Em seu programa "Café com Boulos", transmitido pelas redes sociais, o pré-candidato a presidente Guilherme Boulos (Psol) tocou em um assunto polêmico: o aborto. Ao ser questionado por um seguidor por que se candidatou a presidente em um país cristão, já que é a favor da legalização do aborto, o psolista foi direto: “Ninguém defende o aborto, ninguém é a favor do aborto. O que nós defendemos é o direito das mulheres fazerem o aborto, é uma coisa totalmente diferente”, esclareceu.
“A gente defende o direito das mulheres decidirem sobre os seus corpos. É isso que está em questão, porque o que está em jogo é um tema de saúde pública. Hoje, independente da opinião de cada um, muitas mulheres abortam, há dados que mostram que ao menos 8 milhões de mulheres já fizeram aborto no Brasil”, argumentou.
##RECOMENDA##O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) disse que o aborto não pode ser crime. “Como aborto é ilegal, não é feito pelo SUS, apenas em circunstâncias muito específicas, o que acontece hoje é que as mulheres abortam em condições precárias muitas vezes e morrem em média quatro mulheres por dia em decorrência de condições precárias. De complicações em abortos, isso precisa ser tratado como saúde pública que é”.
Ele definiu como “disparate” o fato de a bancada fundamentalista condenar o aborto mesmo em caso de estupro. “A gente sabe que a questão do aborto é uma questão que mexe com muitas crenças religiosas, que precisam ser sempre respeitadas. Esse debate precisa ser feito. Vamos dialogar com as crenças religiosas que as pessoas têm e com as resistências, mas não podem impedir de tratar o debate, que é essencial por isso defendemos a descriminalização. Aborto não pode ser crime, essa é uma questão essencial que está posta”.
Boulos também expôs que não tem tabu para falar sobre qualquer tema e ainda salientou que não abre mão de suas posições porque pode perder votos. “Foi isso que gerou o descrédito na política brasileira, as pessoas não falarem o que pensam”.