo juiz é o comparecimento periódico em juízo. Maíra explica que, nesses casos, quem fiscaliza é o próprio juiz. Quando o acusado precisa ficar longe de vítimas ou testemunhas, o controle e aviso à Justiça da violação da regra são feitos pelas próprias pessoas.

Na recente decisão judicial de converter a prisão preventiva em domiciliar da ex-primeira dama do Rio Adriana Ancelmo, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, estabeleceu que ela não poderia sair de casa nem ter acesso a telefone e internet - bem como não receber visitas que portem celular ou outros dispositivos com acesso à internet. Ela só poderá receber advogados e parentes até 3º grau.

Segundo a advogada Fernanda Prates, não há uma disposição legal que coloque a proibição de acesso a telefone e internet como uma condição obrigatória para prisão domiciliar. "Normalmente, nas decisões, esse não é o tipo de condição que a gente vê, mas é possível a aplicação, e o juiz entendeu cabível nesse caso concreto", diz.

Davi Tangerino, professor de Direito Penal da FGV Direito SP, considera o caso da ex-primeira dama uma "excepcionalidade". "A Justiça Federal ou a PF terão de montar um esquema específico para acompanhar o regime dela, porque não bastaria o monitoramento eletrônico, pois não se trata apenas de onde ela tem de estar e em que horário. É uma espécie de (regime) fechado domiciliar sem previsão legal específica, e o sistema de controle terá de ser único, personalizado para ela", diz.

O professor do IPE explica que as pessoas autorizadas ou não a entrar na casa de um preso domiciliar são descritas pelo juiz ao conceder a prisão. Em alguns casos, quem vai visitar a pessoa deve deixar celulares ou outros aparelhos proibidos na portaria do prédio.

Mas o especialista reforça a falta de monitoramento. "Em muitos casos não há fiscalização. Ela fica por conta única e exclusivamente do beneficiário, ou seja, ele cumpre se quiser", diz. Caso as regras não sejam cumpridas, a decisão pode ser revogada.

A Justiça Federal do Rio de Janeiro, por meio de assessoria, informou que Adriana não vai usar tornozeleira eletrônica. A Polícia Federal poderá fazer inspeções a qualquer dia e hora no apartamento da ex-primeira dama, no período das 6h às 18 h, sem comunicação prévia.

Os especialistas concordam que a prisão domiciliar não é uma determinação comum. "Acredito que a medida não é utilizada de forma mais ampla devido à falta de meios para fiscalizá-la. Isso sempre foi alvo de críticas", diz Prudente. Maíra afirma que é comum a defesa pedir o benefício, mas a decisão é menos concedida do que se espera.

Monitoramento eletrônico

O uso de monitoração eletrônica está previsto no artigo 319 do Código Penal, mas só é condição obrigatória se for determinada pelo juiz. Por isso, segundo o Ministério da Justiça, não são todos os presos domiciliares que utilizam o equipamento.

De acordo com um diagnóstico realizado pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com dados de fevereiro a julho de 2015, 18,2 mil pessoas eram monitoradas simultaneamente no Brasil.

O equipamento funciona com tecnologia GPS, que capta sinais via satélite para determinar a localização da pessoa e transmite informações por meio de sinal de celular. Tudo é enviado de forma criptografada a fim de evitar fraudes e criação de clones, explica Savio Bloomfield, presidente da Spacecom, empresa de monitoramento de sentenciados.

Uma central acompanha o preso diariamente, 24 horas por dia, e gera relatórios que ficam à disposição da Justiça por meio de um canal privado. Caso a tornozeleira seja rompida, o sinal GPS se perca, a pessoa saia de uma área de cobertura de celular ou qualquer regra seja quebrada, uma notificação é emitida na central e a Justiça é avisada imediatamente.

O mesmo vale para quando a bateria do aparelho não é recarregada, ação que deve ser feita pela pessoa que o possui. Todas as informações que eventualmente deixam de ser registradas em tempo real são armazenadas e descarregadas assim que o equipamento volta ao estado normal, ou seja, dentro da área de cobertura ou é recarregado.

A adoção do monitoramento eletrônico pela Justiça é feita por meio de uma licitação. A Spacecom atende 17 Estados brasileiros e monitora hoje mais de 21 mil pessoas no País. Bloomfield diz que esse número vem aumentando, pois, segundo ele, trata-se de uma alternativa à superlotação dos presídios.

"Isso traz benefício econômico para os Estados. Uma tornozeleira eletrônica custa, em média, R$ 250 por mês, cerca de 15% do que o governo gasta para manter uma pessoa aprisionada", diz. Atualmente, um preso no Brasil custa R$ 2,4 mil por mês, segundo a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia. Segundo Bloomfield, a medida também evita o contato do preso com facções criminosas e a desagregação familiar.

O apartamento da ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo, no Leblon, zona sul da capital, foi liberado pela Polícia Federal para recebê-la, na tarde desta terça-feira, 28. A mulher do ex-governador Sergio Cabral (PMDB) ainda se encontra no complexo penitenciário de Gericinó, na zona oeste, onde está presa desde dezembro, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária. Ela agora ficará em prisão domiciliar.

A vistoria da PF foi para procurar dispositivos de conexão com a internet, como computadores e tablets, e telefones, fixos e celulares, que são de uso proibido para ela, por determinação da Justiça. A inspeção durou cerca de uma hora.

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A chegada de Adriana ao prédio em que morava está sendo aguardada desde cedo. Nas redes sociais, chegaram a ser cogitados protestos e até um buzinaço na porta. A ideia das pessoas é se manifestar contra o esquema de corrupção no governo estadual em conluio com empreiteiras, que, segundo a Justiça Federal, foi liderada por ele entre os anos de 2007 a 2014. Nesta tarde, houve alguns protestos, isolados.

Acusada de corrupção, lavagem de dinheiro e pertencimento a organização criminosa, na qual tinha, conforme as investigações, papel de destaque, Adriana está presa preventivamente, numa cela individual de seis metros quadrados. A conversão em prisão domiciliar foi determinada primeiro pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, e depois pelo Superior Tribunal de Justiça.

O argumento foi que os dois filhos dela com Cabral, de 10 e 14 anos, não poderiam ser privados do convívio do pai e da mãe simultaneamente - Cabral foi preso em novembro, e também se encontra no complexo de Gericinó. Os dois meninos estão sendo cuidados desde a prisão da mãe pelo irmão mais velho, o deputado federal Marco Antônio Cabral (PMDB), filho de Sérgio Cabral com Susana Neves, sua primeira mulher. Os avós também lhes dão assistência.

Adriana não poderá: sair de casa (à exceção de emergências médicas, que devem ser comunicadas à Justiça), atuar no escritório de advocacia do qual é sócia, receber visitas que portem celular ou outros dispositivos com acesso à internet e de pessoas que não sejam de advogados ou parentes até 3º grau, além de mudar de endereço sem comunicar à Justiça. A PF poderá fazer inspeções a qualquer dia e hora, no período das 6 horas às 18 horas, sem comunicação prévia.

O desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), decidiu manter em prisão preventiva Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB). Na sexta-feira, 17, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, concedeu prisão domiciliar a ex-primeira-dama, que está presa desde dezembro, mas ela não chegou a ser liberada.

O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão do magistrado. Hoje, a defesa de Adriana informou a Bretas que o apartamento estaria pronto para recebê-la, atendendo as restrições impostas pelo juiz. O imóvel não poderia ter linha telefônica ou acesso à internet.

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Bretas aguardou o julgamento no TRF-2 antes de mandar uma inspeção da Polícia Federal no apartamento. A liberação de Adriana para a prisão domiciliar só ocorreria posteriormente.

A decisão do titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio foi baseada no fato do pai e mãe das duas crianças menores de idade - uma de 11 e outra de 14 anos - estarem presos. Cabral foi preso em novembro, durante a deflagração da Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato no Rio.

A mudança do regime estaria fundamentada no artigo 318 do Código de Processo Penal. Nele, é dito que o juiz poderia substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando réu for mulher com filho de até 12 anos.

A governanta da família do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), Sônia Ferreira Baptista, disse nesta sexta-feira, 17, que comandava 15 empregados domésticos do casal e recebia R$ 20 mil mensais, trabalhando em home office. Ela revelou que, durante algum tempo, foi remunerada pelo Senac-RJ, onde era lotada em um cargo comissionado, mas nunca trabalhou na função - era empregada do governador. As despesas mensais da família chegavam a R$ 150 mil. As declarações foram feitas em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.

Sônia contou também que em uma ocasião foi procurada por um dos operadores de Cabral, Carlos Miranda, para que ela abrisse uma empresa, na qual nunca trabalhou. O objetivo era camuflar a origem dos recursos que recebia.

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"Ele sugeriu que eu abrisse uma empresa para que eu tivesse a renda comprovada. Eu só emitia as notas fiscais", afirmou.

Sônia disse que uma de suas tarefas era cuidar das atividades e do pagamento dos cinco empregados do apartamento de Cabral no Leblon, na zona sul do Rio. Havia mais cinco de sua casa de veraneio, em Mangaratiba, e outros cinco trabalhavam na casa da ex-mulher do governador, Susana Neves, na Lagoa.

Ela também afirmou que tratava do dia-a-dia dos cinco filhos do ex-governador. Eram tarefas como tratar de matrículas no colégio, compra de material escolar, aulas de natação, intercâmbio com exterior, cuidar de consultas médicas e do pagamento do seguro dos quatro carros da família.

Segundo ela, mensalmente, a família gastava R$ 40 mil com o pagamento dos salários dos empregados. Sônia disse que Carlos Miranda lhe dava o dinheiro para os pagamentos.

Questionada pelo procurador Sérgio Pinel, disse que apenas uma vez recebeu dinheiro de outro operador de Cabral, Luiz Carlos Bezerra, mas que o valor foi "pequeno", em suas palavras, "de R$ 12 mil a R$ 15 mil".

A reportagem procurou o Senac-RJ, mas até o fim da tarde a instituição não se manifestara.

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, decidiu converter a prisão preventiva em domiciliar da ex-primeira do Rio Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB). Os dois estão presos no Complexo de Gericinó (Bangu), zona oeste do Rio. Adriana foi presa em dezembro, já Cabral em novembro.

O magistrado estabeleceu que Adriana não deverá ter acesso a internet nem telefone. Em sua decisão, considerou o fato do casal ter dois filhos, um de 11 e outro de 14 anos.

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Bretas negou a prisão domiciliar a Cabral. "A situação é completamente diferente. Quero reafirmar que a substituição não é por entender que não estão provadas as acusações é por questão personalíssima", afirmou.

A ex-primeira dama do Estado do Rio Adriana Ancelmo está sozinha numa cela da Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, um das unidades do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste da capital fluminense. Ela está em uma galeria para presas com nível superior.

A ala tem nove celas e 18 vagas, mas só há sete mulheres no local. A cela de seis metros quadrados tem um beliche de alvenaria, chuveiro, pia e sanitário no chão.

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De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Adriana Ancelmo "passa bem e se alimenta normalmente". No café da manhã desta quarta-feira, 7, recebeu pão com manteiga e café com leite. A Seap não informou o cardápio do almoço. Diariamente são servidos arroz ou macarrão, feijão, farinha, carne branca ou vermelha, legumes e refresco.

Adriana Ancelmo tem direito a banhos diários de sol e poderá receber visitas assim que sua família se cadastrar na Seap. O documento leva cerca de quinze dias para ficar pronto. Antes desse prazo, os parentes podem requerer visita extraordinária à presa. Até o momento, Adriana não recebeu visitas.

Após ter a prisão preventiva decretada na tarde desta terça-feira, 6, Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho, se apresentou com seus advogados à 7ª Vara Federal Criminal, localizada na avenida Venezuela, no centro do Rio. Mais cedo, agentes da Polícia Federal foram às ruas cumprir a determinação do juiz Marcelo da Costa Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal.

Os policiais foram ao apartamento do ex-governador, no Leblon, zona sul do Rio. Além da prisão, cumpriram busca e apreensão de joias, pedras preciosas, objetos de arte e dinheiro em espécie com valor igual ou superior a R$ 30 mil ou US$ 10 mil que não tenha prova de sua origem.

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Também foram rastreados documentos, mídias e outras provas relacionadas aos crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e documental e organização criminosa.

O juiz aceitou hoje denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Cabral, sua mulher e mais 11 pessoas por integrarem suposto esquema que envolvia pagamento de propinas para realização de obras públicas no Rio e ocultação dos valores. O esquema é investigado na Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato. Cabral e outros denunciados já estão presos desde o último dia 17 de novembro.

A força-tarefa da Operação Lava Jato, no Rio, apontou no pedido de prisão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) que o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, ex-primeira-dama fluminense, teve um "crescimento vertiginoso".

A ascensão da sra. Cabral, segundo a Procuradoria da República se deu durante os dois mandatos do marido, entre 2007 e 2014. A banca Ancelmo Advogados recebeu R$ 35.830.356,84 milhões de dez empresas.

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Sérgio Cabral foi preso na Operação Calicute e na Operação Descobridor, desdobramentos da Lava Jato, nesta quinta-feira, 17. Contra o ex-governador foram expedidos dois mandados de prisão - um pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, e outro pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Adriana foi conduzida coercitivamente - quando o investigado é levado a depor e liberado. No documento do Ministério Público Federal, a força-tarefa dos procuradores da República descrevem a "atuação da esposa de Sérgio Cabral, a advogada Adriana Ancelmo, a despertar ao menos suspeitas da prática de atos de ocultação de proveitos decorrentes da atividade criminosa do ex-governador".

"O escritório de advocacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo teve um crescimento vertiginoso durante os dois mandatos de seu marido Sérgio Cabral", afirma a força-tarefa. Segundo a Procuradoria, "alguns pagamentos ao seu escritório chamam atenção" por envolverem empresas suspeitas de lavar dinheiro para a organização criminosa, empresas concessionárias de serviços públicos e outras empresas que, "em razão das circunstâncias dos pagamentos ou do envolvimento em escândalos de corrupção anteriores, demandam aprofundamento das investigações".

Na lista de suspeitas em operações de lavagem de dinheiro estão a Reginaves, que pagou R$ 1.133.200,00 ao escritório Ancelmo Advogados, e o Hotel Portobello, que desembolsou R$ 844.650,00.

Nesta relação, a Procuradoria cita Carlos Bezerra e Carlos Miranda, supostos operadores de propina de Sérgio Cabral.

"Tais empresas também contratam empresas de membros da organização criminosa possivelmente utilizadas para lavagem de dinheiro, como a LRG de Carlos Miranda, a CSMB de Carlos Bezerra e a SCF de Sérgio Cabral", afirma a força-tarefa.

No rol de empresas concessionárias de serviços públicos, a Procuradoria relacionou os seguintes pagamentos ao Ancelmo Advogados: R$ 1.950.790,96 pagos pelo Metrô Rio, R$ 865.653,53 desembolsados pela CEG; R$ 10.563.724,23 pagos pela OI/Telemar e R$ 3.598.825,28 pagos pela Light.

"É de se notar que tais empresas eram concessionárias de serviços públicos para o Governo do Estado do Rio de Janeiro durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral", destaca o Ministério Público Federal.

De acordo com a força-tarefa, na lista de empresas que, em razão das circunstâncias dos pagamentos ou do envolvimento em escândalos de corrupção anteriores, demandam aprofundamento das investigações, estão o Banco Schahin, que pagou a Ancelmo Advogados R$ 726.565,64, a EBX Holding, R$ 1 milhão; a Braskem, R$ 2.121.763,94 e a Fecomercio-Rio, R$ 13.025.183,26.

"É de se notar que as circunstâncias de alguns pagamentos causam espécie como, por exemplo, um único pagamento pontual no valor de R$ 1 milhão feito em 4 de janeiro de 2013, pela EBX Holding, que possuía negócios no Estado do Rio de Janeiro que dependiam de licenças e autorizações do poder público fluminense. Também nesse grupo está o Banco Schahin e a Braskem, controlada pela Odebrecht, todas envolvidas nas investigações da Operação Lava Jato", relata a Calicute.

Para a Procuradoria, "chama a atenção o assombroso volume de recursos que a Fecomércio - Federação das Indústrias do Comércio do Rio de Janeiro passou a desembolsar para o escritório de Adriana Ancelmo, principalmente em 2015 e 2016".

"Os valores pagos exclusivamente pela Fecomércio são superiores a soma de todos os clientes do escritório nos anos anteriores, sabendo que existe pedido de investigação do Ministério Público de Contas junto ao Tribunal de Contas da União, envolvendo a Fecomércio e a contratação de escritórios de advocacia", destaca a força-tarefa.

Defesas

Consultado, o Ancelmo Escritório de Advocacia disse que "a reportagem foi informada nesta quinta-feira, 17" e que "se pronunciaria sobre as investigações da Operação Lava Jato, somente na sexta-feira, 18.

O MetrôRio disse que o "escritório Coelho & Ancelmo não trabalha para a empresa desde 2014. Este escritório era um dos 35, de diferentes áreas de especialização, contratados dentro dos parâmetros de preços utilizados no mercado para processos cíveis e trabalhistas".

A OI disse que não iria comentar.

"Contratos de prestação de serviços advocatícios são protegidos por sigilo profissional, mas é fato público que o escritório defende a Fecomércio desde 2015 (portanto, após o mandato do ex-governador) em processos que revelam perseguição da Confederação Nacional do Comércio desde que Orlando Diniz se colocou como oposição à direção que há 40 anos comanda a CNC".

"É importante ressaltar ainda que a entidade não é uma concessionária de serviços públicos e sim uma instituição privada".

A Light também se manifestou: "O Escritório Ancelmo Advogados presta serviço para a Light na área trabalhista. Por mês, ele recebe R$ 35,29 por processo, o que equivale a um valor mensal de R$ 34.584,00. Este é o modelo de contratação padrão aplicado aos demais escritórios que prestam serviço à Light na área trabalhista. Não há, portanto, nenhuma distinção ou favorecimento ao escritório Ancelmo. Além disso, a Light é uma empresa privada, cuja concessão é federal e, não, estadual. Em relação à política de relacionamento com seus fornecedores, vale ressaltar que a Light é uma empresa que pratica o que está no seu código de ética, segue padrões rígidos de 'compliance' e, portanto, não admite qualquer forma de corrupção".

"A Ceg esclarece que mantém contratos com mais de 25 escritórios de advocacia e que o escritório Ancelmo Advogados presta serviços à empresa há cerca de dois anos. A atuação do escritório se restringe exclusivamente à gestão de causas de consumidores em ações do Juizado de Pequenas Causas, questões trabalhistas e recuperação de créditos junto a clientes privados".

Por meio de sua Assessoria de Imprensa, o Banco Schahin informou: "O Banco Schahin foi vendido ao BMG há mais de 5 anos, e nos registros remanescentes não foram encontrados pagamentos para esse escritório."

A Braskem, por fim, disse que não ira comentar o caso.

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