Até chegar às torneiras das casas para ser utilizada pela população, a água percorre um caminho não tão simples assim. Das nascentes dos rios que alimentam barragens, o elemento fundamental para a vida humana passa por vários processos de purificação. A reportagem do Portal LeiaJá visitou a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Sistema Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, para mostrar como funciona o controle do precioso bem natural.
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##RECOMENDA##Concluído em novembro de 2011, Pirapama tem a capacidade de produzir 5.130 litros de água por segundo, sendo o maior sistema de abastecimento de água de Pernambuco (em funcionamento através da bacia do Rio Pirapama). O manancial sofre a primeira intervenção na Barragem Pirapama; de lá, a água é encaminhada à Torre de Chegada, na Estação de Tratamento. Nesta primeira etapa, a água, em seu estado bruto, é intensamente bombeada, a fim de iniciar os procedimentos de eliminação de resíduos.
Primeira intervenção química
De acordo com o engenheiro responsável pela coordenação da produção em Pirapama, Euris de Oliveira, o primeiro produto inserido na água é o sulfato de alumínio. “O sulfato é coagulante, serve como uma espécie de cola para aglutinar as impurezas e facilitar na separação”. Após a homogeneização do componente químico, a água segue para os quatro tanques decantadores instalados na ETA.
O procedimento tem o objetivo de unir mais ainda as partículas até a formação de flocos. A técnica empurra o lodo para o fundo dos decantadores, logo no início do tanque; à medida que segue o curso, a água vai se tornando cada vez mais limpa, até alcançar as canaletas de coleta. E quanto ao lixo formado no fundo dos tanques? “Há um removedor de lodo que varre, automaticamente, todo o decantador e escorre as impurezas numa canaleta lateral”, explica Euris de Oliveira.
Polimento final
Na sequência, a água é afluída para 16 filtros compostos por uma camada de areia e outra de seixo; a areia retém a sujeira ainda persistente. “Todos os filtros são lavados pelo menos uma vez por dia. Daqui, a água segue recebe, por fim, o cloro e segue para o reservatório”, afirma o coordenador de produção. Segundo Euris, o reservatório já libera a água diretamente para as adutoras que vão abastecer – no caso de Pirapama – o Cabo, parte do Recife e bairros de Jaboatão dos Guararapes.
“À noite, quando o consumo de água é menor, o nível do reservatório fica alto. De dia, quando a população utiliza mais água, o nível diminui, ou seja, o reservatório fica nessa variação, funcionando como um pulmão”, ilustra Oliveira. Atualmente, segundo o engenheiro, o nível da Barragem Pirapama está em torno de 80%, situação indiscutivelmente mais tranquila que a de 2013, quando o nível decaiu para 13%.
Sobre a poluição do rio, Euris afirma que o crescimento do polo industrial no Cabo contribui para mais lixo no manancial. “O Governo do Estado não tem uma política rígida de controle, não vejo muita evolução na preservação do rio”. Apesar de todo o trabalho de assepsia, parcela da água se mantém imprópria para uso e é despejada numa lagoa de descarte. Quando atinge a cota máxima de resíduos, o local é seco e o material formado é recolhido para algum aterro sanitário.
Riscos e novas ações
Com os famosos boatos sobre o rompimento da Barragem de Tapacurá, a reportagem questionou a Euris de Oliveira se há, de fato, a possibilidade de uma tragédia desta proporção. “É praticamente impossível. Só se acontecer uma enchente extraordinária, um dilúvio que ultrapasse todas as previsões”. De qualquer forma, para controlar os imprevistos possíveis e de menor gravidade, há uma sala específica onde técnicos fazem o controle remoto das operações da Estação.
Já sobre a possibilidade de fluoretação da água, projeto em vias de ser posto em prática na Região Metropolitana do Recife, o engenheiro afirma que ainda estão sendo definidas as empresas fornecedoras do produto. “Aqui já tem um reservatório para o flúor, mas em outras estações isso ainda precisa ser adquirido”. Regulamentada em lei, a fluoretação consiste no enriquecimento da água com o elemento químico no intuito de reduzir indicies de cárie na população dos municípios contemplados.
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