Tópicos | apoiadores incondicionais

Ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno afirmou que nunca foi "um bolsominion" e talvez seja por isso que teve um desgaste mais intenso na relação com o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Bebianno, considerado essencial na ascensão do ex-deputado federal ao maior cargo Executivo do país, foi demitido do cargo que ocupava no governo 48 dias após a posse, depois de ser chamado de "mentiroso" nas redes sociais pelo filho do presidente, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC).

"Foi uma traição, sem razão e mesquinha", resumiu Bebianno sobre o episódio, em entrevista ao jornal Valor Econômico. O ex-ministro quebrou o silêncio desde então e, na conversa, contou das suas pretensões eleitorais para 2020 - é cotado como forte candidato a prefeito do Rio de Janeiro e já disse que quer concorrer ao cargo, fez críticas a conduta do presidente e, apesar de ter sido preterido após o esforço para eleger o presidente, disse acreditar em um bom governo: "a equipe é boa". 

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Na entrevista, o ex-ministro lembrou que conhecia bem Bolsonaro, eram tão íntimos que chegaram a “sentar de cueca para conversar na beira da cama” durante o périplo que fizeram pelo país durante a pré-campanha e a campanha do então candidato a presidente. Contudo, segundo Bebianno, "o problema é que hoje o Jair só tem lugar no coração para esses apoiadores incondicionais. Um presidente, como um pai, tem que ter lugar no coração para todos."

Na avaliação do ex-braço direito de Jair Bolsonaro, após a facada em setembro de 2018 o presidente ficou fragilizado e ainda mais sensível às críticas aos filhos, chegando a afirmar que ninguém o afastaria deles. Bebianno disse ele tinha a tendência de "confundir análises, observações, advertências, como coisas do inimigo, como confronto”.

Do episódio da facada, inclusive, Bebianno fez questão de lembrar que durante a campanha sempre antes de deixar o carro com Bolsonaro para algum evento, colocavam o colete de segurança no presidente, mas nesse dia "Carlos quis participar da passeata de Juiz de Fora, porque era perto do Rio. Podia ir e voltar de carro e quis entrar no carro do pai", não sobrando espaço para ele no veículo e o colete de segurança terminou ficando no porta malas.

O advogado chegou a pontuar também durante a entrevista que "depois da vitória, todo o trabalho, todo o afeto, toda lealdade foi apagada da memória do Jair". E lembrou que antes da demissão da  Secretaria-Geral fizeram ofertas de "um emprego em Itaipu, que daria R$ 1,4 milhão por ano, ou uma embaixada em Roma, que é espetacular. Mas depois de tudo que aconteceu, sem nada”.

Depois de dois meses de férias na Califórnia, Bebianno disse que voltou a morar no Rio e voltou a uma rotina que sentia falta. "Acordo às 6 da manhã, ando de bicicleta até a praia [mora na Fonte da Saudade, Lagoa], dou uma corridinha na areia ou nado no Posto Seis [Copacabana], depois vou fazer meu alongamento", disse. "Em Brasília não fui feliz um só dia. Todas as noites ia dormir angustiado", acrescentou.

Por fim, Bebianno disse que não guardava mágoas e ressaltou: “o que me atraiu no Jair foi que vi nele uma pessoa assim: íntegra, honesta."

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