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Campeão da Copa Libertadores com o Cruzeiro em 1997, Paulo Autuori está de volta ao clube. O treinador, que estava no Atlético Nacional, da Colômbia, retorna ao Brasil novamente para assumir uma função executiva: a de diretor técnico do clube mineiro. Na Toca da Raposa, vai dividir a função com Andrés D'Alessandro. O anúncio foi feito nesta sexta-feira.

"Autuori será o responsável pela gestão e evolução da metodologia de futebol do Cruzeiro, com abrangência em todas as equipes das categorias de base, futebol feminino e o time profissional", disse o Cruzeiro em suas redes sociais.

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Paulo Autuori, que comandou o Cruzeiro em três passagens (1997, 1999-2000 e 2007), também negociava com o Coritiba, para assumir a mesma função. Ele chega para assumir o posto que então era de Paulo André, interinamente. Agora, o ex-zagueiro vai se dedicar exclusivamente às estratégias esportivas, tanto da equipe mineira como do time espanhol Valladolid, ambos de propriedade de Ronaldo Fenômeno.

Em coletiva de imprensa, Pedro Martins, diretor executivo do time celeste, explicou que o novo dirigente trará uma unificação da metodologia em todas as categorias de futebol no clube.

"Há uma necessidade de conseguir operacionalizar toda a estratégia esportiva", explicou Martins. "Uma figura como o Paulo Autuori vai ser fundamental para que a gente participe de maneira ativa de todas as rotinas de todas as equipes do Cruzeiro, elevando o nosso nível de maneira considerável."

Com um currículo respeitável como treinador, dentro e fora do Brasil, Autuori, entre 2021 e 2022 teve rápidas passagens nas áreas administrativas de clubes como Athletico-PR, Goiás e Internacional. Em julho, deixou o Atlético Nacional da Colômbia após alguns desentendimentos com a diretoria do time, visto que desde então conversava com o Coritiba. Mas as tratativas não foram concluídas e ele então acabou optando pelo Cruzeiro.

Há técnicos mais agitados, outros pensativos e alguns têm o comportamento explosivo. Os maestros à beira do gramado são parte cada vez mais importante da engrenagem do futebol. Além do posicionamento tático e da tentativa de aproveitar ao máximo as características técnicas dos atletas durante as partidas, o treinador também se torna responsável pela gestão diária de um grupo e, em diversas situações, torna-se o administrador de todas as crises, além de ser o responsável direto pelas conquistas dos comandados.

Na zona leste de São Paulo, o professor de Educação Física David Franco, 54 anos, é o comandante técnico da Escolinha de Futebol NG 10 Fujii, no bairro de Itaquera. Envolvido no esporte como profissão desde o início dos anos 1990, quando iniciou um projeto de futsal para crianças carentes, o treinador é, há pouco mais de duas décadas, quem auxilia nos primeiros toques na bola de novos adeptos do esporte na quadra society do NG 10. Segundo o Professor David, como é conhecido, a função que exerce é importante somada a outros fatores fundamentais para formar esportistas e cidadãos. "Sou mais um professor que passo para eles o que se aprende além da bola, como as regras, a socialização, o respeito, a diversão, e deixo claro que tem que conciliar o futebol com os estudos", diz ele, que tem especialização em futebol.

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Técnico e coordenador de esportes desde 1990, David Franco é responsável pela Escolinha de Futebol  NG 10 Fujii, no bairro de Itaquera | Foto: Arquivo Pessoal

A paixão do Professor David pelo esporte e o amor pela profissão tem uma fonte de inspiração conhecida do grande público. A maior referência do treinador é Telê Santana (1931-2006). Segundo ele, o técnico da seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1982 e 1986, e ídolo de grandes clubes brasileiros como Atlético-MG, Fluminense-RJ e São Paulo F. C., era diferenciado em todos os aspectos. "Ele sempre se preocupou com seus atletas em conseguir algo mais além do futebol e valorizar a família", enaltece o professor. Para ele, passar o conhecimento futebolístico a diferentes gerações é um dos principais combustíveis para seguir alimentando o sonho dele e dos jovens. "O que me motiva primeiro é o amor pelo que faço, outro motivo é ver vários alunos que são pais hoje, e dou aula para os filhos deles. É reconhecimento e gratidão", comenta o futebolista.

Bem Bolado: futebol de várzea e projeto social

O varzeano Bem Bolado, do bairro do Morro Doce, na zona oeste de São Paulo, tem como técnico o professor de Educação Física Wellington Freire, 39 anos. Adepto do futebol desde criança, o apelidado Tom ou Esquerdinha rodou pelo mundo da bola e, depois que concluiu os estudos, o treinador decidiu oferecer seus conhecimentos acadêmicos de bacharelado e pós-graduação no esporte de maneira gratuita em ações do clube em que sempre jogou. "Nesse time, os meninos me conhecem há um tempo e estou como treinador há quatro anos. Não recebo nada, tenho outro serviço fora dali. Lá, a gente faz mais para ajudar. Às vezes tem uma ajuda de custo, mas não é lucrativo na parte financeira. A gente está lá para incentivar a tirar as crianças da rua", explica Freire que, além de comandar o time que atua de forma amadora, mantém um projeto social esportivo para crianças e adolescentes da região.

No futebol desde criança, Welington Freire formou-se em Educação Física e hoje é técnico do Bem Bolado, time da várzea paulistana | Foto: Arquivo Pessoal

Embora alguns times amadores busquem iniciativas para estruturar os elencos, com uniformes e até premiação por jogo, segundo Freire, os problemas seguem sendo grandes no futebol amador. O treinador afirma que a maioria das agremiações não consegue oferecer nada aos boleiros, exceto água. "Trabalhar sem estrutura é totalmente diferente, e, às vezes, por falta de recurso, dá um aperto no coração porque tem jogador que não tem nem chuteira", lamenta o comandante técnico. "A minha maior alegria no mundo do futebol é fazer o jogador sorrir, mesmo sabendo que ele passa por dificuldades. Isso, dinheiro nenhum paga. Então peço a Deus muita saúde para poder ajudar muitos jogadores a realizarem seus sonhos", relata, emocionado.

Quer ser treinador?

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Treinadores de Futebol do Estado de São Paulo (Sintrefesp), Marcos Boccatto, o caminho para se tornar um técnico de futebol ficou um pouco mais complicado devido às exigências institucionais que estão presentes tanto na Legislação Brasileira quanto na Legislação Desportiva, imposta pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). "Qualquer cidadão pode tornar-se treinador desde que tenha o segundo grau completo, seja maior de dezoito anos e faça os cursos que estão estabelecidos pelo futebol no Brasil, indicados pelos sindicatos ou por outras entidades que podem oferecer as aulas", explica.

Segundo Boccato, as normas da Fifa passaram a ser mais duras e impuseram maior preparo aos futuros profissionais. "A Fifa criou as licenças Pró, A, B, C e a S (social). Ainda não estão sendo exigidas todas para a totalidade das categorias, mas para ser treinador das séries A e B, precisa ter no mínimo a licença A ou a Pró", detalha o vice-presidente do Sintrefesp.

Ainda de acordo com Boccatto, além do futebol profissional, as mudanças da legislação para técnicos também refletem no trabalho das categorias de base do esporte. "Para os treinadores da base, algumas federações já estão exigindo no mínimo a licença B", finaliza Boccatto.

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