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Quem acha que o circo só é feito de piruetas está muito enganado. O universo circense é construído, principalmente, com ideais e um diálogo pedagógico, que busca não só o aprendizado da técnica, mas também desenvolvimento criativo na construção da cidadania a partir dos saberes, necessidades e potencialidades.

A parceria entre a Rede Circo do Mundo Brasil, que ainda era uma articulação, e o Cirque du Soleil teve início em 1998 e no primeiro momento foi feito uma espécie de intercâmbio de aprendizado, buscando compartilhar técnicas e ideias. No segundo momento, o grupo focou na formação de educadores. Assim, a cada ano, o Brasil recebia educadores do Cirque du Soleil, que realizavam oficinas e palestras.

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Esse projeto faz parte do chamado Circo Social, que é a construção por meio da arte circense de um diálogo pedagógico no contexto da educação popular e numa perspectiva de promoção da cidadania e de transformação social. "No circo social, buscamos trabalhar o espírito de equipe, é como se aproveitássemos o potencial mágico circense de despertar o sonho, para possibilitar aos as, crianças, adolescentes e jovens, o desejo de mudança de sua condição social", afirmou a coordenadora da Escola Pernambucana de Circo, Fátima Pontes.

 Circo o Mundo 

É um programa criado pelo Cirque du Soleil que combina técnicas circenses junto com intervenção social educacional para ajudar os jovens. Esse projeto visa ajudar estes jovens obter a sua autoconfiança de volta, fazê-los perceber seus pontos fortes e descobrir seus talentos escondidos.

Núcleo de Formação da Rede Circo do Mundo-Brasil/RCM-BR

A Rede foi criada em meados de 1999 por organizações de todo o país, buscando união em torno do conceito e a metodologia do Circo Social. Atualmente, 18 instituições compõem a Rede ao longo do Brasil. “Vimos uma forma de compartilhar experiências e aprendizado. Quando o Soleil manda os seus formadores, cada federação tem o direito de enviar um educador para participar do workshop”, disse Fátima.

A principal articuladora entre a parceria do Cirque du Soleil e os circos brasileiros, Cleia Silveira, assessora do colegiado nacional da Rede, falou sobre os benefícios da parceria. “aprender práticas de uma cultura diferente já é bom, do circo mais bem sucedido do mundo, então, é maravilhoso”.

Escola Pernambucana de Circo (EPC)

A Escola Pernambucana de Circo é uma organização não governamental criada em 1996 para trabalhar oportunidades sócio-educativas com crianças, adolescentes e jovens a partir da arte-educação através da pedagogia do circo social, com o processo de ensino focado no lúdico, na criatividade, imaginação, auto-estima, a solidariedade, a autonomia e a afetividade.

Desde 2002, a EPC trabalha na comunidade da Macaxeira, mais especificamente no bairro do Buriti, subúrbio da zona norte do Recife. Com faixa etária dos 06 aos 29 anos, tendo como grupo artístico A Trupe Circus que é o projeto de inserção profissional de adolescentes e jovens através das artes, mais especificamente o circo. 

"Frequento o circo desde os 11 anos. Comecei como aluno, vi aqui uma oportunidade de crescer e após 4 anos, fui convidado para fazer parte da Trupe Circus. Hoje, com 19, sou educador. É muito importante esse outro olhar que o circo social nos traz, é muito completo, podemos enxergar e conviver com as diferenças", comentou Italo Feitosa, educador da EPC.  

Com 18 anos de história, a escola atua com 75 alunos diariamente, de segunda a sexta-feira e possui três projetos disciplinares, dentre eles a Trupe Circus, que se apresenta dia 3 de outubro no Festival de Circo Social de Toledo, como espetáculo Um dia de circo na praia - uma aventura inusitada. 

Perspectivas

Em março deste ano aconteceu na cidade de São Paulo, um evento de formação para educadores da Rede Circo do Mundo/Brasil em parceria com o Circo du Monde, através do programa de circo social do Cirque du Soleil. A ocasião contou com a presença de 16 educadores de 16 instituições da rede nas diversas cidades do país. 

Em paralelo, ocorreu o encontro de gestores da Rede com objetivo de decidir a organização dos quatro núcleos regionais dos centros de formação. A Escola Pernambucana de Circo foi a escolhida para ser responsável pela região Nordeste. Os núcleos vão começar funcionar em 2015. 

"A nossa previsão é de que os núcleos funcionem a partir de 2015, embora não esteja confirmado. Essa inicitiva visa propor que nós mesmo da Rede façamos as palestras, e que o Cirque du Soleil apenas preste uma consultoria ao projeto. Até porque tem educadores que participaram mais de 10 anos de palestras com o Soleil, e acabaram adquirindo uma boa bagagem para realizar os próprios workshops", contou Cleia.

Atualmente, diversas organizações, nas cinco regiões do Brasil, utilizam o conceito de Circo Social, servindo como malabarismo na realidade de milhares de crianças e jovens.

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