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O nível do Sistema Cantareira, o principal manancial de abastecimento da região metropolitana de São Paulo, ficou estável pelo terceiro dia consecutivo, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) divulgados nesta segunda-feira (15). Antes, o sistema havia registrado 19 altas seguidas. Outros três mananciais mantiveram o volume de água armazenada, e dois tiveram queda.

De acordo com a Sabesp, os reservatórios que compõem o Cantareira operam com 47,7% da capacidade, o mesmo índice do dia anterior. Esse porcentual, tradicionalmente divulgado pela companhia, considera a reserva profunda como se fosse volume útil do sistema.

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A última queda do nível do Cantareira foi no dia 22 de outubro, quando o volume de água represada desceu de 15,7% para 15,6%. O sistema já está há dois dias sem registrar chuvas. A precipitação em fevereiro tem sido abaixo do esperado e soma 65 mm nos 15 primeiros dias do mês - a média histórica de todo o mês é de 202,4 mm.

Segundo o índice que calcula a reserva profunda como volume negativo, o nível do manancial recuou 0,1 ponto porcentual e passou de -18,4% para -18,5%. Já pelo terceiro índice, o índice ficou estável em 36,9%.

Outros mananciais

Além do Cantareira, os Sistemas Alto Cotia, Rio Claro e Alto Tietê ficaram estáveis em 99,8%, 81,5% e 28,6%, respectivamente. Este último porcentual considera o volume morto adicionado no fim de 2014.

Atualmente responsável por abastecer o maior número de pessoas na região metropolitana (5,8 milhões), o Guarapiranga registrou queda de 0,3 ponto porcentual nesta segunda-feira e está com 80,6% da capacidade, contra 80,9% do domingo, 14.

Outro manancial que teve diminuição do volume de água armazenada foi o Rio Grande, que também variou 0,3 ponto porcentual e foi de 86,3% para 86%.

O verão que se aproxima terá de ser bastante chuvoso para que o Estado do Rio não entre no terceiro ano seguido de baixos níveis nos reservatórios e não sofra desabastecimento de água no período seco, a partir de abril. Dos quatro reservatórios que compõem a bacia do Rio Paraíba do Sul, principal fonte do Estado, dois quase chegaram ao volume morto.

Em média, estão com 5,94% do volume útil, conforme dados da Agência Nacional de Águas (ANA), enquanto no ano passado, que já havia sido difícil, o patamar era de 6,4%.

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Em cidades onde os rios não são regularizados, sem reservatórios para reter água - e que, por isso, dependem de chuva para não secar -, a situação já é crítica. Em Angra dos Reis, no litoral sul; Campos e Itaperuna, no norte fluminense; Três Rios, no médio Paraíba; na Baixada Fluminense, especialmente Duque de Caxias, Queimados, Magé e Paracambi, e em Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (todos na região metropolitana), os moradores já recorrem a caminhões-pipa.

Na turística Angra, a preocupação é com a alta temporada, quando a chegada de veranistas triplica o consumo de água. Há três semanas, a prefeitura publicou decreto, a vigorar por no mínimo quatro meses, que multa quem desperdiçar água. Quem lavar carro ou calçada é multado em R$ 440; quem retira água irregularmente da rede paga R$ 3.080. Regar plantas não é permitido. Pelo menos 20 pessoas já foram autuadas.

"No verão passado, a emergência hídrica foi decretada em janeiro. Dessa vez, foi mais cedo. Angra sempre teve índices pluviométricos altos, mas nossos reservatórios chegaram, em outubro, a 10% do volume útil. Tivemos de alternar o abastecimento dos bairros, mandar água um dia sim, três não", disse o presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da cidade, Marcos Mafort.

Saída

Vivendo a pior crise hídrica em oito décadas, o Estado entrará o período mais chuvoso com reservatórios baixos mais uma vez. Em 2016, caso as precipitações não sejam abundantes até março, os volumes nos meses de estiagem não serão suficientes para a demanda de populações e indústrias, avisa Paulo Carneiro, pesquisador do Laboratório de Hidrologia da Coppe, que agrega pós-graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O racionamento, então, seria a única saída.

"O período 2013/2014 foi difícil, o 2014/2015, também, e o 2015/2016 está pior, porque os níveis dos reservatórios não foram recompostos. O fenômeno El Niño está intenso e não se sabe como se comportará no Sudeste", disse o pesquisador.

Apesar dos prognósticos ruins, os governos estadual e federal sustentam que não faltará água nos Jogos Olímpicos, em agosto. Na terça-feira, 3, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que a construção de um tanque reserva com 2 bilhões de m³ está garantida. Entre as medidas do Estado para economizar água está a diminuição da vazão do reservatório de Santa Cecília, que abastece o Rio - era de 190 mil l/s em 2014, passou a 110 mil l/s neste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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