O jornalista Ângelo Castelo Branco, com quem trabalhei no início da minha carreira na Secretaria de Imprensa do Governo de Pernambuco anos 80, e que hoje comenta sobre os fatos políticos da atualidade no meu programa Frente a Frente, lança logo mais, às 19h30m, na Academia Pernambucana de Letras, uma importante contribuição para a nova geração compreender a trajetória de um homem público que viveu intensamente, emprestando a sua sabedoria e sua vocação conciliatória, os bastidores da cena nacional dos últimos 40 anos.
Não li ainda, mas “Marco Maciel, um artífice do entendimento”, a obra de Castelo, pela Editora Cepe, com prefácio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, certamente irá clarear a mente daqueles que pouco ou quase nada sabem dos relevantes serviços que este político, nascido e criado em berço pernambucano, prestou ao País, com destaque para sua terra natal, onde começou a brilhante carreira elegendo-se deputado estadual. Em pouco tempo, foi deputado federal, governador de Pernambuco, senador, ministro e vice-presidente da República nos dois mandatos de FHC.
No meu livro “Histórias de Repórter”, que lancei recentemente, conto alguns episódios que vivi de perto com Marco Maciel, de quem fui repórter da sua equipe que percorreu o País na disputa pela Presidência da República em eleição indireta pelo Colégio Eleitoral, saindo vitorioso o ex-presidente Tancredo Neves. Com isso, pude conhecer e testemunhar a forma diferenciada dele de fazer política com elevado espírito público, sem baixar o nível no confronto com seus adversários, defendendo ideias, princípios e projetos para o País.
Diferentemente de boa parte dos políticos que hoje se emporcam na lavagem da corrupção, Marco Maciel sai de cena limpo e honrado. A sua única ferida, que o tempo não cicatriza e que os que não comungam do seu pensamento e dele divergem no campo político, é ter dado apoio ao fechamento do Congresso, alinhando-se ao regime militar e dele sendo beneficiário quando nomeado governador biônico de Pernambuco pelo ex-presidente Geisel, o artífice do lento e progressivo ciclo da abertura política no País.
Mas isso em nada prejudicou sua trajetória. Muito pelo contrário. Sua passagem pelo Palácio do Campo das Princesas, sem um único escândalo nem desvio ético, revelou ao País um homem que fez da vida pública verdadeiro sacerdócio, trabalhando, incansavelmente, 24 horas por dia, acordando auxiliares pela madrugada para cobrar demandas e delegar tarefas. Fez uma obra gigante, do litoral ao sertão. Seu Governo entrou para a história como um “marco de Pernambuco”.
Com exceção da última disputa para o Senado, Marco Maciel nunca perdeu uma eleição. Mas a derrota o levou ao limbo, o entristeceu profundamente. Foi um golpe tão profundo que se encarregou, mais na frente, sem ele encontrar resistências, de retirá-lo da vida pública. A depressão, consequentemente, se encarregou de acometê-lo do mal de Alzheimer. Sem forças para superar tamanha adversidade, acabou não escrevendo sua própria biografia. Uma pena, porque ninguém viveu bastidores tão relevantes na história deste Pais, desde o regime de exceção até o desfecho do Governo FHC, quanto Maciel.
No livro em que narra particularidades do seu Governo que não vieram ao conhecimento do público, Fernando Henrique não esconde: não fosse a capacidade de articulação de Marco Maciel e sua incontestável vocação de bombeiro, não teria conseguido superar as maiores e conturbadas crises que explodiram e incendiaram seus dois mandatos. Marco veio ao mundo da política para reinar como engenheiro do consenso, o operário que construiu tijolo por tijolo Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que tem sido um dos representantes dos cabeças-pretas no Senado.
Regras indefinidas– O prazo para definição das regras eleitorais do pleito do ano que vem se se encerra no próximo sábado sem que o Congresso tenha aprovado um só item da reforma política. Na lista de temas descartados pelos deputados estão todas as propostas para alterar o atual sistema eleitoral, um dos principais pontos da reforma. Sem acordo entre os líderes partidários, foram rejeitados três novos modelos para a escolha de representantes do Legislativos: lista fechada, distritão e distrital misto. Durante o processo de negociação no plenário, uma quarta opção ainda foi cogitada pelos parlamentares, o chamado distritão com legenda, que levaria em conta, além do voto nominal, o voto na legenda. A fórmula favoreceria partidos menores, mas não passou. Quem, na verdade, vai acabar ditando como o jogo deve ser jogado será o TSE.
Ciúme de macho– O remanejamento do secretário Nilton Mota, da pasta de Agricultura para a Casa Civil, gerou uma ciumeira sem precedentes na base governista, principalmente entre os deputados da bancada do PSB. Jeitoso e com trânsito fácil na Assembleia, Mota certamente dará uma atenção especial aos mais recalcados para que não venha colher tempestades logo no início da missão a ele delegada pelo governador Paulo Câmara. Os roedores de unha são notáveis socialistas barbudos que já tiveram poder de mando no Governo.
CURTAS
SEGURANÇA– Preocupado em encontrar saídas para reduzir a violência, o governador Paulo Câmara, ao lado do secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, comanda a solenidade de abertura dos cursos de Formação Profissional da Polícia Civil e Polícia Científica, hoje, às 9h, no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções. Desde a semana passada, os 1,5 mil policiais contratados estão reforçando a segurança da população nas ruas.
RÁDIO WEB– O radialista e blogueiro Valdemir Cintra, ex-vereador de Belo Jardim, no Agreste Setentrional, depois do sucesso do seu programa na rádio Farol, em Taquaritinga do Norte, já está com sua rádio web a Voz do Povo, com uma ampla, diversificada e interessante programação no endereço www.avozdopovobj.com.br
Perguntar não ofende: Por que o furacão Lava Jato não impede que Lula continue liderando as pesquisas?