Em sabatina realizada nesta quarta-feira no Grupo Estado, na série "Entrevistas Estadão", o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, admitiu, pela primeira vez, que se for eleito neste pleito cortará cerca de sete mil cargos comissionados. O tucano evitou entrar em detalhes sobre sua proposta de redução da máquina pública, como vem defendendo nesta campanha. Indagado sobre quais ministérios iria cortar, o tucano disse que está desenhando essa proposta com o ex-governador mineiro e candidato ao Senado pelo PSDB de Minas Gerais, Antonio Anastasia, um de seus principais colaboradores na formulação de seu programa de governo.
Aécio não entrou em detalhes com relação aos ministérios, mas criticou o loteamento de cargos que, segundo ele, toma conta da Esplanada dos Ministérios na gestão da presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, dizendo que até ele sabe colocar uma minhoca no anzol melhor do que o atual ministro dessa pasta (numa referência ao atual titular do Ministério da Pesca, o senador Eduardo Lopes, do PRB do Rio de Janeiro, que entrou no lugar de Marcelo Crivella, que disputa o governo fluminense). Contudo, com relação ao número de cargos comissionados, destacou que dos 22 mil postos existentes hoje no governo Dilma, "um terço é dispensável". Questionado se cortaria então cerca de 7 mil vagas, Aécio confirmou: "É alguma coisa em torno disso."
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E fez questão de ressaltar, mais uma vez, que o "desenho" desses cortes ainda está sendo feito. Ao falar do número de ministérios, voltou a dizer que acredita que o País pode ter "metade" dos atuais 39 ministérios. "Metade desse número de ministérios seria uma coisa razoável", afirmou. Para Aécio, não há como ser eficiente com um número tão alto de ministros. "Tem ministros que são chefes de ministros", disse. "Alguns só veem a Dilma nos debates, na TV. Não encontram no dia a dia. Não acho nem que seja má vontade dela, é que é humanamente impossível (lidar diariamente com tanto ministro)".
Petrobras
Ele criticou a condução da política econômica, a "criminosa omissão" na área da segurança pública e problemas em outros setores, incluindo as gestões de empresas como Petrobras e Eletrobras. Ao falar da proposta de reforma tributária, Aécio disse estar "convicto" que vencerá as eleições e implantará as reformas necessárias ao crescimento do País. "Este ano tivemos um aumento de 15% dos gastos correntes do governo", disse, ressaltando que tem o compromisso de simplificar a área tributária e vai reduzir os gastos do governo.
Maconha
Ele disse que respeita as opiniões do ex-presidente FHC sobre a descriminalização do uso da maconha, mas se disse contrário à proposta, afirmando que não acha que o Brasil deva ser cobaia neste sentido. "FHC pode falar o que ele quiser, mas sou contrário à proposta."
Na sabatina, Aécio defendeu a proposta do senador e seu candidato a vice, Aloysio Nunes Ferreira, de redução da maioridade penal. "A utilização do menor em crime virou uma verdadeira indústria", justificou, destacando que é preciso ser proativo nesse tema.
Mercosul
Sobre o Mercosul, o presidenciável tucano criticou o alinhamento estratégico promovido pelo governo petista. "O artigo mais valioso da política é o tempo", frisou, destacando que a atual gestão perdeu muito tempo e não fez acordos comerciais com parceiros estratégicos. "A incapacidade do atual governo de ter uma política externa pragmática nos trouxe enorme prejuízo."
No final da sabatina, disse que o PT teve acertos e citou dois principais: a manutenção dos pilares macroeconômicos e a ampliação dos programas sociais de transferência de renda. Nos elogios, dirigidos à gestão Lula, lembrou que essas conquistas foram iniciadas no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. O candidato voltou a dirigir críticas à gestão Dilma Rousseff, dizendo que o atual modelo está esgotado e é preciso mudar a condução do País.