Tópicos | Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem

Enquanto o Comitê Olímpico Internacional (COI), em conjunto com a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), intensifica a vigilância sobre o uso de substâncias proibidas no esporte, o Brasil enfrenta um momento de estagnação. Desde 20 de novembro de 2016, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) está impedida de atuar por ter sido declarada em não conformidade com o Código Mundial Antidoping. Apesar do anúncio do descredenciamento apenas três meses depois dos Jogos Olímpicos do Rio, o secretário Rogério Sampaio nega que a imagem do País esteja arranhada. A expectativa é de que até o fim do mês a situação esteja resolvida.

"Nós não temos prazo, mas nesse mês de março há uma reunião da Wada em Lausanne, na Suíça, e espero que até lá a gente esteja em conformidade. É extremamente importante que a gente possa fazer o controle de dopagem", afirma.

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Em 2017, a ABCD projeta a realização de 4.200 exames antidoping e promete um número crescente nos próximos anos. "A tendência é ter um aumento de testes conforme se aproximam os Jogos Olímpicos de 2020. À medida que são definidos os representantes, você vai aumentando o número de testes também fora de competição", diz Sampaio. Daqui quatro anos, a entidade prevê concretizar entre 5.500 e 6 mil exames de controle de dopagem.

Mas a realidade ainda está bem longe dessas estatísticas. Boa parte das confederações olímpicas tem aguardado a ABCD voltar a ficar em conformidade com o Código Mundial Antidoping. É o caso, por exemplo, da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). "O calendário da Confederação ainda não começou, logo, não existem exames em competições. A Fina realiza regularmente controles out of competition (fora de competição) nos atletas ranqueados entre os 50 melhores do mundo. O Brasil tem vários. Desta forma, os principais nadadores não estão descobertos", justifica, por meio de sua assessoria de imprensa.

A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) também aguarda o desfecho do processo de recredenciamento e reconhece que os últimos testes foram conduzidos pela ABCD, mas já pensa em um uma alternativa. "O Plano Anual de Controle de Dopagem da CBJ prevê que os primeiros testes em competição sejam feitos em maio. Caso não seja possível realizá-los em parceria com a ABCD, a CBJ se valerá do sistema utilizado até 2015: contratará empresa para realizar as coletas e enviar as amostras para laboratório credenciado pela Wada."

Durante o período em que a ABCD está inapta de atuar, as confederações podem contratar os serviços de uma empresa de coleta particular e requisitar às respectivas federações internacionais que exerçam a função de "autoridade de teste". Mas a dificuldade financeira seria o entrave para tal medida.

A decisão tomada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) foi criar, em janeiro, a Comissão Nacional Médica de Vôlei. "A CONMED trabalha em parceria com a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), responsável legal pelo controle de dopagem em todo o território nacional, e tem a expectativa de controle de dopagem em 80 eventos seus ainda no primeiro semestre, entre Superliga e circuitos de vôlei de praia."

Já a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) recorreu a um antigo parceiro. Criada em 2005, a Comissão Antidopagem da CBAt (Conad) vinha atuando apenas como um órgão consultivo desde que a ABCD assumiu o controle antidoping do País. Diante da lacuna aberta em novembro, a Conad - sob auspício da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) - retomou o trabalho. Até agora, foram realizados 50 exames - 28 brasileiros e 22 estrangeiros - e todas as amostras foram encaminhadas para testes no Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), no Rio.

"Nosso planejamento é fazer mais de 800 testes durante o ano, mas agora estamos atuando de forma limitada, até mesmo por questão orçamentária. A CBAt está fazendo o máximo que pode para o atletismo não ficar sem controle antidopagem", explica o presidente Thomaz Mattos de Paiva. E complementa: "Quando a ABCD voltar à carga, trabalharemos em sinergia para a melhora do controle".

Uma equipe da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) já está no Rio de Janeiro para avaliar a crise no laboratório na cidade que seria usado para a Olimpíada e que, na semana passada, foi suspenso pela entidade. Uma das propostas sobre a mesa é de que a Wada envie uma equipe internacional para substituir funcionários nacionais durante o evento.

Na última quarta-feira, o Ministério do Esporte decidiu trocar o comando da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) após a suspensão do laboratório brasileiro pela Wada. Marco Aurélio Klein, que estava no cargo desde 2014, foi tirado e para seu lugar foi escolhido o ex-judoca Rogério Sampaio. Ele pertence ao mesmo partido do ministro Leonardo Picciani, o PMDB, mas garantiu que a mudança não tem relação política.

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No início da semana, a Wada confirmou que uma missão seria enviada ao Rio, mas se recusou a dar datas. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo apurou, os técnicos já estão no Brasil e uma visita oficial será feita na próxima semana.

Uma das alternativas para salvar o local que custou R$ 188 milhões de recursos públicos seria a de trocar os funcionários nacionais por um grupo mais experiente de técnicos, importados de outros laboratórios e da Wada, com sede no Canadá. A entidade avalia se essa troca poderia ser feita a tempo e se ela representaria de fato uma mudança nos procedimentos usados no Brasil.

A Wada, porém, corre contra o relógio, já que faltando 35 dias para o início dos Jogos Olímpicos, poucos dentro da entidade se atrevem a dizer que a recuperação do credenciamento é algo ainda viável. Os problemas se acumulam dentro da entidade, com o dossiê dos atletas russos e quenianos ainda para ser solucionado e um informe sobre o papel do governo de Moscou que está programado para ser apresentado no dia 15 de julho.

A UFRJ, onde está localizado o LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem), negou que técnicos da Wada já estejam no laboratório brasileiro. Ela também avisou que o funcionamento não estará condicionado à supervisão de especialistas estrangeiros e que apenas receberá colaboradores. "A participação de colaboradores é um procedimento de praxe nos laboratórios de controle de dopagem durante as competições olímpicas e o laboratório conta com consultores de um dos mais importantes laboratórios do mundo", disse.

Nas quatro últimas edições das Olimpíadas, três países sedes conseguiram fazer um trabalho preventivo que culminou com que nenhum atleta da casa fosse pego no doping durante os Jogos. Tendo como exemplo os trabalhos da Austrália, da China e da Grã-Bretanha, começou a funcionar nesta segunda-feira, em Brasília, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).

A meta de não ter nenhuma atleta pego por doping nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio, em 2016, foi traçada pelo diretor executivo da ABCD, Marco Aurelio Klein. "A minha é que em 2016 nós não tenhamos nos Jogos do Rio nenhum caso de dopagem entre os atletas brasileiros. Isso é possível. Tenho a consciência de que temos muito trabalho pela frente. Austrália, China e Reino Unido fizeram isso", lembra ele.

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Klein, que era diretor de excelência esportiva e promoção de eventos do Ministério do Esporte, agora vai ser o responsável por gerir o órgão tem como principal função prevenir os casos de doping no País. "O nosso espírito na ABCD não é punitivo. O órgão nasce no Brasil voltado para a orientação e para a prevenção", explica.

Até o fim do mês, A ABCD realizará 100 exames de controle de dopagem, junto com o laboratório Ladetec, em atletas que recebem o benefício do programa Bolsa-Atleta do Ministério do Esporte.

Na visão de Klein, com a criação da ABCD, o doping terá um novo tratamento no País. "Agora, o combate ao doping é uma política de governo. É uma política para desenvolver um Programa Nacional de Controle de Dopagem dentro de um parâmetro que seja justo, que tenha os recursos exclusivos para que todos realizem os exames seguindo procedimentos iguais."

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