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Enquanto empresas decretavam falência em efeito dominó causado pela crise econômica agravada com a pandemia, o Grupo Record do bispo Edir Macedo aumentou o patrimônio líquido em R$ 3,2 bilhões e fechou 2020 com R$ 5,050 bilhões, mesmo lucrando apenas R$ 143,678 milhões. No ano anterior, o patrimônio era de R$ 1,826 bilhão. Conforme apuração do Notícias da TV, a emissora não esclareceu sobre o crescimento de 176,6% na pandemia.

No ano passado, a Record sentiu os efeitos da pandemia e perdeu parte dos recebimentos fixos com publicidade, que caíram de R$ 2,214 bilhões para R$ 2,077 bilhões. 

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Movimentação estranha

A diferença bilionária que multiplicou o patrimônio líquido do grupo aparece em duas linhas do balanço como "operações de intermediação financeira". Esse tipo de operação normalmente ocorre quando a empresa empresta dinheiro para outra, tanto do mesmo grupo ou de um banco para um cliente, por exemplo.

As duas operações foram lançadas no valor de R$ 1,051 bilhão como passivo circulante, referente às dívidas de curto prazo, e R$ 1,892 bilhão como passivo não circulante, das de longo prazo.

"É um valor muito alto em relação ao patrimônio da empresa", estranhou um dos diretores financeiros da Record, que pediu para não ser identificado. 

A assessoria do grupo informou que "todas as explicações necessárias foram publicadas". Entretanto, o balanço oficial não esclarece a origem dos R$ 3,2 bilhões. Questionada se os dados complementares estariam em outros documentos públicos, a emissora deixou de responder.

O banco de Edir Macedo

Após construir um império na comunicação a partir da Igreja Universal do Reino de Deus, em julho de 2020 - período da guinada da Record -, Edir Macedo adquiriu o banco Digimais, antigo banco Renner.

Ainda em 2013, ele aproveitou a residência fora do Brasil e comprou 49% da instituição como "sócio estrangeiro". De acordo com dados do Sistema IF.data do Banco Central, até março de 2021, o Digimais recebeu quase R$ 3,2 bilhões - exatos R$ 3.126.404.000 -, que coincidem com o montante de enriquecimento da Record.

No mesmo mês, o Digimais reportou R$ 1,57 bilhão de aplicações interfinanceiras de liquidez e mais R$ 1,69 bilhão de operações de crédito líquidas de provisão, o que reforça a tese sobre a origem do dinheiro à emissora.

O Digimais tem como base de negócio o financiamento de carros e possui patrimônio superior a R$ 4 bilhões. Caso emprestasse mais de R$ 3 bilhões para à emissora, colocaria cerca de 75% do seu patrimônio em um único empréstimo.

Procurado pela reportagem, o Banco Central respondeu que "não comenta assunto específico de uma instituição financeira”. Nem a Record, nem o Digimais comentaram sobre a movimentação.

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